Zerado dia 04/02/23

Há uns posts atrás mencionei que resolvi vender o meu PS Vita pois realmente não há muito mais motivos para tê-lo já que tenho vários outros consoles e o Switch, por exemplo, já ganhou versões melhoradas de tudo o que eu queria jogar nele. Sendo assim, fui ver a lista de exclusivos presos ao esquecido portátil da Sony e cheguei a conclusão que gostaria de jogar mais 7 títulos.
Quer dizer, inicialmente eram 8, mas acabei desistindo da ideia de jogar Army Corps of Hell.
Então comecei com Super Monkey Ball: Banana Splitz e em seguida terminei LittleBigPlanet PS Vita. Continuei então a maratonar o portátil com o infame Silent Hill: Book of Memories.

Eu não manjo muito da franquia SH, para ser sincero. Joguei o primeiro há uns dois anos e o resto que conheço é de coisas aleatórias da internet, cosplays e afins. A ideia era mesmo jogar todos na ordem eventualmente mas tive que adiantar esse e eu sabia que se tratava de um jogo que as pessoas odeiam, mas não fazia ideia do porquê. Só sabia que se não jogasse antes de vender o Vita poderia me arrepender e nunca mais ter a chance de o jogar.
Antes de iniciar a campanha a ideia que eu tinha sobre ele era uma bagunça. Eu meio que misturei os dois minutos que joguei do Silent Hill de PSP com um conceito de usar a câmera do PS Vita para interagir com algum livro, tipo o Spirit Camera do 3DS. Viajei? Viajei.
O jogo se abre então com cinemáticas feitas em sua engine. É meio tosco e tal, mas tinha a minha curiosidade, além do fato de serem dubladas em Português do Brasil. Curioso!

Tive então que criar um personagem e dar um nome à ele. Isso por si já me foi meio decepcionante pois os protagonistas de SH sempre pareceram ter um certo carisma. Fora que eu não sou muito fã de jogar com um Zé aleatório.
Tentei fazer algo legal ou algo zoado mas não consegui. A criação de personagens é extremamente limitada à alguns modelos cabelos e tons de pele. Bem tosco mesmo. Então fiz qualquer coisa mais chamativa já esperando um jogo escuro (pele clara, cabelo ruivo bem laranjado, boina).
O enredo de Book of Memories envolve um carteiro te entregando um livro misterioso que conta toda a sua vida e você, surpreso com toda aquela informação e nível de detalhes, resolve mudar algumas informações para se beneficiar mas isso acaba te levando para um mundo de pesadelo antes de dar certo.
Não ironicamente eu até curti esse lado meio filosofal/ocultista do jogo e tinha um potencial aqui.

Para a minha surpresa esse Silent Hill é uma espécie de clone de Diablo. WTF? Eu realmente não esperava isso ou talvez tivesse apagado completamente isso da minha memória. Talvez eu tenha reescrito o meu livro para esquecer de sua existência.
Poxa, mas eu gosto de Diablo e afins e acho que toda a coisa mais escura e o gore combinam bem nesse gênero. Porque Book of Memories não daria certo?
Bem, o jogo funciona em andares com diversas salas conectadas por corredores. Essas salas podem ter de tudo: inimigos, itens essenciais, como chaves, itens de combate, armadilhas, curas, tudo misturada e por aí vai.
A maior parte das salas inclusive sequer requer que você pare e mate monstros e basta correr, mas eu acabava sempre limpando tudo.

Tentar fazer 100% em cada andar na verdade é uma boa ideia pois matar os monstros te dá XP e com cada level up você pode distribuir pontos em coisas como HP maior ou ataques mais fortes.
Fora isso, você tem um inventário mega limitado de itens e sempre acaba tendo que parar para reabastecer, sobretudo as armas que se quebram com uma facilidade horrível.
Poxa, que machado de metal é esse que você bate umas vezes numa enfermeira zumbi e se quebra? Na verdade esse sistema de quebrar armas é irritante em qualquer jogo que o implemente mas nesse jogo as coisas conseguem ser bem piores justamente pela duração muito pequena e por conta do seu inventário não caber nada.
Você então leva uma faca em uma mão, um cutelo na outra e mais dois guardados. Entra na próxima sala, mata os monstros e sai com um quebrado e outro em estado amarelo ou vermelho e acaba tendo que voltar e coletar outros deixados para trás ou prosseguir rezando para achar outros e não ter que sair na porrada.

