Zerado dia 30/05/20

Caraca, finalmente eu terminei esse jogo! Depois de tantas semanas me arrastando, a coisa finalmente andou e eu posso continuar os próximos em paz!
Quando eu desbloqueei o Vita, um dos primeiros jogos que pensei em baixar foi Digimon Story: Cyber Sleuth. Ainda estava apanhando com toda a coisa de hackear o video game, mas fiquei muito feliz depois de passar um jogo tão grande pro meu portátil e ver que ele funcionava. Eu tinha finalmente um Vita propriamente desbloqueado e funcional!
Desde então o jogo ficou lá, esperando a minha paciência de jogar longos RPGs hoje em dia. Cheguei a deletar ele umas vezes pra caber outros títulos no meu humilde cartão de 8GB, mas sempre o colocava de volta, pois sentia que ele merecia ficar por lá e ser jogado quando desse.
Lembro que na época esse jogo era popular, e a vontade de jogá-lo cresceu um pouco quando soube que ele vinha pro Switch e quando vi pessoas o jogando e debatendo. Mas o fato é que eu queria liberar bastante espaço no Vita pra por outro jogo, então pulei de cabeça!

O quão difícil pode ser jogar um RPG de colecionar monstrinhos? E eu amava Digimon na sua primeira temporada lá pra 2000, sabia todos os nomes, gravava os episódios em VHS diretamente da TV e chorava pra minha mãe comprar bonecos que se transformavam!
Comecei esperando me animar um pouco mais e devo dizer que joguei umas 4 horas e deixei o Vita em modo de descanso. Estava curtindo. Mas no dia seguinte o meu save havia corrompido, o que se não em engano é um defeito de Vitas desbloqueados: nunca deixe jogos no sleep mode por horas!
Recomecei e foi um pouco mais rápido. No início você escolhe entre 3 digimons pra ser o seu inicial e tal, as as semelhanças com Pokémon não vão muito além disso.
Apesar de não estar achando o jogo lá muito interessante, duas coisas me incomodavam no momento: serrilhados, exclusivos da versão Vita. Os modelos são bonitos e tudo mais, mas quando condensados na telinha do portátil, algumas coisas ficam esquisitas, como linhas de prédios, escadas e até roupa e calçadas e árvores. Em segundo lugar, o protagonista é uma bagunça de estilos, roupas e cores, enquanto os demais personagens são normais (com exceção de alguns personagens secundários). Parece que você tá jogando com uma pessoa fazendo cosplay!

Acho que meio que todo mundo sabe, mas Cyber Sleuth é meio que uma mistura de Digimon com Persona. Fica meio óbvio que a Bandai deu uma leve copiada na fórmula da Atlus, mas também sabemos que toda série de sucesso ganha versões por outras empresas.
O lado Persona do jogo envolve o seu cotidiano como assistente numa agência de detetives. As pessoas vão lá e deixam casos pra você resolver, tanto relacionados a campanha principal quanto sidequests. "Houveram sumiços de pessoas em Akihabara. Quero que você vá lá e descubra o que pode ter acontecido". Você vai lá, fala com as pessoas de interesse e as vezes resolve rapidinho, as vezes mandam pra outros mapas, e pra outros e outros.
Porém, diferentemente da Atlus, a Bandai fez essas situações super desinteressantes e nada imersivas. Pessoas sumiram? Poderia ser algo pesado ou ao menos com um clima mais tenso e misterioso, mas acaba que você procura as pistas num dia feliz qualquer sem menor contexto e chega na conclusão do caso de forma mais sem sal possível. Me fez sentir que eu estava lendo aqueles diálogos pra nada e que poderia ignorar tudo sem perder nada da experiência.

E eu nem cheguei a falar nas sidequests, que envolvem coisas idiotas como achar um item perdido de um digimon, que está praticamente ao lado dele.
Não tem como defender nem a campanha quase nunca, pois em pelo menos metade do jogo, cada capítulo do jogo se baseia em casos independentes, com começo, meio e fim, ao invés de terem algo em comum para um mal maior. Houveram situações em que eu deveria explorar o mundo digital (que é meio que uma dungeon de 4 andares que você fica revisitando o jogo inteiro), enfrentar uns inimigos chatos e um chefe forte e quando achava que a coisa iria decolar, o próximo episódio da campanha era levar os monstrinhos para comer em diversos restaurantes.
Cyber Sleuth é um verdadeiro mestre em cortar o seu barato, te obrigando a deixar o lado RPG de lado para andar nas limitadíssimas cidades ou ficar re-explorando mil vezes cada canto dos 4 andares do shopping onde fica a agência de detetives atrás da pessoa que vai te permitir continuar a campanha.

