Zerado dia 10/05/23
Caramba, eu era doido para conhecer Hellblade: Senua's Sacrifice por anos! O jogo ganhou grande notoriedade e diversos prêmios ao longo do tempo e eu simplesmente não tinha como o conhecer.
A oportunidade veio quando ele ganhou uma versão para o Switch! Nem eu acreditei quando vi isso. Aliás, o console da Nintendo costumava receber altos ports de grande... Porte no passado e isso sempre me surpreendia. Não sei porque era algo bem inusitado nas gerações anteriores ou o quê, mas era bacana ver os trailers de coisas como Doom (2016) no sistema.
O problema então eram os preços. Hellblade ficava aí na média de 100 reais e com sorte uns 50, porém eu já estava habituado a pagar bem menos do que isso pelas experiências no console.

Os colegas de trabalho com Switch que estavam voltando ao mundo dos jogos desde... O Super Nintendo talvez, já estavam antenados com as notícias e curtindo as aventuras da Senua. Eu me sentia a última pessoa do mundo a não jogá-lo. Cheguei a ver um minutinho de gameplay no console deles e achei legal, mas não entendi bem a proposta.
Agora que posso jogar qualquer coisa que desejar no meu Switch, mais um problema: o espaço. Pois é, a lista de desejos é longa e eu enchi o video game de jogos para quando bater a vontade de qualquer um deles (e para não correr o risco de me esquecer de algum interessante), porém o Hellblade exige cerca de 18GB livres para ser instalado! Lá no PS4 isso não seria muito e desinstalando qualquer coisa você conseguiria o HD necessário, mas no Switch isso é muito! Tive que terminar vários jogos para isso. Outros títulos, como o Immortals: Fenyx Rising sofrem do mesmo problema.

Ao abrir Hellblade pela primeira vez, a mensagem de que a experiência é melhor com fones de ouvido aparece de cara. Felizmente eu já estava preparado e já havia conectado o meu fone bluetooth na dock do console. Aliás, se tem uma coisa que eu me lembrava desse jogo era o fato dos fãs insistirem nesse lance de jogar de fone. Tenho também consciência que alguns jogos realmente são melhores assim, então segui a dica.
No início da campanha você vai mesmo perceber que o som faz toda a diferença. Há vozes falando com você o tempo inteiro, algumas sendo mais positivas, a maioria sendo pessimistas. Sabe aquele lance de voz da razão do diabinho e anjinho falando com o personagem? É meio que isso.
Os visuais são excelentes e super convincentes juntos à temática nórdica, que lembram um pouco até as minhas jogatinas de God of War (2018). O mais incrível é que tudo está rodando no Switch! Parece PS4! Testei tanto no Modo Jogo quanto sem ele, que adiciona toda a tecnologia da TV, e em ambos os casos é ótimo, com destaque para esse último.

Inicialmente a jogatina se resume em andar (ou correr). Os mapas são bacanas e imersivos, mas bem lineares. Não há tutorial de nada então fui experimentando com o tempo e focando no enredo, tanto que joguei uma grande porção do início apenas caminhando, sem saber que poderia correr segurando R.
A Senua está nessa aventura para cumprir a promessa de salvar o seu amado, mas é bem mais do que isso: vencer os seus medos. Aliás, todo o jogo acaba girando em torno desse conceito de enfrentar os seus medos, continuar seguindo em frente e em toda a fragilidade da própria protagonista. Eu realmente achei legal como é uma personagem humanizada e ainda original pois a indústria costuma simplesmente fazer todo mundo "badass". Eu achei até um pouco parecido com os lances que a Lara Croft passa no Tomb Raider (2013).
Mais tarde também entendi melhor que o Hellblade é um jogo feito mesmo para discussão de problemas mentais, sobretudo a psicose. Eu acho uma boa ideia qualquer um que esteja passando por momentos difíceis por conta de depressão, ansiedade etc darem uma conferida...

Bem, você vai andando, olhando os cenários, curtindo o enredo que é meio pesado. Inclusive se você souber inglês o bastante para desligar as legendas (aqui estavam em Pt-BR), eu recomendo mesmo o foco apenas no áudio e visual apenas no jogo em si. É bem bacana.
Logo cheguei numa parte que eu deveria vencer os chefões de dois reinos da mitologia nórdica e a ordem ficava a minha escolha. Após vencer ambos o caminho se abriria.
Escolhi inicialmente um de fogo e lá você fica bastante tempo fazendo as três coisas que você faz nesse jogo: andar, lutar e puzzles.
Pois é, eu tinha associado que seria algo mais aberto tipo um Dark Souls, mas é mesmo um jogo bem linear e até repetitivo/previsível. Para falar a verdade está tudo bem mesmo assim, mas perto do fim eu comecei a cansar e rezar que acabasse logo.

