Zerado dia 05/06/19

Eu comprei o primeiro Nier de PS3 há um século atrás e deixei na estante. Já o Automata faz uns 3 anos pegando poeira na minha estante. O fato é que o primeiro eu comprei aleatoriamente por ter gostado da capa e ter achado que era exclusivo da plataforma por algum motivo. Já o segundo eu adquiri porque eu via muita gente procurando pelo jogo na época de seu lançamento (e depois) mas ele raramente aparecia, e com um preço salgado.
Um dia, porém, Automata surgiu por apenas R$100 num grupo do Facebook e sabendo que eu iria querer jogá-lo e pelo medo de ele sumir ou ficar muito caro, acabei pegando. Na pior das hipóteses, eu conseguiria ao menos vendê-lo e provavelmente por mais do que paguei.
Joguei o primeiro Nier há uns tempos (e publiquei aqui no Alvanista), mas nem curti muito e isso meio que tirou minha vontade de jogar sua sequência por um tempo. Na moral, eu só comecei Automata porque ele tava parado e eu tô querendo uns jogos específicos. Bora passar pra frente!

Antes disso, meu primo comprou um PS4 recentemente e para ajudar, emprestei uns jogos. Ele amou God of War, mas disse que não conseguiu jogar Automata por ser muito "lombrado". Mas não é um hack 'n' slash? O cara ama Devil May Cry e outros do gênero!
Com o jogo de volta a minha casa, era hora de começar. Logo você vê a logo da Platinum Games. Eu nem lembrava que esse jogo era da Platinum! Animei bem mais. Sabia que eu adoraria!
O jogo começa com você controlando um robô atirando em inimigos bem ao estilo shmup. What? Felizmente logo essa seção acaba e você está a pé usando uma espada para cortar robôs. Aaaah, o sentimento de jogar Bayonetta! Até a movimentação é bem parecida, mas com menos cores, personagens e músicas mais sérios.
Você tem um botão pra ataque "fraco", outro pra ataque "forte", um pra travar a mira no oponente, outro pra atirar com seu drone (que fica sempre atirando em linha reta se você segurar o botão dele, mas se estiver com a mira travada, ele atira onde estiver marcado) e mais um botão da esquiva, que se executado na hora certa, evita quaisquer danos e ainda dá a possibilidade de um contra-ataque bacana. É bem Bayonetta.

Logo você percebe que a aventura não é linear. Você está numa cidade, tem marcações no mapa, quest principal, sidequests, inimigos andando por aí, sistema de level up, coleta de espólios, equipamentos etc. Legal! Um Bayonetta com elementos de RPG, menos linear.
Seguindo a missão principal, você é mandado de um lado pro outro na cidade, procurando rotas e tal. Nesse meio tempo, robôs e animais te atacam quando bem entendem, mas nada é um problema.
Ao chegar na segunda parte, que é um deserto, o jogo fica mais "otaku", com personagens mais edgy e AQUELE tipo de plot.
Nada é muito empolgante, quase tudo é contado por texto e se você não prestar atenção, fica ainda mais monótono. Ao menos de tempos em tempos você abre partes diferentes no mapa, com temas diferentes: cidade em ruínas, deserto, parque de diversões, cidade alagada etc.
Eu realmente não conseguia animar com o jogo pela falta de inovação e muita repetitividade. Mas perto do fim foi que as coisas pioraram: um chefe ao lado do savepoint que era muito apelão e talvez eu não tenha melhorado as minhas armas o bastante. Uma batalha longa e difícil e eu com poucas poções. Usei tudo na primeira tentativa e quando voltei pro checkpoint, não tinha nenhuma! Nem mesmo a possibilidade de sair pra outro lugar e comprar! Foi tendo demais!

Depois mais e mais chefes. Cara, que experiência horrível! Inclusive o jogo gosta muito disso: partes chatas e que você não tem escolha (há a opção de trocar de dificuldade nas opções, mas nem lembrei, além de que a dificuldade normal deveria ser mais balanceada!).
Depois de bolar umas artimanhas e terminar o jogo com 10 horas, você pode considerá-lo terminado ou continuar jogando, sendo que ao carregar seu save, você já começa a aventura pela "rota B", que é meio que o lado da estória pelos olhos do outro protagonista. Em resumo, é como rejogar tudo de novo, mas você vê o que ele fez em partes em que se separaram e tal. Além disso, ele tem mais partes de shmup com o robô e vai mais forte numa mecânica que antes era mais pra defesa: hacking. Em diversas partes, você usa dessa habilidade para abrir portas, baús e até entrar na mente dos inimigos.
Ao fazer isso, se inicia um "minigame de navinha" que é meio que 8bits mas 3D em que seu objetivo é sobreviver e destruir a todos os alvos.
Chegando aí eu percebi que Nier: Automata era uma grande bagunça: shmup, navinha, hack 'n' slash, partes mal feitas de dificuldade, ficar indo e vindo de um ponto a outro com umas desculpa esfarrapada de "enregue isso, algora volte". O que diabos é esse jogo?

A segunda campanha, que é a do segundo protagonista começa com um robô tentando ressuscitar o outro. Ele resolve pegar um balde com óleo e trazer de volta pro amigo. Isso demora um bom tempo pois o robô é lento e com o balde você não pode pular nem pisar em nada senão ele escorrega e derruba tudo. Essa parte é bem diferente do resto do jogo, mas é bem lenta. Acho que isso adiciona à imersão, certo? Depois o personagem voa, destrói um monte de robôs, faz isso, faz aquilo, destrói mais robôs, hackeia um chefe e tal. Isso tudo demora uns 30 minutos e aí tem uma parte que você controla só seu drone e tem que defender o protagonista de ser atacado por ondas de inimigos. É tenso, ainda mais se você tiver perdido vida em todo esse tempo antes de chegar nessa parte.
Sabe o que acontece se ele morrer, o que é bizarramente fácil? Zeramento! "A humanidade de perdeu pra sempre". E sabe o que é pior? Você tem que recomeçar tudo desde o robôzinho carregando óleo. É UMA MERDA. Cheguei a fazer isso tudo umas 5 vezes ou até mais e por pouco não desisti. Frustrante é pouco.

