Registro de finalizações: Pokémon Legends: Arceus
Zerado dia 20/11/22
Não imaginei que voltaria a jogar Pokémon tão cedo já que joguei Brilliant Diamond há cerca de um mês, mas não resisti ao hype de jogar Legends: Arceus por diversos fatores, como ter amigos o jogando ou que o terminaram recentemente, ele ter sido criado pelo time principal da Game Freak enquanto terceirizaram os remakes da quarta geração, Scarlet e Violet estarem sendo lançados e, principalmente, porque todo mundo dizia ser um bom jogo (e parecia mesmo).
Eu lembro que quando esse jogo foi anunciado eu não entendi bem do que se tratava. Parecia ser a tão esperada evolução da franquia, com mundo aberto e liberdade, mas não tinha nome de jogo da série principal. Os trailers ainda mostravam um gameplay que eu realmente não entendi como funcionava e vi muitos reclamando que estava feio, bugado, esquisito. Hummmm.
Depois de tantas gerações de Pokémon e ainda terem tantos apenas no Switch, eu tenho que dizer que estou um pouco cansado.
Bom, era um jogo de 20 e poucas horas e ainda deveria liberar um bom espaço no SD do Switch, então pareceu uma boa ideia.
Começando a campanha... Bem, eu achei um pouco estranho. A história começa com você chegando misteriosamente em uma ilha e sendo abordado pelo clássico Professor que todos esses jogos tem.
Aqui tudo estava parecendo incrivelmente amador, sei lá. O cenário é uma planície sem nada de interessante e o chão tem texturas feinhas. Os diálogos não me convenceram durante as cinemáticas e os personagens era tão robóticos...
Na verdade a sensação que eu tinha era de estar jogando no PC algo criado por fãs em alguma engine como a Unity.
Logo fomos para a cidade principal, que age como um hub que futuramente dará acesso às diversas áreas da campanha. Imagine algo como em Monster Hunter: você acessa as lojas, organiza as coisas e se prepara até aceitar uma missão e deixar o lugar. Essa cidade lembra o pouco que conheço das campanhas dos jogos do Naruto no PS2 sendo que você anda para todo lado, vê a vida acontecendo, aceita sidequests e, claro, tem toda a temática oriental (que o jogo todo tem).
Com os primeiros personagens principais devidamente apresentados e maior contexto, finalmente se iniciaram as primeiras missões na primeira área, que basicamente são campos verdes com algumas colinas e diversas árvores como na imagem acima.
Aqui dá para perceber a influência de Zelda: Breath of the Wild em Legends: Arceus, assim como todos queriam. Porém a Game Freak realmente ainda está tendo alguma dificuldade não apenas em criar cenários memoráveis e bonitos como em como encaixar as mecânicas de Pokémon nesse mundo aberto.
Além de BotW eu tenho que dizer que muitas vezes a impressão é de ter muito também de Xenoblade pois os cenários são mais limitados (como os de Chronicles 2) e há inimigos andando por todas as partes, sendo que alguns são bem fortes. Já na cidade a trilha sonora lembra demais a de Animal Crossing (sobretudo do New Leaf).
Enfim, esse mix de elementos de jogos bons parece ser uma boa ideia, porém é um pouco estranho também. Acho que fico tentando puxar muita da experiência dos Pokémons antigos, e aqui não é isso.
O gameplay é que realmente separa esse jogo dos demais da franquia. Eu inclusive reclamei de como é maçante a quantidade de batalhas em Brilliant Diamond e como eu cansei da fórmula clássica. Poxa, 80% do tempo de jogo é dentro de batalhas e chegou uma hora que ficou chato até tentar ir de uma cidade à outra.
Porém a fórmula clássica se focava bastante em fortalecer um time de monstrinhos para avançar na campanha e até possivelmente jogar contra outros jogadores.
A jogatina de Legends: Arceus se concentra muito em capturar pokémons. Você anda, segura o gatilho, mira de acordo com a sua distância e joga as bolas, torcendo para que ele fiquem dentro delas. E se houverem mais pokémons proximamente é possível sair jogando em todos sem esperar que o primeiro termine de ser capturado.
Se ele fugir, é possível insistir jogando outra bola. Pokémon capturado, o time inteiro ganha uma boa experiência e possivelmente ganha níveis com isso.
Mas também há batalhas. Na verdade quando você vê um pokémon, como um Bidoof, você pode lutar contra ele ou diretamente capturá-lo, o que te economiza um bom tempo.
Alguns pokémons ficam enfurecidos depois que você falha em os capturar ou mesmo apenas em te ver e é aqui que a batalha se torna praticamente obrigatória, sobretudo se você quiser os capturar visto que será impossível o fazer enquanto estiverem em estado de alerta.
Legends: Arceus inclusive tem um sistema de missões não obrigatórias para cada espécie de pokémon que vai te fazer capturar e lutar bastante. Basicamente quando você captura um Bidoof é mostrado um 1/1, mostrando que você fez o nível 1 da primeira missão. Em seguida você tem que ter capturado um total de 3, depois 5, 10, 15, 25 e é isso. Mas também missões de derrotar um número deles, de os pegar desprevenidos, de usar golpes de um certo tipo contra eles, de evoluir uma quantidade deles...
Essas missões são bem similares para todos os pokémons do jogo, o que te rende MUITA coisa para fazer. Já a motivação principal de as fazer é que você gera pontos para o seu clã da história, o que pode gerar mais níveis para ele e a campanha as vezes te obriga a ter um nível mínimo para continuar o jogo. Ou seja, volte às áreas, explore, capture e lute!