Agora, pra mim, o pior eram os diálogos. O texto do jogo é terrível em ir direto ao ponto e toda conversa se estende demais! Definitivamente não souberam contar uma estória.
Rodeios, enrolações e verdadeiras viagens dos personagens fazem com que cada diálogo seja arrastado e muito sem graça. Em diversos momentos eu acabava apertando X como louco pra voltar a jogar, mas os parágrafos não paravam de vir e tudo isso pra te dizer pra ir pra certo lugar. Chegando lá, mais uma porção de parágrafos, dezenas de palavrinhas com aquela fonte branca e, com sorte, a cada mil uma verde ou vermelha pra chamar a atenção ou dublados em japonês, coisa que não acontece com muita constância.
Pra complementar isso, os desenvolvedores optaram por raramente fazer cutscenes, então fizeram assim: os heróis vêm o vilão e andam até ele, daí a tela congela e vira background enquanto os modelos aparecem na frente, um do lado esquerdo da tela, outro do lado direito. Eles conversam meia hora, batalham e tudo e a "print screen" congelada continua lá! As vezes a câmera ainda tenta mudar a perspectiva e gira em volta dos personagens durante a conversa, mas a imagem estática continua lá. Em certas partes, ao invés de fazer a cutscene com a engine do jogo, os desenvolvedores optaram pela imagem estática com o personagem 3D interagindo como se estivesse lá. Super estranho!

Logo me ficou óbvio o quanto Cyber Sleuth é um jogo de otaku/adolescente. O enredo é de uma temporada ruim de Digimon, mais numa versão não necessariamente para criança já que o fanservice é muito apelativo nas personagens femininas, com roupas curtas e decotadas, se insinuando e etc. Pra mim, uma tentativa bem imatura de prender otaku no jogo.
O outro lado do jogo, é o do Digimon em si. Colecionar, treinar, batalhar. Essa parte é bem legal e eu ficava rezando pra voltar pra ela sempre que pudesse. Na real, poderiam acelerar toda a parte "social" do jogo cortando um bocado dos diálogos bestas.
As batalhas funcionam como de muitos RPGs, mas diferente de Pokémon, por exemplo, conseguir mais digimons é mais fácil, de certa forma, e mais difícil de outras.
pra começar, são cerca de 250 deles, e isso é bastante! Eu mesmo terminei a campanha com uns 150 e poucos capturados e mais uns 180 vistos, e olha que casualmente tentei pegar o máximo possível!

Cada vez que você encontra um digimon, sua porcentagem individual cresce cerca de 15%. Ao chegar em 100%, você pode sintetizá-lo e trazê-lo pro seu time desde o nível 1 e treiná-lo para ficar mais forte, aprender novas habilidades e coisas do tipo, além de adicioná-lo à sua "pokédex". Apesar de 100% ser o mínimo necessário para criar um digimon, a porcentagem vai até 200%, o que garante um digimon melhor do que numa porcentagem mais baixa.
A parte que eu mais curti de criar digimons, senão do jogo inteiro, foi o processo evolutivo, coisa que pra mim sempre foi meio confuso na série, desde o Greymon virando Skullgreymon ou Metalgreymon no anime ou o meu Agumon virar um ovo com duas pernas lá na época do Digimon World de PS1.
No mesmo lugar em que você confecciona digimons, você pode os evoluir ou involuir. Diferentemente de Pokémon, onde todo mundo tem sua árvore genealógica fixa, aqui você tem várias opções tanta para subir na linha evolutiva quanto para voltar como o Greymon, por exemplo, que tem 4 evoluções possíveis, cada uma dependendo de níveis e atributos mínimos. Dependendo do seu time, pode ser que você possa evoluir para todos, então basta escolher o que preferir (eu geralmente tinha digimons em mente pro time, mas pros outros que ficavam treinando na fazenda eu priorizava aqueles que não tinha.

