Zerado dia 17/11/22

Embora eu não seja o fã número 1 de GTA V, gosto muito do jogo e sempre vejo o filho do meu padrasto o jogando ali na sala. Zerando e re-zerando o mesmo jogo sem parar. Até cheguei a recomendar platinar o jogo, mas não adianta. Ele prefere mesmo recomeçar a mesma campanha e jogar as missões de qualquer jeito. O ruim também é que o jogo é tão fácil que você vai do começo ao fim e mal fica bom o bastante para ir atrás de desafios opcionais mais difíceis.
Também recomendei que ele fosse para o online, dar uma experimentada e variada no gameplay, mas felizmente descobri a tempo que os servidores no Xbox 360 foram desligados. Aff!
Não vou menti que é enjoativo e até meio frustrante passar na sala e ver as mesmas missões pela enésima vez, mas não sou eu quem está jogando. A última recomendação foi que ele comprasse GTA IV e Red Dead Redemption, mas acho difícil o primeiro agradar quem já está acostumado com um título tão mais moderno como o V e o segundo não pareceu interessante para ele com toda a coisa de cowboy e andar a cavalo. Mas ele deve os comprar sim.
Detalhe: tem uma sacola cheia de jogos do console mas ele realmente prefere insistir no GTA V.

Embora eu esteja enjoado de ver Los Santos, de certa forma eu comecei a gostar ainda mais do jogo. Bem controverso, mas acho que ficar tão familiarizado com o mapa e lembrar de tanta coisa desde que o joguei, lá em 2013, por algum motivo ativa alguma coisa na minha mente.
As vezes estou no meu quarto sofrendo com um Killer7, Astral Chain ou mesmo Eternal Darkness e quando eu olho para a TV da sala, me bate uma vontade louca de ir lá jogar também. A liberdade que o jogo entrega, um bom gameplay, os cenários grandes e as cores do dia refletidas nos vidros dos carros, no asfalto, na água. Essa vontade recentemente me fez ir jogar The Simpsons: Hit & Run.
Mas não parou por aí! Eu queria mesmo era jogar algo da Rockstar e já estou até no clima de tentar aquela trilogia remasterizada, mas e os jogos que me faltam deles? Faz um tempo desde que me aventurei em títulos dos caras e terminei todos os GTA, os Red Dead Redemptions e Revolver, Bully, Manhunt, L.A Noire, os Max Payne. Basicamente só faltavam The Warriors, Manhunt 2 e alguns "relacionados" e sem urgência, como Oni e Body Harvest (não planejo jogar os Midnight Clubs, Beaterator, State of Emergency, Smuggler's Run etc).

A vontade era tanta que fui de PSP em tempos que só tenho jogado PS4 e Switch, mas eu realmente queria algo portátil e que pudesse juntar tudo o que faltava, The Warriors e Manhunt 2.
Ainda tirei outros jogos do cartão de memória para caber os dois. Oloco!
E assim comecei The Warriors. Nunca tinha visto o filme e tudo o que eu sabia é que eles eram uma gangue de Nova Iorque dos anos 70 que se vestiam como membros do Earth, Wind and Fire ou coisa assim e o famoso meme "Warrioooors, come out and playy-aaay"!
O começo da aventura é bem Rockstar. Tem uma apresentação bacana, personagens bem no estilo GTA e aquela engine que muito me lembra quando joguei Liberty City e Vice City Stories. Porém o jogo tem um Quê mais sério e escuro, mais parecido com a ambientação do Manhunt.

O começo do jogo é um tutorial te ensinando a lutar. Esse tutorial é importante pois há muitos comandos na porradaria, usando X, O, quadrado e combinações deles ou em situações bem específicas. Lembra um bocado Yakuza até e esse é um bom momento para mencionar que TW é um beat'em up mesmo, diferente dos mais comuns jogos da Rockstar que focam mais no uso de armas de fogo e se enquadram no gênero TPS (Third Person Shooter).
Durante esse tutorial eu estava quase me sentindo como se estivesse aprendendo a fazer combos complexos de Tekken, com timings e diversos botões.
Tá, não chega a ser tão complexo assim, mas eu não estava curtindo todo esse foco em aprender a lutar e fiquei com medo de que se não aprendesse, me daria mal na aventura (o que felizmente não aconteceu já que fiquei só nos movimentos básicos e simples como ataque fraco, fraco e forte).

O jogo ainda se difere por ser em capítulos mais lineares e curtos. É como se cada fase fosse uma missão de tempo médio do GTA.
Tudo acontece nas ruas de NY à noite, mas a sua liberdade de navegação é estrita ao cenário de cada missão. As vezes você tem corredores que levam a áreas mais abertas seguidas de mais corredores, as vezes há até um pedaço bacana da cidade, como um bloco com algumas casas, duas ruas e tal. Há algumas lojas que você pode entrar, cercas para pular e é até possível subir na maioria dos telhados das construções, seja por caixas que te permite escalar até lá, seja por meio de escadas.
Ao meu ver o jogo é feio quando o assunto é o seu estilo. Eu sempre menciono isso em jogos que são assim, mas eu odeio ambientes escuros, cheios de ferro velho, sujos e que parecem abandonados, quase como uma cidade pós-apocalíptica. Aqui ele tentaram retratar o gueto com tudo isso, cercas, barris e tudo é muito marrom e cinza, além de que sempre é noite. Meio cansativo para mim que ama a paleta de cores do Vice City, por exemplo.

