Registro de finalizações: Syberia
Zerado dia 16/08/22
Conheci esse tal de Syberia há poucos anos, já no Switch. Volta e meia o segundo jogo, o 2, estava super barato em promoções malucas (cerca de R$4) mas inicialmente eu achava que se tratava de algo desconhecido e ruim, além do fato de que o primeiro título não ficava barato. Porém a série insistia em aparecer e parece que tem cada vez mais voltado à tona pois vejo posts sobre esses jogos em todo lugar! É fato que Syberia foi se enraizando na minha cabeça e mostrando que não era um jogo qualquer.
Bom, finalmente a chance veio e adquiri um bundle com o 1 e o 2 ou por 4 ou por 8 reais, não me lembro. Àquela altura eu já imaginava que não era um joguinho casual feliz, mas sim algo mais arrastado e série, que levaria tempo.
O howlongtobeat.com, como sempre, me deu maior vontade de conhecer a franquia pois essas aventuras durariam entre 7 e 9 horas. Ótimo!
Numa pesquisada maior descobri ainda que Syberia é um jogo do início dos anos 2000. Isso é excelente! Nem tão antigo e envelhecido como outros adventures nem moderno o bastante para ser dessa enxurrada de jogos indies que qualquer pessoa tem publicado. É um jogo com algum histórico e fama, respeitado pela galera que curte o gênero.
Descobri ainda que esses jogos foram lançados em diversas plataformas, desde o PC, PS3 e até mesmo DS. Espera aí! DS? Pois é, eu que achei que manjasse mais daquela plataforma que tudo nunca nem ouvi falar desse jogo por lá e até achei que pudesse ter sido um projeto cancelado, mas não. Ele realmente está lá. Vi uns vídeos para constatar.
Das duas, uma: ou eu ignorei completamente esse jogo pela capa e nome genérico achando se tratar de shoveware (na época tinha um bocadão) ou a crítica em cima do port foi tão negativa que o jogo ficou escondido na internet (pois eu pesquisava muito sobre os jogos da plataforma, inclusive por aqueles que eram desconhecidos).
Pois bem, iniciando a aventura, é tudo muito bem contado e o enredo me pegou fácil. Gostei da protagonista, Kate Walker, de cara! Ele inclusive tem uns trejeitos da Lara Croft clássica bacanas, com uma personalidade ainda mais interessante (mas em todos aquelas acrobacias).
O gameplay é bem típico dos adventures antigos e de cara me lembrou bastante Grim Fandango da forma como você tem personagens 3D em ambientes que são pré-renderizados e aquelas muitos ângulos de câmera (ou Resident Evil, se preferir). Infelizmente não havia a opção de controles de tanque e muitas vezes você está atravessando uma área segurando para cima, a câmera corta pro lado contrário e você volta para onde estava antes (os caras poderiam ter programado também para manter a linha reta independente do botão enquanto estivesse o segurando).
Percebi também de cara que o Jogo não tem opção Pt-BR nem pro áudio nem pros textos. Puts, bola fora demais levando em consideração que esse jogo parece ótimo para se iniciar no gênero.
Esse primeiro capítulo é relativamente simples, ou pelo menos durante a maior parte do tempo. Você conhece vários personagens e explora a cidade conforme abre novos caminhos com novos itens adquiridos. Como eu disse, a história é boa e a ambientação é tranquila. Fora que nada é muito complexo e muitos dos puzzles ou seus próximos passos chegam a ser óbvios as vezes.
Cheguei a travar algumas vezes, entretanto, por vacilo meu ou por sacanagem do próprio jogo. Exemplo de vacilo é logo no começo, que andamos por uma rua da cidade e os prédios ficam todos do lado esquerdo. Eu ignorei o lado direito completamente e no meu cérebro era apenas um muro, sendo que na verdade havia ali um portão necessário para prosseguir com a campanha mais tarde.
Já a parte da sacanagem do jogo é que ele mostra um ícone para interagir com as coisas quando você se aproxima delas. Uma vez andei por toda a sala e não havia mais nada e depois de muita exploração até me render à um detonado descobri que era para eu interagir com um cabide/porta-chapéu óbvio. Fui lá e descobri que dependendo do seu ângulo, mesmo colado com o cabide, a opção de interação não aparece.
Mas estava tudo muito interessante. Você elimina rapidamente os lugares e nunca mais volta lá, podendo focar apenas nas novidades. Também não há tanto backtracking e insistência com os mesmos NPCs. Há uma sensação boa de progresso com frequência.
Fora que as CGs no meio da aventura são demais!
E sabe aquelas sequências malucas e com lógica bizarra de jogos como Day of the Tentacle, Full Throttle e o próprio Grim Fandango? Se teve uma parte como essa eu não lembro. Bom demais!
É isso, passei o primeiro dia de jogo (acho que domingo) focado nessa primeira parte, e depois de muitos acontecimentos e progresso, fomos pro segundo mapa (eu nem imaginei que haveria mais depois da cidade inicial, mas também devo ter gastado pouco mais de 2 horas por lá).
O segundo "capítulo" foi onde a coisa desandou um pouco para mim. O mapa é bem extenso e os vários personagens falam demais. Demaaais! Cheguei a começar a pular falar ou ler por alto, mas isso só me atrapalhou e tiver que voltar e falar com o povo novamente.
