Muito se ouve sobre "não ser um jogo para todo mundo", quando na verdade deveria ser "não é para qualquer momento".
Death Stranding trata de conexão. Conexão em todos os sentidos que a palavra pode ser empregada. Quando afirmo que não é para qualquer momento, digo porque exige um elo entre jogador e personagem que faz da experiência intimista, emocional e extremamente pessoal que varia de jogador pra jogador. Sam é um protagonista propositalmente vago, com diversas lacunas na personalidade justamente para que possamos preenche-las com nossas características e confrontar os questionamentos pelos quais ele passa com base no nosso eu.

Death Stranding é também sobre solidão. O que mais o jogo te proporciona é tempo, esse no qual passamos quase que inteiramente sozinho (não esqueci de vc bb), ao som da competente trilha sonora que se encaixam com os cenários, ajuda na imersão e apreciação da paisagem. Gosto de compara-lo com o excelente Journey, que também trabalhava esse aspecto do caminhar sozinho em meio ao cenário distópico e vazio, que somente é quebrado quando a conexão com outros jogadores apresenta algum sinal de que embora pareça, não estamos sozinhos ali. Essa mecânica de ajuda entre os jogadores é a sacada genial do game, onde você se pega olhando as estruturas construídas nos locais e quase que consegue visualizar a jornada diferente que outros jogadores tiveram pra chegar no mesmo objetivo e que por sua vez, ajudam a completar a sua. O sentimento de gratidão com aquele suporte, por vezes involuntário se limita a um "like" e a certeza de que você em algum momento fez o mesmo para ajudar outro.
Trilha Sonora: Spotify - Death Stranding by Hideo Kojima

Os NPCS do game são marcantes. Todos tem narrativas bem elaboradas e desenvolvidas, que justificam suas ações e traços de personalidade. Esses quais são justamente representações dos traços inexistentes em Sam, para que haja esse questionamento por parte daquilo que você insere nele. Mas a âncora da coisa toda é o bb. Não consigo me lembrar de outra experiência in game que possa ter me proporcionado tamanho protecionismo com um personagem que este. O único contato responsivo que temos em meio a já citada solidão, é o laço de desenvolvimento e apego não com o personagem, mas sim conosco.

O antagonismo de Death Stranding é tão bem proposto quanto o lore do game no geral. Até mesmo o vilão tem suas justificativas, seus motivos e suas crenças a ponto de dar dualidade em suas ações. Fazendo dos confrontos, verdadeiros embates pessoais para nós.

Mecânicas a princípio engessadas, para que a dificuldade do personagem seja sentida pelo jogador e o sistema de progressão faça sentido na concepção de experiência adquirida pelo protagonista. Os combates são emocionantes, fluídos e diversificados. Nada do papo "é um jogo onde você só anda", D.S. tem muita ação e é dosada em momentos e quantidades corretas. A sensação de perigo é real e conforme você avança, cresce e faz com que o gerenciamento de inventário seja algo que esteja na sua cabeça a todo instante.

Death Stranding é vítima do peso imposto a ele próprio. O exclusivo de peso do playstation 4 em 2019, a obra sem amarras de Hideo Kojima, o diferencial da Sony, etc. Muito foi cobrado e muito foi entregue. Insuficiente pra uns, surpreendente para outros. A única coisa que Death Stranding não pode ser cobrado, é por não inovar. ⭐⭐⭐⭐⭐
Death Stranding
Platform:
Playstation 4
674
Players
190
Check-ins
A engenharia de som desse jogo é surreal.