Você também tem que saber que na vida selvagem desse jogo, todos os pokémons selvagens querem te matar, o que é bem mais real do que anteriormente na franquia. E embora você não tenha uma barra de HP, você possui vida sim, que se esvai conforme a tela escure suas bordas ao estilo Call of Duty (inclusive se regenera com o tempo).
Pode ser bem fácil de morrer sobretudo contra pokémons especiais, que aqui basicamente são dois tipos (em tradução livre): os Alfas e os Nobres.
Os pokémons Alfas são versões poderosas e enormes que podem ser encontrados por todo o mapa e geralmente são evoluções intermediárias ou finais em áreas onde há muitos pokémons iniciais. Um exemplo disso é que no primeiro mapa há um lugar cheio de Paras e um único e chamativo Parasect grandão no meio de tudo, com olhos brilhando vermelho e doido para te pegar.
Iniciando uma batalha contra um pokémon desse você vai perceber que seus níveis são altos e que são difíceis de capturar, mas vale a pena fazer isso em algum momento (eu mesmo tinha 5 Alfas no meu time no fim da campanha pois eram monstrinhos que eu realmente queria mesmo que fossem normais: Empoleon, Gengar, Heracross, Garchomp e Luxray, o Typhlosion inicial era o único pequeno/normal).
Já os Nobres são apenas 5 na campanha e são como chefes que você enfrenta no final de cada área. Na verdade eles são o motivo de você estar naqueles lugares: tem esse pokémon problemático nesse lugar, vá até lá e o acalme. Agora há esse pokémon problemático nessa nova área, vá lá e repita.
Os Nobres são bem diferentes e agem mesmo como chefes. É você, humano, contra eles. As batalhas exigem que você lance um bocado de bálsamo em saquinhos neles, assim como você já joga tantas pokébolas na campanha enquanto escapa de seus golpes ao estilo Dark Souls (só que tranquilo). Em alguns momentos, como após golpes fortes deles, eles ficam tontos e é possível jogar um pokémon seu para batalhar e se você os derrotar, ele ficam vulneráveis a tomar muito mais dano do bálsamo por alguns segundos em seguida.
Infelizmente não é possível capturar os Nobres (mas é possível capturar lendários que moldam o tempo e espaço, vai entender), mas são batalhas bem legais e diferentes, além de focadas em criaturas bem diferentes, exclusivas dessa Sinnoh de vários séculos antes de Pearl e Diamond.
E falando em pokémons diferentões, aqui há um bom bocado mesmo entre a já conhecida Pokédex conhecida da quarta geração.
Para começar, todos os iniciais de Legends: Arceus tem formas diferentes no final da cadeia evolutiva, inclusive ganhando mais um tipo (como o Typhlosion que infelizmente agora é fantasma, além de fogo.
Você ainda vai ganhar pokémons de auxílio na exploração que ou são originais ou são forma exclusivas. Essas criaturas não são usadas em batalha e não ocupam espaço no seu time, como a evolução do Stantler que serve como um cavalo, a evolução do Ursaring que cava, a evolução do Baskulin que te leva pelos mares e assim por diante. Em resumo, são os veículos que agilizam bastante o seu jogo.
Resumindo: Pokémon Legends: Arceus começou estranho para mim mas, quando comecei a investir meu tempo nele, ele mostrou seu verdadeiro potencial e se tornou muito mais próximo do Pokémon de mundo aberto que sempre sonhamos. Muito da fórmula original foi deixado de lado, mas acho que por um bom motivo. Diria que Breath of the Wild também deixou muito da experiência de Zelda para trás e deu super certo mesmo assim. Então se você tem a mente aberta e quer um jogo focado no Single Player, eu diria que esse jogo se tornou a melhor experiência Pokémon desde a quarta geração no DS para mim, mas se parar para pensar, mesmo com seus defeitos, é o jogo mais interessante desde a segunda geração.
De bom: enredo que não é idiota. Bom nível de desafio. Bom nível de liberdade. Bastante replay mesmo após terminar a campanha. Sistema de dia e noite e diversos climas com pokémons exclusivos. Sidequests muito bacanas, coisa que raramente eu gosto em qualquer jogo.
De ruim: poderia ter mais capricho nos visuais (algumas texturas e pop-ins) e alguns detalhes até das cinemáticas são meio fake e quebram a imersão. O sistema de capturar, sobretudo pokémons que ficam bravos por qualquer motivo, deixam o jogo meio frustrante as vezes. Tive dificuldade de entender como algumas cosias funcionavam (como trocar pokémons do time na cidade, por exemplo). Inicialmente odiei ter que upar o clã para avançar a história, mas faz sentido sim. Algumas coisas não fazem sentido, como rochas quebráveis que qualquer pokémon pode quebrar. Achei que alguns pokémons ou ataques são mais fortes do que deveriam, mas devem ter mesmo deixado o jogo mais difícil que o normal. Gostaria que o jogo todo fosse um único mapa. Senti falta de pontos importantes, como formações rochosas, construções e coisas únicas para te ajudar a se localizar e se familiarizar com os lugares.
No geral, gostei demais do jogo, mesmo ele sendo imperfeito. Não só foi a melhor experiência com a série no Switch como poderia ignorar tudo relacionado do 3DS até antes dele. Fiquei bem tentado a ir além e fechar esse jogo 100% em muito mais horas e valeu a pena insistir depois das primeiras horas esquisitas. Duvido muito que a nova geração consiga melhorar o que fizeram aqui, mas vamos ver. Surpreendentemente, um jogão!
Pokémon Legends: Arceus
Platform:
Nintendo Switch
115
Players
61
Check-ins
Legal! Principalmente pra mim, que já não aguento mais a fórmula da série principal, e olha que só finalizei o red e Firered, joguei mais uns 2 ou 3 depois desses, mas abandonava pela metade.