Após ver basicamente a mesma coisa duas vezes (agora estava com 15 horas de jogo graças aos equipamentos e níveis que se mantiveram da primeira campanha), é hora de seguir para a próxima parte.
Agora finalmente a estória voltou a se desenvolver e o inimigo é outro: um vírus que está tomando conta de robôs e androides, além de outras coisinhas. Aqui o jogo começa a ficar ainda mais esquisito, dramático e filosófico. Todo o Bayonetta que havia em Automata agora se torna Kingdom Hearts. Viagem atrás de viagem. A ação dá lugar a partes em que os personagens estão afetados pela "doença" e mal conseguem andar em meio à inimigos e partes que você tem que chegar em um destino dentro de um tempo limite.
A estória, que já era séria, fica ainda mais sem graça, agora que os personagens definitivamente são personagens de anime, dando berros e jurando matar a todos quando um ente querido morre. Um deles dá um berro tão alto que surgem construções brancas no meio do mapa.

De repente todo mundo é inimigo, as cidades são destruídas e os inimigos...aaaah os inimigos. Seus ataques parecem não tirar nada do robô mais tosco. Os robôs estão sendo atacados mas dane-se, vou atacar de volta. Ninguém respeita seus golpes! Você agora enfrenta ondas gigantes de máquinas e sofre dano constantemente. Prepare-se sempre comprando 99 de todos os tipos de cura! Além de tudo, cada golpe tira 50% do seu HP.
Me questionei constantemente se eu estava abaixo do nível do jogo, mas aparentemente não! E se estivesse, o que eu deveria fazer? Bater em robôs aleatórios pelo mapa por 2 horinhas? Fiz um bocado de siquests e sempre enfrentava quem estava no meu caminho, mas não foi o bastante! Não haver um sistema de equipamento de armadura também é super estranho pois a todo momento parece que a minha defesa só piorava!
Mas de volta ao jogo, jogo você estará jogando com personagens novos e a estória cada vez menos faz sentido. Sem contar que parece que estão só a arrastando mais e mais.

Já perto do fim, surgem mais um bocado de coisas pra fazer e revisitar os mesmos mapas pela milésima vez. Eu só queria que acabasse logo!
Você zera só pra dar load no jogo e continuar a estória. Qual o sentido disso? Fora isso, Automata tem uns 20 e poucos zeramentos e muitos deles podem acontecer a qualquer momento com uma escolha ou ação errada. Eu fiquei as últimas horas inteiras com muito medo de ferrar meu jogo e ter que recomeçar do último zeramento e ter que fazer muitas coisas de novo.
Jogue com esse personagem. Agora jogue com esse. Agora com esse de novo. Agora com esse de novo. Vira uma palhaçada sem sentido. E o drama forçado? Pelamor!
Na reta final, o jogo se torna definitivamente Kingdom Hearts e um jogo bem diferente do que era na primeira playthrough e de certa forma, até mais interessante. Mas eu realmente não aguentava mais! 22 horas repetindo a mesma coisa, morrendo de formas aleatórias e tendo que refazer grandes e demoradas partes. É uma piada de mal gosto.
O sentimento é de estar jogando algo do PS3 ou mesmo do PS2.

Resumindo: Nier: Automata tenta ser um jogo diferente (e até consegue) e profundo, mas aca se resumindo a algo repetitivo e muito confuso e injusto. As primeiras horas foram tediosas, mas com muito potencial para ser algo muito maior, mas depois da metade da jogatina, virou algo frustrante, otaku e bizarro. Uma grande decepção.
De bom: as vezes os visuais são bem bonitos. A trilha sonora é ótima. Gostei dos personagens. Muitos zeramentos.
De ruim: problemas de framerate. Estória forçada e sem graça (apesar de ter umas partes bem bacanas, mas não compensam). Eu nunca sei se estou fraco ou se o jogo que ficou tenso do nada. Mesmo os inimigos mais toscos ignoram seus ataques e começam a te bater do nada, e ainda tiram muito HP. A parte de defender o personagem que me fez refazer tudo novamente umas várias vezes. A dificuldade de alcançar lojas para se reabastecer em situações críticas, como nos momentos finais do jogo (tive que matar o último chefe sem poção nenhuma). Quando você toma um dano, você fica um tempo susceptível a mais golpes e, possivelmente, a morte. Checkpoints esporádicos, sendo que as vezes você perde um progresso bizarramente grande. Tudo é muito sintético, mesmo tentando ser realista (daí o sentimento de gerações anteriores). Tedioso e repetitivo. A direção de arte não faz o menor sentido as vezes: você está voando por um túnel, quais as opções de câmera? Atrás como Star Fox ou por cima? Vamos fazer um diagonal de cima pra baixo e sem mostrar o destino de onde você está indo e ainda deixar o jogador confuso com a percepção dimensional (sério, só vendo pra saber o quanto isso é bizarro e como os controles ficam esquisitos).
No geral, não recomendo Nier nem Nier: Automata a menos que você seja: 1) bem otaku que curte um Naruto. 2) Preparado para um jogo desequilibrado. Foi uma grande decepção para o que ele poderia ser. Olha esses personagens e robôs! Bom, ao menos vou trocá-lo em breve!

muita gente gostaria de ter um switch so pra jogar essa perola