Os casos estranhos dos animes modernos #2
E aqui estamos, pra mais um artigo sobre os estranhos casos dos animes modernos! Para quem não sabe, essa é uma série de posts que comecei aqui no Arco, contando um pouco sobre algumas coisas que mais me incomodam na animação japonesa da modernidade. Enfim, chega de papo e vamos ao que interessa!
04 - As inúteis escolinhas de aprendizado duvidoso
Esses aqui acho que todo mundo conhece: os maçantes, clichês e ignóbeis animes de escolinha. Personagens que vestem seus uniformezinhos, pegam suas marmitas, saem correndo portão afora (normalmente atrasados), se encontram com algum coleguinha no caminho, comentam sobre seus estúpidos clubinhos escolares e chegam na sala de aula, onde sempre tem algum zé roela sentado perto da janela olhando o horizonte...
Como já foi comentado aqui no Arco inúmeras vezes, o cenário escolar é um ambiente MUUUITO conveniente para um autor. Isso porque nele o mesmo poderá fazer com uma enorme facilidade a apresentação de novos personagens e a interação entre eles (afinal são um bando de candango preso dentro do mesmo prédio durante horas seguidas), isso sem contar que é muito fácil para o espectador se identificar com aquela ambientação, já que existem altíssimas chances que o mesmo ou esteja em uma ou já tenha estado em uma escola, sendo portanto uma alternativa extremamente simples e barata de setting para os ignóbeis e preguiçosos roteiristas da atualidade...
Claro que não vou dizer que antigamente não haviam animes de escolinha. Aqui no Arco mesmo eu já indiquei alguns (como School Rumble, Mahou Tsukai Tai e B Gata H Kei), porém eles eram em um número muito menor, isso quando não usavam o setting escolar apenas como plano de fundo (como Sailor Moon e Zegapain, por exemplo), enquanto atualmente, em toda maldita temporada, sempre surgem mais e mais deles, se multiplicando feito bituca de cigarro no meio da rua, sempre trazendo personagens descartáveis, roteiros pueris, character designs sofríveis e aquele sininho de intervalo que te dá uma baita saudade da cadeia!
05 - Os decrépitos isekais de videogame
Em 2012, cumprindo a profecia Maia do fim dos tempos, uma certa animação japonesa de qualidade mais do que questionável surgia no horizonte, trazendo um cenário onde o protagonista ficava preso em um MMORPG de realidade virtual. Esse era Sword Art Online e mesmo que qualquer pessoa com o mínimo de bom senso percebesse após poucos episódios a porcaria que o anime era, ele ficou extremamente popular. E com isso vários clones começaram a surgir, e após pouco tempo os lamentáveis isekais de videogame começaram a brotar aos montes, feito gado de político na internet!
Para quem não sabe, isekai é o termo que usam para designar uma história onde os personagens principais são transportados para um mundo diferente do deles, algo que era extremamente comum nos anos 90, com coisas como El Hazard, Inuyasha, Guerreiras Mágicas de Rayearth e The Vision of Escaflowne, porém com cada um trazendo seu próprio mundo fantástico e setting único...
Entretanto, suas contrapartes atuais estão longe de fazer algo do tipo, e só se contentam em copiar a decadente fórmula de SAO, trazendo comumente um protagonista bunda mole sem graça nenhuma (quanto mais pamonha, melhor, já que os espectadores poderão se identificar ainda mais com ele) que vai parar em um lugar todo colorido e mágico onde fica rodeado por várias lindas (e estúpidas) garotinhas moe... Recentemente teve até um reboot do clássico filme dos anos 90, Jumanji, que usou exatamente essa mesma premissa, enfiando no cu o clima exótico do original e trazendo um monte de personagem clichê em uma aventura onde sequer é possível morrer... E, devido ao sucesso do longa, pelo visto até os ocidentais caíram nesse besteirol...
06 - Banalização de tragédias e eventos
É muito comum ver nos animes e mangás eventos que perdem qualquer
importância e valor devido à algum tipo de enfoque exterior. Um caso
clássico é as famosas mortes do Kuririn em Dragon Ball Z. Lembram de
quando ele morreu na saga de Freeza e foi o maior auê por causa disso, o Goku até se emputeceu pela primeira vez na vida e virou Super Saiyajin? Foi realmente algo bem dramático, mas... O que aconteceu depois? Revivem o cara e tudo fica numa boa como se NADA TIVESSE ACONTECIDO! Não há traumas, medo, sequelas, nada! O dito cujo praticamente nem se importa mais com isso, a ponto de morrer varias vezes durante a série e seu drama de morrer se tornar algo BANAL e COTIDIANO! Porém, esse nem é o pior exemplo da coisa, afinal é um shounen, uma obra feita para adolescentes japas consumirem como se fossem HQs de super herói dos anos 60 e 70...
Existem casos bem piores, em que um evento ou tragédia acaba seriamente prejudicado, fazendo com que uma obra fique abaixo do padrão por ter seu desenvolvimento arruinado. Vemos por exemplo Clannad, onde Nagisa morre, mas após um certo tempo é revivida com um desejo conveniente e que remove toda a importância do desenvolvimento dramático da aceitação de Ushio pelo seu pai, que a via como tendo culpa pela morte dela. A história era um pedaço de bosta até essa infeliz morrer, e quando finalmente a coisa começa a melhorar... Ela volta e empurram o velho happy ending goela abaixo do espectador!
Puella Magi Madoka Magika é outro exemplo onde isso foi muito usado, já que no final do anime a protagonista, após ganhar uma incomensurável energia das suas contrapartes mortas de outras linhas do tempo (parecido com aquele filme do Jet Li, O Confronto), reseta toda a realidade de dor e sofrimento que as mahou shoujo viveram, e em seguida no filme Rebbelion, Homura (a melhor amiga da protagonista, com um interesse amoroso por ela mais descarado que o da Tomoyo de Sakura Card Captors), reseta tudo de novo com os seus poderes adquiridos em cima da hora, arruinando ainda mais todo o desenvolvimento trágico que a trama mostrava até então...
E os animes ainda mais recentes então? Usam isso PRA CARALHO! O hypado Kimi no Na Wa, por exemplo, é uma historinha meia boca de um casalzinho que troca de corpos e que usa e abusa de time resets, a ponto de evitarem até mesmo que uma cidade fosse destruída pela trolha de um cometa, apenas para que o casalzinho principal terminasse junto... E que o público não percebesse que tinha acabado de perder quase 2 horas da sua vida... E que não tentasse se matar logo em seguida.
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Bem, por hoje é isso. Até o próximo post!
Kkkkk quanto ódio por Your Name kkkk.
Madoka Magica é mediano.
E Isekai é problema mesmo, nunca tive coragem de ver um.
O único personagem que conheço que tinha motivos pra ficar olhando pela janela na sala de aula era o Ikari Shinji mesmo. De resto detesto esses personagens que são depressivos sem motivo algum...
Isekai já ta saturadaço mesmo mas é impressionante como a galera curte, todo dia tem um mais ridículo que outro.hehe
Os outros aspectos não necessariamente me incomodam se a trama for bacana, ou se bem utilizados