...meio dos jogos.

Videogames já tiveram o papel de um mero produto para ganhar
dinheiro, um entretenimento para o fim de semana e, mais recentemente
com a popularização dos indies, como um meio de transmitir uma mensagem.
Porém, agora os games dão um passo além e se tornam uma forma de
difundir a cultura de um povo.
Essa é a proposta de Never Alone (ou Kisima Innitchuna),
um jogo criado para levar os costumes, mitos e tradições da tribo
nativa do Alaska Iñupiaq para uma nova geração e espalha-las para outras
partes do mundo.
(Vídeo Gameplay)
“Queríamos explorar como videogames podem ser usados como uma nova
mídia para a narrativa tradicional que tem sido contada por centenas de
anos para passar conhecimento de uma geração para a outra entre os povos
nativos do Alaska”, diz Amy Fredeen ao Kotaku Brasil.
Ela faz parte da Cook Inlet Trial Council (CITC), uma organização das
tribos nativas do Alaska e que foi parte importante na criação de Never Alone,
servindo não só como financiador do jogo, como também consultoria para
que ele fosse o mais fiel possível com a cultura do povo Iñupiaq.
De acordo com Fredeen, mais de 40 membros da comunidade nativa do
Alaska participaram do processo de criação. Já o desenvolvimento do game
em si ficou a cargo da E-Line Media, uma produtora especializada em
jogos mais educacionais e tem, com Never Alone, o seu primeiro game comercial.
O presidente da E-Line Media, Alan Gershenfeld, fala que a
participação dos próprios anciões e membros da tribo Iñupiaq foi
essencial para o jogo. “O time trabalhou diretamente com Minnie Gray, o
ancião Iñupiaq de quem o pai foi o primeiro a contar a lenda (mostrada
no jogo), para assegurar que o tema chave, enredo e mensagens da
história estavam precisamente refletidos no game design”, fala
Gershenfeld.

Alguns dos membros da comunidade de nativos que participaram da criação do jogo
Never Alone representa a lenda de Kunuuksaayuka, uma das
mais importantes e lembradas histórias da tribo Iñupiaq. Um membro da
tribo sai de sua vila (no jogo representado pela garota Nuna) para saber
o motivo de uma nevasca e recebe a ajuda de uma raposa no caminho.
“Pessoas de todas as parte do mundo poderão se identificar com as
histórias, mesmo se não forem da culturas dele”, fala diz Amy Fredeen,
da CITC. “As histórias Iñupiaq são cheias de temas universais e valores
humanos como interdependência, sobrevivência e troca entre gerações”.
Para traduzir essa cultura dos nativos do Alaska para o mundo dos games, os desenvolvedores decidiram fazer de Never Alone
um jogo de plataforma com resolução de puzzles. “Nós queríamos fazer o
jogo em um gênero que seria instantaneamente familiar e confortável para
jogadores de todas as gerações”, fala Gershenfeld, da E-Line Media. “O
gênero (de plataforma) é aceito por pré-adolescentes que jogam Mario e jogadores indies que jogam Limbo”, argumenta.

Ele também fala que a característica linear dos jogos de plataforma
pesou para poder passar a lenda de Kunuuksaayuka para a narrativa dos
jogos.
O diferencial de Never Alone, porém, está na jogabilidade,
já que é possível controlar tanto a menina quando a raposa, alternando
com o apertar de um botão, assim como também é possível jogar
cooperativamente em dois jogadores. “O jogo é realmente divertido quando
dois jogadores, como Nuna e Fox, jogam e resolvem desafios juntos,
reforçando o tema de interdependência (da história dos Iñupiaq)”, diz o
presidente da publisher.
Jogos mundiais
Com Never Alone, a E-Line Media pretende criar um movimento chamado “World Games”
e quando pergunto ao presidente da produtora, Alan Gershenfeld, o que
seria isso, ele me responde com um pergunta: os jogos podem ser
aproveitados para compartilhar, celebrar e entender culturas mundiais em
um formato realmente engajador? “Nós acreditamos que a resposta é
‘sim’”, responde o próprio Gershenfeld.
Esclarecendo melhor, ele diz que World Games seria jogos baseados em
culturas nativas e indígenas não só no Alaska, mas em tudo mundo, que
poderia usufruir das caraterísticas dos videogames para ampliá-las para
uma nova audiência e mantê-las vivas.
Para a produtora E-Line Media e a organização CITC, é isso que faz de Never Alone um jogo importante. “O que é tão empolgante de ver é a maneira como videogames serão usados por meio do Never Alone para trazer essas histórias tradicionais a vida”, completa Amy Fredeen.
Mas será que tudo isso se traduziu em um jogo, por si só, bom e
divertido? Já testamos o jogo e em breve teremos um review. Enquanto
isso, Never Alone (ou Kisima Innitchuna, na língua Iñupiaq) já pode ser comprado pelas lojas digitais do PS4 e Xbox One, além do Steam.
Fonte: http://www.kotaku.com.br/never-alone/
@marcoslink
seu trabalho sobre a lenda de zelda é ótimo ( não ligue pra zuera que eu fiz sobre ''zerelda'')