Zerado dia 28/05/22

Jogo de número 8 da lista terminado! Só mais 7!
Cara, essa pendência é antiguíssima! Lá para 2002 um amigo tinha um N64 em casa e era coisa de outro mundo! Meu último console tinha sido o SNES e nem tinha planos para ter o próximo e um primo tinha um PS1 mas raramente eu curtia algum jogo como curtia os que joguei no Nintendo enquanto esse conhecido já tinha umas coisas bem diferentes. Diferentes em vários sentidos pois ele curtia jogos um pouco mais maduros incluindo Tony Hawk's Pro Skater 2 e Doom 64.
Eu sentia que esses jogos não eram para mim e eu não conseguia jogar nada disso! Meu negócio eram jogos que eu chamava de "aventura", como Mario, Crash e sidescrollers/platformers em geral, mas eu curtia os assistir jogando.

Doom 64 era um caso complicado. Os cenários escuros e tensos me davam um pouco de medo, mas ao menos eu estava ali, diante de um video game "moderno" que eu nem sonhava em ter. Além de que eu estava acompanhado de pessoas que sabiam jogar.
Mas o grande problema que eu tinha era o seguinte: motion sickness. Eu ficava super enjoado depois de uma sessão de 1 hora ou sei lá e acabava indo para casa esperando não vomitar. Na época eu achava que era pelo "gore" do jogo, mas era mesmo pela super rápida movimentação da câmera.
Cerca de 15 anos depois, comprei meu Switch e logo vieram ports dos dois primeiros Doom que estavam super baratos e batiam perfeitamente com meu interesse de jogar esses grandes clássicos que pareciam que só eu não conhecia. Só estava infeliz em pensar que teria que emular Doom 64, mas logo o mesmo foi anunciado e a festa foi grande! Fiquei muito contente e já fui dando meus primeiros passos na série. Terminei o primeiro em 2020, o segundo em 2021 e esse ano era a vez do 64!

De cara Doom 64 é uma baita e merecida evolução dos clássicos! Os visuais são lindos e tudo é muito fluído. O jogo tem uma cara de modernidade muito interessante e até parece que estou jogando algo na engine de um Counter Strike da vida. É muito gostoso o início e, mais uma vez, uma boa guinada para a franquia, pois mesmo no 2 eu já tinha dado uma cansada de tanta coisa igual.
No Switch ainda é possível mirar com os motion controls dos joycons, mas achei ruim, até porque a mira do jogo continua sendo apenas horizontal e ainda tem toda aquela coisa de "apenas olhe em direção aos monstros que ajustamos a direção dos tiros".
Já uma coisa meio triste é que os modos multiplayer que os jogos anteriores ganharem nesses remakes/ports não deram continuidade nessa versão de D64 ou seja, nada de adição de mata-mata ou campanha co-op.

Muita gente acha que esse título é apenas uma versão do Nintendo 64 do clássico primeiro Doom, o que eu até entendo pelo seu estranho nome, mas a verdade é que se trata de algo totalmente novo e continuação direta do 2, caso você se importe com a história da série até então.
A lógica continua a mesma dos anteriores: explorar os estágios, matar monstros, coletar armas, munição e cura, encontrar chaves e botões e ir um pouco além.
Eu diria até que D64 é meio que um mix dos dois primeiros Dooms (talvez mais puxado para o lado do 2) já que há muita ação, mas também há muito backtracking e aquele fator "para onde eu vou?" típico do primeiro jogo.

Inclusive essa coisa de ir e voltar e ficar perdido como barata tonta é algo que me cansa demais em Doom e depois de tantos jogos, eu já enjoei bastante.
Aqui é normal abrir uma porta, acha rum botão escondido e o ativar para então algo acontecer em algum lugar. Onde foi? Só deus sabe! Agora é voltar a fase toda olhando o que pode ter mudado e alguns estágios são bem grandes e cheios de seções ao maior estilo Hexen. Não é fácil e ver que você gastou 30 minutos num simples estágio é meio frustrante.
Já os inimigos são em sua maioria conhecidos da franquia, como os caras com shotguns, os monstros que cospem bolas de fogo, o diabão que lança magias, as caveiras em chamas voadoras etc. Até sei os nomes, mas quem liga?
Todos esses personagens foram refeitos em sprites novos e mais detalhados e isso é bem legal.