As batalhas geralmente acontecem em espaços em forma de arena e se você prestar atenção, vai saber onde vai rolar a porradaria. De qualquer forma é só nessas ocasiões que a Senua puxa e usa a espada, assim que um monstro aparece por meio de uma fumaça.
Esses confrontos são bem simples: a câmera foco no inimigo e agora você age em torno dele, tipo como travamos a mira nos Zeldas de N64. Você pode usar um ataque fraco, um forte mais lento, se esquivar e se defender (isso eu nunca fiz).
Os monstrengos tem ataques previsíveis e basta rolar pro lado e sentar o sarrapo até não poder mais. Porém eles ficam um pouco mais difíceis conforme avançamos o jogo: alguns defender, outros demoram para morrer e tem uma grande gama de golpes diferentes etc etc etc.
Porém a dificuldade de verdade só vem quando você deve enfrentar vários de uma só vez pois como a câmera foca em apenas um, é normal que alguns te ataquem por trás, onde você não enxerga. Aqui, mais uma vez, a importância de ouvir bem o áudio pois as vozes na sua cabeça te alertam de muitas coisas.

Se não me engano eu morri no meu primeiro embate, mas aparentemente eu tinha mesmo que morrer. Eu não estava familiarizado com as mecânicas de combate, então não tenho certeza.
Aqui subiu uma mensagem de algo que eu já tinha ouvido falar de Hellblade mas tinha engavetado nas profundezas da minha memória: cada vez que você morre, uma mancha no seu braço se alastra mais e mais pelo seu corpo e se chegar à sua cabeça você perde todo o seu progresso. DAMN!
Cara, isso me deixou preocupado demais. Imagina perder o progresso perto do fim de uma aventura de 7 horas e meia? Num jogo que é meio lento e ainda estava muito com Dark Souls na cabeça por conta da temática e a seriedade.
Lendo agora pela internet aparentemente isso nunca acontece, mesmo se você morrer como louco e a mensagem é justamente para deixar o jogador apreensivo. Não sei se é verdade ou não, mas não arriscaria.

O terceiro pilar do jogo, fora andar e batalhar, são os puzzles. Esses puzzles exigem que você se movimente por uma área limitada e faça pequenas coisinhas aqui e ali, as vezes numa ordem correta e tudo isso para poder chegar à certo ponto do mapa e olhar para alguma coisa numa perspectiva específica. Não fez sentido, né?
É que geralmente você tem uma runa, como uma que parece um "P", por exemplo. Seu objetivo é encontrar essa forma no cenário e pode ser que seja um tronco de uma árvore com uma parte de uma casa ou qualquer coisa e então "escaneá-la".
As vezes essa forma só se encaixa com a marcação na tela quando vista de um ponto específico e você percebe isso mas tem que descobrir como chegar àquele ponto, e isso vai exigir que você explore, especione coisas, abra caminhos etc. É uma conceito bacana, tipo Superlimial ou sei lá, mas depois cansa um pouco quando você só quer dar continuidade na história e enfrentar chefes ao invés de ficar rodando como barata tonta numa localidade.

Resumindo: Hellblade: Senua's Sacrifice é um bom jogo focado na abordagem de problemas mentais, o maior inimigo da protagonista. A experiência definitivamente é única, envolvendo e muito agoniante as vezes porém não é algo para qualquer um, sem sombra de dúvidas, já que o gameplay é linear (com exceção dos puzzles e olhe lá), o combate é simples e pouco estratégico e muitas vezes você só anda e ouve/lê as conversas e enredo. Algumas vezes eu parei de jogar simplesmente porque o sono batia forte, mesmo jogando de manhã ou de tarde.
De bom: lindos visuais, testado na TV com os filtros de beleza/framerate, também no Modo Jogo e no modo portátil, que foi onde devo ter jogado mais. A parte do som é sensacional e praticamente obrigatória para poder desfrutar certinho da aventura assim como assistir Duna tem que ser no cinema! Jogabilidade fácil. Problemas abordados são importantes e só uma experiência assim mescla tudo de forma imersiva e interessante.
De ruim: o ritmo do jogo as vezes é meio lento e/ou cansativo e a experiência em si se resume em sempre fazer coisas parecidas. O próprio conceito da psicose me cansou um pouco nos meus três dias de jogo. Os cenários não tem nada que justifique exploração a mais e isso quando há essa possibilidade. Batalhas contra trocentos inimigos nos mapas finais as vezes são meio bagunçadas e a Senua parece não responder perfeitamente aos comandos de esquiva as vezes. Embora o jogo esteja em Pt-BR, algumas coisas não foram legendadas ou levemente discrepantes do idioma original.
No geral, eu curti bastante e só a originalidade já me ganhou. Fico me perguntando se havia mesmo a necessidade de fazer uma sequência. Sobre indicar, eu teria que ser um pouco seletivo com quem jogaria, mas por ser curto, qualquer pessoa com mente aberta pode desfrutar. E a versão do Switch não deixa nada a desejar! Jogo massa!

Esse eu quero jogar, mas já temo pela integridade do meu braço kkkkkkkkkk