Um problema que tenho com jogos nesse estilo é que nunca sei se já visitei todos os lugares possíveis. Na imagem acima, de uma universidade, a câmera muda e foca nos corredores, mas há muitas pilastras e não fica claro se há mais entradas nos lugares e acaba que passo muito tempo procurando por possibilidades que muitas vezes nem existem. Há ainda portas trancadas que nunca foram abertas na campanha. Bizarro.
A estação de trem, onde o seu se encontra estacionado, tem muitas rotas dentro e fora dela. Muitas terminam no mesmo lugar, outras vão para partes específicas. As vezes você acha que já viu tudo mas bizarramente encontra um lugar inédito horas depois.
Para piorar, Syberia sofre demais com paredes invisíveis. Por exemplo: você veio de um corredor que agora está na diagonal e caso você não se posicione bem no meio dele e ande bem na diagonal, o jogo trata como se houvesse uma parede! Muitas vezes tive dificuldades em voltar por rotas, sabendo que elas existiam, simplesmente porque você tem que se posicionar certinho. A maior parte das vezes não faz o menor sentido.
Também é muito importante conversar sobre todos os tópicos com as pessoas. Quando você interage com elas, abre-se uma folha de caderno com tudo o que você pode conversar. E caso você encontre um item importante, seu nome pode aparecer nesses tópicos.
É aí que o bicho pegou para mim novamente nesse segundo capítulo. Eu falei um monte de coisa com os reitores da universidade, depois com mais gente, depois achei um par de livros e assim por diante.
O que eu deveria ter feito para prosseguir com o jogo? Voltar nos reitores e falar sobre esses livros. Eu cheguei a voltar neles mas não conversei sobre os livros pois achei que já tivesse falado sobre eles (o jogo não marca as conversas que você já fez com cada pessoa).
Pois é, essa segunda parte é meio estranha, meio maçante, meio cansativa mesmo. Ainda tem um poucos dos defeitos chatos desse gênero de jogo. Meu amor por Syberia se esgotou um bocado e o detonado me salvou umas duas partes.
Eu já tinha visto que a aventura teria aí cerca de 5 capítulos e perder tanto tempo ainda no 2 me preocupou e me desmotivou.
O terceiro capítulo foi o mais fácil e linear. Ainda gastei um tempo e quebrei um pouco a cabeça/experimentei, mas foi bem divertido retomar o sentimento do início da aventura.
Para ser sincero, a partir daqui o jogo fica bem mais rápido e tranquilo. Os capítulos são curtos e os desafios tem menos possibilidades. Basicamente se eu gastei um dia de jogo no capítulo 1 e mais outro no 2, o terceiro dia foi todo o restante da campanha.
Porém não nego que tive que recorrer uma terceira vez para o detonado na hora de preparar um drink para uma mulher através de uma máquina bizarra. Mas aqui eu realmente já estava completamente sem paciência com o jogo pois sabia estar próximo do final e não queria gastar mais 1 hora num bagulho feio daquele.
Vi que muita gente tem dificuldades em algumas partes simples também e acredito que ao menos esses ports modernos possam ter facilitado as coisas pois há um menu de objetivos que indicam mais ou menos o que fazer, como "Ligue para a sua mãe" (geralmente é mais vago, mas pelo menos há algum direcionamento).
Resumindo: Syberia é um jogo muito gosto de se jogar. Um adventure com boa temática, ambientação, personagens e continuidade, sem todas as coisas bizarras que jogos como Grim Fandango apresentam. Aqui tive a sensação de estar jogando algo justo e bem estruturado 99% das vezes. Sem dúvida algo que eu recomendaria não só para fãs do gênero mas definitivamente uma boa porta de entrada para ele.
De bom: belos visuais sendo que o background convence ser 3D e não é pixelado e os personagens são bacanas, sem serrilhados e parecem ter saído de algo como Star Wars - Jedi Knight: Jedi Academy. Gosto dos cenários mais limitados e diretos. Bom enredo. Gosto de todos os personagens. Várias ajudinhas que são muito bem-vindas, como ícones indicando o que é possível interagir ao se aproximar e o próprio menu de "missões". Bom ritmo de jogo. Achei ótimo que dá para jogar com uma mão apenas (usando o analógico direito, que normalmente ficaria inútil, os botões normalmente e o ZR para correr).
De ruim: o capítulo 2. Tem um pouco dos males do gênero, como não saber se você já viu todas as possibilidades ou se ali é algo importante ou apenas cenário, muito disso por conta da câmera travada. Muitas paredes invisíveis vão te fazer andar e mover a personagem como louca para ter certeza absoluta que aquele caminho realmente não dá em nada. Muitas partes dependem que você aperte o botão quando o símbolo de interação aparecer, mas o símbolo não aparece (as vezes não aparece se você estiver muito próximo do objeto, o que chega a ser bizarro). Sem nenhuma opção de jogar em Pt-BR, sendo que sem linguagem não fica nada prático e talvez nem divertido.
No geral, gostei bastante e em breve devo começar o 2 visto que ele é um dos 13 últimos jogos que tenho para terminar no Switch antes do desbloqueio, mas adianto que as expectativas são boa pois ele é mais curto ainda e a série em si aprece ficar cada vez melhor. Jogo muito legal!
Syberia
Platform:
Nintendo Switch
3
Players
1
Check-in
Esse jogo e suas continuações ficaram gratuitas no PC no ano passado (ou começo deste ano)... Sempre me chamou a atenção, mas só até eu saber a qual gênero pertencia, aí o ignorei completamente.
Mas interessante saber que em Syberia não há puzzles esquizofrênicos para resolver.