Registro de finalizações: Fable II
Zerado dia 15/11/21
Na época da escola, eu era muito inocente e tímido, vivendo na minha bolha de alguns jogos da Nintendo, brincando de boneco e LEGO, mas haviam uns amigos bem mais vividos e que conheciam de tudo um pouco. Eu achava essa galera sensacional. Jogavam RPG, compartilhavam conhecimentos de música (como tocar mesmo e teoria em geral) enquanto eu só boiava e ficava por fora. Muitas dessas experiências que eles discutiam estavam sempre aquém da minha realidade: eu não conhecia as bandas que eles ouviam, não tinha um PC para mexer, não tocava nada de instrumentos, não tinha TV por assinatura para ver os mesmos seriados, não curtia muito ler livros, nem tinha irmãos para fazer algo acontecer dentro de casa. É, era uma vida bem pacata a minha, haha.
Eu só fui ter meu primeiro computador em 2006, com 16 anos, no segundo ano do ensino médio (internet, então, apenas em 2008), e só o tive por encher tanto o saco da família e jogando o clássico "eu preciso para estudar". Era um PC fraco, comprado nas Casas Bahia e que serva para emular N64, PS1, Game Boys e, finalmente, jogar umas coisas de computador, como os Star Wars Jedi Knights e o tão falado Fable.
Apesar de não ter meu computador por tanto tempo, eu manjava alguma coisa já. Matei umas aulas aqui e ali para jogar Counter Strike e GTA Vice City na Lan House quando moleque. Já na casa do meu primo vizinho, com sua caríssima máquina, jogávamos um bocado de coisas como o próprio Vice City do início ao fim, GTA III, Gunz The Duel e muito mais. Nessa época passávamos eras viciados em um único jogo.
Já esse tal de Fable era uma sensação entre os conhecidos: um RPG 3D com total liberdade. Monte o personagem como quiser, tome decisões e rumos bondosos ou malignos ao decorrer da campanha e viva aquele mundo! Eu me cansei de jogar aquele título! Foram muitas horas na primeira campanha, do bem, e mais uma segunda jogatina bem curta sendo mau, já que a aventura se mostrou bizarramente breve se focada apenas nas missões principais.
Fable ganhou sequências, mas eu nem devo ter ficado sabendo por muito tempo. Erámos felizes com apenas um jogo mesmo e eu não tinha muita noção de jogos que eram lançados. Curiosamente eu tive a chance de voltar ao mundo de Fable muitos anos depois na casa de um amigo que tinha a Anniversary Edition ou coisa assim no Xbox 360 e o achei bem feio. Fora que me surpreendi ao ver que o mapa era verdinho de tanta natureza, sendo que no meu jogo era tudo branco. Só aí percebi que meu computador não conseguia rodar as texturas de mato do mapa, haha.
Mais uns anos se passaram e eu fui atrás de saber o que tinha acontecido com a franquia. O jogo original, lançado em 2004, eu só joguei em 2006. Em 2008 foi lançado o segundo. Depois ainda houve um terceiro e um de Kinect (até onde lembro). Um dia os jogaria, com certeza.
Agora, há uns dois anos, estava andando na feirinha aqui da cidade e dei uma olhada no catálogo dos títulos piratas (e extremamente baratos) de Xbox 360. O meu console é desbloqueado, mas é a versão que é quase como bloqueado: requer os jogos gravados em mídia e tem acesso completo online. Nessa banca eu resolvi procurar algo interessante e esbarrei com Fable II. Cara, eu precisava ter aquele jogo! Comprado!
Infelizmente o meu Xbox 360 e os muitos jogos que tenho nele foram meio que sendo deixados de lado e ofuscados pelo Switch, PS4, portáteis e até mesmo o PS3. Na verdade eu fiquei com um pouco de preguiça dele, sem exclusivos e com esses jogos piratas, conquistas para uma conta que não me importo em melhorar (sei que isso vai mudar assim que adquirir um Xbox Series no futuro). O console ficou na categoria ali do PS2 e Wii pra mim e digo mais: com entradas de vídeo tão limitadas na TV, ficou ainda pior ter que trocar cabos HDMI e tal.