Os capítulos contam com alguns objetivos dentro da missão do enredo e esses objetivo são relativamente limitados a bater num grupo de caras, quebrar vitrines de lojas e roubar uma quantidade mínima de itens, grafitar muros.
Há sempre empecilhos para fazer tudo durar mais, como amigos seus sendo derrotados ou presos pela polícia e você tendo que os ajudar, você ficando sem vida ou tinta para pichar e tendo que comprar itens de um vendedor até descobrir que está sem dinheiro e ter que bater em cidadãos para extorquir grana e assim por diante. TW se baseia muito nesse conceito de causar o caos par se dar bem e poder continuar a campanha, assim como também se baseia bastante em minigames até mesmo para levantar um companheiro caído, roubar o som de um carro ou fugir de um carro em movimento estilo Crash Bandicoot fugindo da pedra rolante.

Mesmo com as missões rápidas, de no máximo 20 minutos, eu não estava muito empolgado com o gameplay nem com os visuais. Estava jogando uma fase por dia na cama antes de dormir.
Foi aí que eu resolvi assistir ao filme. Poxa, como é que eu nunca vi o filme? Assisti e... É. Até gostei e a cultura ao redor dele é bem interessante. Meio que todo pai ou tio com aquele espírito mais "rebelde" tomou muita inspiração do fenômeno que foi esse filme. Isso é bem legal. Mas para mim a estética do filme é mais legal do que o filme em si, que deixou muitas dúvidas e pontas não amarradas no final das contas. Sério, qual o objetivo daquele filme? Há alguma mensagem ou moral? Filosofia? Ou era um "Velozes e Furiosos" da época?
Enfim, agora mais familiarizado descobri que tudo o que eu tinha visto e passado no jogo na verdade NÃO acontece no filme. Porém o filme em si é baseado em um livro, então nãos ei até onde a Rockstar tomou liberdades.
Mas até que faz sentido pois o jogo começa antes dos acontecimentos do filme e retrata bem a rotina da gangue The Warriors. O filme mesmo não conta nada, não se aprofunda em nada e acaba tão rápido que você mal pega o nome de algum personagem.

Eu estava meio decepcionado que o jogo acontecia antes do filme, mas também nunca entendi a lógica por trás desse jogo existir. Sei lá, não seria melhor só ver o filme logo? Fora isso, toda a temática e fanbase é mais velha e/ou cult e difícil ver essa galera jogando The Warriors num video game.
Só que lá no capítulo 14 (de 18), o jogo finalmente chega ao ponto que o filme começa! E eles adaptaram muito bem, mas é aqui que as coisas ficam meio diferentes, como se tivessem amarrado duas obras diferentes juntas.
Quando ainda era um jogo original, TW era mais focado no gameplay, fazer missões e explorar os personagens e desafios. A partir do momento que ele começa a seguir o filme, ele fica super linear, fácil e lotado de cutscenes. As partes que jogamos parecem meras desculpas para ligar uma cena à outra.
Foi legal rever essas cenas que ainda estavam frescas na minha mente e como eles adaptaram fielmente à obra ao jogo. Ser apenas os capítulos finais ainda prova como o filme é bizarramente curto e simples.

Resumindo: The Warriors é uma expansão + adaptação muito bem feito para os video games. A versão do PSP ainda fez muito bem em relação às demais, sobretudo à original de PS2. Ainda não consigo entender bem o porquê desse jogo existir ou seu público alvo, mas se você curte o filme e tem curiosidade e ainda curte fazer as missões dos GTA clássicos (sem a exploração), vale a pena conferir sim.
De bom: bom enredo. Gameplay simples. Tem uns chefes até legais. Adaptação bem feita. Tem conteúdo adicional para quem gostar e há a possibilidade de jogar multiplayer com mais um amigo. Tem as músicas do filme (sobretudo a minha adorada In The City - Joe Walsh).
De ruim: não curto muito a ambientação sem cores do jogo. O combate, grande foco de TW, é um caos e seu personagem bate e trava a mira nos amigos. É bem chato viver sem dinheiro e ter que ficar comprando lata de pichar ou cura. Os inimigos demoram um pouco demais para morrer (mesmo experimentando com diferentes combos). O gameplay na parte anterior ao filme é meio repetitivo e cansativo enquanto a parte do filme é mais focada em cinemáticas. Achei o jogo pouco carismático.
No geral, achei TW uma experiência ok. Porém dos jogos da Rockstar a partir do Grand Theft Auto III, ele só fica a frente do Red Dead Revolver e do Manhunt para mim. Meu conselho é: apenas assista o filme (e se gostar e quiser mais, volte ao jogo). Passável.

Sabia que ele estava em estado crítico, mas não soube de sua morte.