As armas em sua grande maioria são as mesmas também: shotgun, pistola, metralhadora giratória, arma de plasma etc. A minha predileta era a .12 de cano duplo que, apesar de ter a cadência de tiros baixa, causava muito dano. Armas mais fortes, como o lança-foguetes eu quase não usei.
Por outro lado há bastante incentivo para usá-las pois há diversas seções em que grandes hordas de inimigos aparecem e você tem que toucar o louco com tudo o que tem. Vai ficando cada vez mais comum também a aparição de monstros mais fortes a todo o momento conforme você avança na história e tive a sensação de que você realmente tem que sair explodindo tudo rapidamente, muito diferente do primeiro Doom e aquelas fases que você explora calmamente com uma pistola e uma shotgun.

Uma das coisas que mais me incomodam no gameplay de Doom e que parece ter força total em D64 são as partes de plataforma em que você deve correr pare passar por vãos sem cair ou ainda fazer isso enquanto se preocupa em não avançar demais nas plataformas e cair nos buracos. Vários estágios cobram isso para dar continuidade e é simplesmente chato, ainda mais se você esquecer dessa possibilidade para alcançar lugares mais altos.
A corrida automática é ativada aqui com o apertar do analógico esquerdo e eu só usava nesses momentos, mas as vezes esquecia de desativar e jogava a 300 km/h por minutos. Resultado? Sim! Motion sickness! É muito raro em sentir isso hoje em dia, mas D64 continuou a sua tradição. Cheguei a parar de jogar duas vezes nesses dias por conta disso.

Por vários motivos também volta a necessidade do clássico salvamento manual. Fez algo difícil? Avançou bem na campanha? Salvou faz tempo? Salve, salve e salve! Eu não curto fazer isso, mas imagine morrer no final de um estágio e voltar para o início dele sem NADA! O tempo perdido, meus amigos!
Mas a maior sacanagem desse jogo mesmo é que alguns caminhos são muito escondidos ou só são ativados por mecanismos inéditos como numa parte que uma chave ficava atrás de grades e eu rodei o mapa inteiro e tive que recorrer ao Google. O que eu tinha que fazer: interagir com um treco na parede de um corredor lá perto (treco esse que tem por toda a fase e por todo o jogo) que a abria. Há momentos que um botão ativa algo momentaneamente e você deve correr até lá, mas nunca se sabe onde ou se compensa procurar ou se é apenas para alguma área secreta. E o mais bizarro é que muitas vezes é obrigatório para conseguir passar da fase!

Resumindo: Doom 64 infelizmente não é o que eu esperava depois das primeiras fases, mas ainda é um jogo legal e repleto de ação, apesar de eu achar que ele se arrasta demais em algumas fases que já poderiam ter acabado antes. Muita gente não gosta do fato de ele não tocar metal durante toda a sua ação e ter dado lugar à uma OST mais imersiva e tensa, mas achei isso legal e um diferencial positivo.
De bom: visuais bonitos e animações fluídas. Possibilidade de usar códigos de trapaça ou passwords para ajudar no avanço. Vários níveis de dificuldade. Duro um pouco menos do que eu imaginava e antes que eu começasse a desgostar da experiência.
De ruim: não sei se eu precisava de mais um Doom nesse estilo depois dos dois primeiros. Muita coisa oculta e difícil de descobrir, como onde usar um cartão ou o que botões fazem. Algumas armadilhas são um saco, como umas paredes que cospem uns mísseis mortais do nada. Não gosto da coisa de correr por plataformas acima de abismos. Muito vai e volta enquanto eu esperava maior foco na ação. Sem adição de modos multiplayer local ou online.
No geral, gostei mas não é um jogo perfeito e fico feliz de ter sido razoavelmente rápido e não tão cruel quanto o Hexen (me traumatizou). Jogando um pouco por dia foi bem tranquilo (mais do que eu esperava) e só o chefe final que realmente deu muito trabalho. Agora faltam apenas o 3 e o Eternal, mas não sei quando os jogo. Será que vale a pena começar o 3 em breve já que é bem diferente? Sobre Doom 64, muito legal sobretudo se você gosta da franquia original e quer mais. Se jogou os outros recentemente, talvez seja melhor dar um tempo. Jogo ok!

Muito bom! Me lembra muito férias e praia! Haha...