Voltar também é sempre possível para todos os digimons que você já tiver ao menos visto. Imagine na imagem acima que o Patamon tem 4 evoluções possíveis. Uma delas é o Birdramon, que tem mais 4 e assim por diante. O Patamon ainda pode involuir pra outros, o que faz com que as possibilidades cheguem longe!
Alguns digimons requerem níveis altos ou mesmo dois digimons de altos níveis na cadeia evolutiva e em níveis altos e atributos para serem conseguidos, como é o caso do Omnimon, que é a fusão do Wargreymon com o Metalgarurumon. Vale ainda dizer que apenas evoluir diretamente pode não fazer o digimon possível, pois o jogo recompensa digimons que evoluam e involuam e herdem habilidade de diferentes linhas evolutivas. Inclusive, há um atributo, ABI, que é obrigatório para conseguir certos digimons de alta patente. Para aumentar a ABI do seu monstrinho, evolua-o ou involua-o para conseguir pontos.
A parte cruel é que ambos os casos o digimon volta pro nível 1, o que me fez jogar muitas horas no final pra treinar um monstro até o nível mínimo pra evoluir, só pra depois ele voltar pro nível 1 e eu ter que treiná-lo até o nível desejado novamente.

Resumindo: Digimon Story: Cyber Sleuth é um jogo ok e uma verdadeira montanha-russa de sentimentos. Quando eu treinava meus monstrinhos, evoluía, revisitava memórias do anime e das criaturas que já havia esquecido e todo o fanservice e me sentia no mundo digimon, eu curtia, porém, quando eu andava pela cidade conversando sem fim os papos mais desinteressantes do mundo, eu cansava muito rápido e chegava a desligar o Vita 10 minutos depois de tê-lo ligado, para então passar dias sem voltar à aventura.
De bom: as batalhas são bonitas e os modelos dos digimons e suas muitas animações de ataque são super legais. Sistema muito legal de conseguir digimons e te fazer continuar insistindo a ir atrás de mais, muito melhor do que o do Pokémon e ficar jogando pokébola ou esperando criaturas chegarem nos níveis. Demorei pra perceber, mas tinha um NPC que ajudava a saber o que fazer em seguida, pois em muitos momentos eu simplesmente passava as dezenas de páginas de conversa e perdia o próximo passo. O fanservice é bacana (no final mesmo tem uma torre que praticamente só aparecem os vilões da primeira temporada (Piedmon, Pinocchimon, Metalseadramon e Machinedramon). Depois de muito tempo descobri que poderia ter cortado umas boas horas eliminando as animações de batalha repetitivas nas opções.
De ruim: estória sem graça e muito arrastada. Diálogo demais pra falar nada (menos é mais)! Fanservice sexualmente apelativo tosco. As batalhas raramente dependem de estratégia e de fato eu zerei o jogo quase todo literalmente só apertando select pra ativar o auto-battle (os digimons apenas usam seu ataque mais forte e raramente curam). O jogo só começou a parecer uma coisa só encorpada depois da metade, sendo que antes eu era basicamente um estagiário resolvendo problemas toscos. A versão do Vita tem uns probleminhas visuais com texturas e serrilhados (vi o trailer da versão do Switch e o jogo é muito mais bonito). Odeio como não tem atalhos para coisas que usamos constantemente, como abrir as mensagens que as pessoas e digimons ficam te mandando a todo tempo, que além de serem tosquíssimas, me fazem abri um menu, mover até o ícone e o abrir (o d-pad mesmo só serve pro seu personagem andar super lento, coisa que não tem o menor sentido e desperdiça várias possibilidades). O jogo em si é super repetitivo em todos os quesitos, desde as batalhas até os personagens, diálogos, cenários e temáticas.
No geral, gastei 50 e poucas horas no jogo (umas 12h a mais do que o howlongtobeat.com dizia) e com umas 10 eu já estava cansado, mas os últimos capítulos foram mais interessantes e eu acabei os maratonando quase que sem querer. Cyber Sleuth não é o pior jogo do mundo, mas me decepcionou um bocado e só deu sabe quando jogarei sua sequência agora. Eu só recomendaria o jogo pra quem é bem otaku e fã de Digimon, mas não espere o melhor jogo do mundo!

Eu tô com o 3 parado aqui tem um ano quase, bicho. Esse ano eu retomo ele.
Essa chave tá embaixo do tapete da entrada da casa.
Esses guarda grande eu só passo rolando por debaixo das perna, todo inimigo grande costumo fazer isso kk
Mesmo que eu quisesse dizer aonde tá a chave, nem tem como pq não me lembro, acho que pega naturalmente em algum momento mais pra frente no jogo, pelo oque me lembro é fácil de acessar ai, difícil é um lugar que tem um dragão pra achar lá é um trabalho XD