Os andares tem muitas salas e corredores e muitas vezes te fazem dar voltas e voltas até chegar até um lugar anteriormente trancado ou onde você morreu. Nunca há atalhos, o que é um grande vacilo, mas os monstros também não reaparecem.
As vezes você precisa de uma chave e não sabe onde a encontrar já que muitas vezes as coisas estão guardadas em móveis pequenos e que parecem ser apenas do cenário no meio de uma bagunça.
O lance então é ligar a lanterna apertando select, que faz com que as coisas que contem itens se iluminem em vermelho quando perto de você. Mas não se esqueça de apagá-la quando entrar numa sala nova pois os monstros ficam mais furiosos com a luz!
Fora isso é bem chato quando você vacila e não vê um item e tem que andar tudo de novo em busca de uma chavinha.

Além das salas comuns e das salas com desafios (tipo matar a todos sem perder 20% de HP), que são obrigatórias para conseguir itens necessários para abrir a saída, há salas especiais como a loja do carteiro, aquele que te entregou o livro no início.
Nessa loja você pode reabastecer cura, munição para as armas de fogo (essas coisas também são encontradas pelos mapas, com sorte), amuletos que aumentam certos atributos e até mesmo fazer alguns upgrades, como aumentar a capacidade do seu inventário.
Outras salas incluem uma da sorte que t em vários itens e riquezas, algumas que são meio que um puzzle (como a da imagem acima) que te julgam com base no que você fizer, como matar as estátuas dos monstros, matar a menina ou não fazer nada e tem até uma sala de save que eu nunca entendi por estar quase sempre no fim do mapa, quando eu já tinha explorado todo o resto do mapa. A descrição diz que você volta para lá quando morre, mas você nunca perde progresso quando isso acontece (só tem que andar tudo de novo).

Tendo o número de itens necessários para abrir a saída você tem que fazer um puzzle por lá e sempre envolve posicionar esses itens de uma certa forma. É patético.
"As bonecas da maior a menos fugindo do Oeste". Você então as posiciona e é isso. Todo andar tem um puzzle idiota desses.
Após três andares muito repetitivos e muitas armas quebradas é hora de enfrentar um chefe, que geralmente é bem fácil também. E assim o jogo anda agora trocando para um novo mundo com temática diferente como cavernas, pântano, prédios. Três fases, chefe, três fases, chefe. São no total 7 mundos ou seja, 21 estágios + 7 chefes.
Haja tempo e paciência para fazer a mesma coisa do início ao fim por tantas horas! Na verdade até piora pois os itens ficam ainda mais escassos e eu até morri umas vezes nos últimos mapas.

Resumindo: Silent Hill - Book of Memories é uma ideia até legal porém muito mal executada. Mal dá para acreditar que se trata de um jogo da WayFoward! Mesclar o gênero dungeon crawler do Diablo com o terror de SH poderia ter dado muito certo, mas ao invés disso recebemos algo incrivelmente genérico, repetitivo e tosco. Quantas vezes eu não pensei em desistir e deixar isso pra lá?
De bom: gosto do conceito.
De ruim: visuais feinhos. Muitos controles são feitos pelo touchscreen, como usar itens de cura ou trocar armas do inventário mas quando você mais precisa o portátil não responde corretamente. Cenários demorados e sem novidade alguma nem atalhos de sala para sala, te fazendo ficar dando voltas até chegar onde quiser. Muitos itens são difíceis de ver e te fazem procurar por eles depois pois sempre há a quantidade exata de tudo em cada andar. Sistema de level up parece nem fazer diferença. Armas se quebram bizarramente fácil como se tudo fosse feito de papelão e é um saco ficar tendo que ficar trocando ou reparando com itens a cada luta. O jogo é mega linear e se fosse mais aberto a exploração como Diablo seria mais interessante do que um bocado de salas quadradas ligadas por corredores também quadrados num mapa perfeitamente quadrado.
No geral, não dá para recomendar esse jogo. Se você o jogar ou não, não perde absolutamente nada! Tem alguns elementos de Silent Hill, como algumas lutas contra Pyramid Heads mas fora isso poderia ser qualquer coisa. Corra desse jogo!

O 3 é excelente, visualmente era impressionante na época e ainda se segura bem hoje.
O lance da história fechar o arco do SH 1 foi uma bela surpresa tbm, a única coisa ruim foi o final que deram pro Harry, o coitado nem aparece morrendo.