Bom, recentemente rolaram mudanças no meu quarto: comprei uma cama nova maior e aproveitei e substitui a pequena estante de TV e consoles para uma mesa maior. Ficou show! Aproveitei o espaço em abundância e resgatei meu 360 que estava na sala, para o caso de ter visitas e tal. Cheguei a jogar uma coisa ou outra casualmente nele (inclusive fechei o FEZ nele ano passado), mas a sala é muito disputada aqui e eu não tenho motivos para ficar lá, sobretudo para jogar.
Resolvi rodar alguma coisa nele e um amigo estava falando que começou a jogar Fable. Chegou a hora! Hora de carregar pilhas...ô saco! Aproveitei o tempo e fui ver um review do primeiro jogo pois não lembrava de muita coisa dele.
Instalei o barulhento console na TV já que o Switch também anda meio de lado, conectei na internet, atualizei o jogo e parti.
Inicialmente há uma CG muito bacana e tal, seguida pelo jogo em si. Os visuais são bem 2008 mesmo, início daquela geração. A temática GRITA jogos europeus tipo Kameo: Elements of Power. Não sei se sou muito fã disso. E o BLOOM? Meu deus, é muito bloom!
Parei para pensar que era um jogo do início da geração. Geração passada.
Não, pera. Duas gerações atrás! Que bizarro! Jogos em HD já estão ficando antigos e...envelhecendo! Fable 2 é o maior exemplo disso. Os efeitos visuais e o gameplay são uma mistura estranha de jogo antigo com "nem tão antigo assim". Com os olhos acostumados a jogos de PS4, dá para notar mesmo uma grande evolução na indústria. Sem contar que F2, como já mencionei, é um título de início de geração.
O pior é que eu esperava mais, e isso é um erro. Eu esperava algo no mínimo estilo Skyrim, mas tive algo mais Oblivion. Talvez até um pouco puxado para Morrowind.
Depois de tanto tempo, também comecei a perceber como as coisas evoluíram também em relação ao próprio controle, que anteriormente eu diria ser perfeito, mas agora sente como "plástico demais". A resposta dos botões e seus tamanhos também são esquisitos. Sinto isso com o controle de PS3, mas parece que daquela geração, o Dualshock 3 envelheceu melhor.
Enfim, vamos ao jogo!
Bom, F2 é exatamente como a sequência do clássico deveria ser. Usa muito da mesma lógica de gameplay e desenvolvimento de personagem e enredo. Muito do que eu lembro está de volta, seja isso bom ou ruim.
A história é simples mas bem bacana, mas há uma cara um pouco mais moderna na ambientação (e o uso de armas de fogo). Tudo começa com você e sua irmã aprendendo o básico do jogo na cidade, e então pula para o futuro, sendo você um jovem adulto.
Logo você terá a companhia de um novo amigo: um cão! Lembro que a galera falava muito do fato de você ter um cachorro quando o Xbox 360 ainda era o console do momento. Parecia revolucionário e muito interessante! É muito legal ter esse amiguinho com você na sua jornada e ele ainda te ajuda a achar tesouros pelos cenários!
O restante do jogo é bem familiar a quem já conhece a franquia: combate apertando mil vezes o mesmo botão, como um hack 'n' slash simplório, ganhar orbes ao abater oponentes e investir em habilidades passivas (força, velocidade etc) ou ativas (soltar choque, parar o tempo etc). Você ainda pode equipar diversas roupas e armaduras para mudar a sua aparência, comprar armas de curta e longa distância, fazer tatuagem, se casar, comprar casas e muito mais.
Há bastante coisa para fazer além das missões da campanha. Além das missões secundárias, que são bem legaizinhas, você pode inclusive arranjar emprego, que geralmente envolve apertar um botão no momento certo diversas vezes, como foi meu trabalho de ferreiro: espere o rápido marcador ficar acima da barrinha verde e aperte A. Quanto mais vezes você o fizer corretamente, maior será o multiplicador e mais dinheiro você ganha. Chegue à uma quantia específica e você sobe de cargo, sendo que agora faz a mesma cosia um pouco mais difícil e ganhando mais. Tentei chegar o nível máximo, 5 estrelas, mas leve muuuuito tempo.
Já as demais missões você pode marcar no menu de quests e uma luz no chão te guiará até a localidade. Por padrão as missões da campanha são marcadas e basta seguir a luz o jogo todo. Ela vai te levar até onde você precisa ir em seguida SEMPRE (é possível desativar) e você não tem que ficar explorando ou se preocupando em como chegar à um local desejado. É moleza. Pior que se você morrer só perde um pouco de experiência e continua dali mesmo, com vida cheia e tudo. Pra quê se preocupar em comprar poção ou se curar? A dificuldade em Fable II é uma piada!
Há ainda a opção de usar fast travel para qualquer local já descoberto.
O howlongtobeat.com mostra que esse jogo tem a duração de 13 horas. Bem pouco, né? Mas o lance dessa série parece mesmo ser ir além da campanha principal e a imersão. Infelizmente não é tão simples assim o jogar hoje em dia e tendo títulos que já evoluíram a fórmula, como esses The Elder Scrolls e The Witchers da vida. Mas acho que Fable ainda mantém suas originalidades, sendo mais "Disney" e menos sério, mesmo tendo conteúdo mais...adulto?
Eu dei uma arrastada nele, ainda assim. Muito trabalho e cansado e a aventura tem momento repetitivos, missões fáceis demais e cenários quase sempre escuros e/ou vazios. Não há nada de satisfatório em vencer e eu mal me preocupava em ir atrás de equipamentos melhores. O resultado era: eu caía no tédio rápido e logo preferia desligar o console e dormir ou fazer outra coisa.
Felizmente há missões bacanas aqui e ali que me fizeram ter mais força de vontade, mas não passou nem perto do gosto que tinha na adolescência em jogar o original. Saber que estava tão rapidamente perto do final também me deu um bom empurrão (mesmo com as missões finais sendo muito longas).
Resumindo: Fable II é um bom jogo, principalmente para se jogar em sua época ou se você não estiver muito acostumado com títulos semelhantes mais modernos. Eu não gosto de criticar visuais ou experiências que faziam sentido na época e hoje em dia seriam diferentes, mas acredito que esse jogo tenha sofrido um pouco a ação do tempo, algo que esperava apenas de seu antecessor.
De bom: muitas possibilidades de jogo, customização, exploração, caminhos a serem seguidos e segredos a serem encontrados. Bom enredo. Vários personagens bons e que me deixaram curioso pela possibilidade de os rever no jogo seguinte. Fator replay bem alto.
De ruim: jogo fácil demais. Visuais dignos da época da transição da geração PS2 para Xbox 360. Muitas missões parecidas, explorando cavernas e tal. Não tive a sensação de liberdade em explorar o mapa que esperava. Tem conteúdo trancado atrás de acesso online (vi um baú que me pedia para acessar um site, conquistas relacionadas a jogar com amigos etc). Achei que o jogo reutilizou demais da fórmula do primeiro Fable. O final é muito fraco e a aventura acaba meio que do nada. Exagero nos efeitos de blur e bloom.
No geral, é bem complicado falar desse jogo. Não sei se recomendaria para ninguém senão fãs da época ou que ainda jogam os demais Fables e sabem o que esperar. Tenho até medo de um dia voltar a jogar o original pela nostalgia. Tem coisas bem melhores para jogar no console e bem melhores do gênero em outras plataformas. Ainda assim jogarei pelo menos o terceiro um dia e toda a crítica negativa que o The Completionist fez sobre o título anterior começou a fazer sentido (até então tinha achado que ele não tinha o entendido bem). Talvez seja um pouco tarde para jogar Fable. Meu veredito: não vi motivo para jogar ambos os títulos que joguei da franquia. Completamente esquecível e passável.
Fable II
Platform:
XBOX 360
1691
Players
73
Check-ins
Ótima a análise. Tenho ele em. Mídia física e digital mas não joguei ainda.