Por que jogar RPG?
Por que jogar RPG?
RPG é a sigla para a nomenclatura em inglês Role-Playing Game, que traduzindo seria um Jogo de Interpretação de Papéis. Trata-se de um jogo onde pessoas se reúnem e criam personagens nos quais eles irão atuar através deles em um mundo de acordo com alguma temática desejada (medieval, cyberpunk, futurista, mundo atual, etc.). Através de um sistema de regras escolhido antes da aventura começar (existem diversos manuais que tratam sobre as regras desses sistemas, que podem ser D&D, Gurps, 3D&T, Vampiro, entre outros), os jogadores tomam a pele desses personagens e interpretam suas ações através deles, culminando em diversas consequências para o desenrolar de uma aventura.
Além disso, existe a figura do mestre, que é o narrador da estória em que os jogadores estão situados. É ele quem decide quais situações ocorrerão, quais tipos de desafios os jogadores terão que enfrentar, entre outros fatores. Ao mestre, cabe o papel de ser o criador enquanto os jogadores são os exploradores.
Outra maneira de se jogar é através dos RPGs eletrônicos. Os jogos para consoles são bastante conhecidos por oferecer jogos variados e de universos incríveis , explorados através da perspectiva do jogador. Neles, o player encarna certos personagens pré-definidos ou cria o seu próprio avatar, onde irão percorrer um mundo e viver a história presente nele através da jornada principal ou de outras possíveis atividades.
Fica então a pergunta no ar: por que jogar algo que parece tão complicado e maluco? Por que jogar RPG poderia ser algo interessante?
Algumas respostas podem ser providas para essas indagações. Jogar RPG se mostra como uma prática complexa de relações entre pessoas, visto que há a relação entre jogadores através de suas personagens, personagens essas que vivem em um mundo com suas próprias regras sociais. Isso gera um exercício de se colocar em diferentes situações e em diferentes pontos de vista, visto que essas personagens, muitas vezes, têm características totalmente diferentes dos jogadores que as interpretam.
Além disso, a atividade dá aos jogadores e mestre a oportunidade de treinar habilidades artísticas que muitas vezes não são possíveis em contextos diários ou até mesmo escolar. O fato de o jogador treinar sua capacidade de atuação, ou de poder criar personagens tal como em um conto ou romance, mostra algumas das possibilidades de prática envolvendo o RPG. Posso dar como exemplo uma personagem que era um bardo, ou seja, um aventureiro que vivia da música e da arte, cantando suas aventuras através de canções. Para dar mais substância à personagem, criei poemas e canções que narrassem as aventuras do grupo ou que adicionassem camadas de personalidade a ele. (Retirei a ideia de uma personagem apresentada no livro Dados e Homens: a história de Dungeons & Dragons e de seus jogadores, escrito por David M. Ewalt. Recomendo bastante para o leitor que deseja conhecer mais sobre RPG e a sua construção).
Como exemplos de jogos eletrônicos, poderíamos citar as inúmeras possibilidades de aprendizado, afinal, para que o jogador consiga prosseguir no jogo, é necessário aprender uma série de comandos e estratégias para que possa passar por todos os desafios propostos. Além disso, todo RPG gira em torno do seu próprio universo, que deve ser apropriado pelo jogador e apreendido por ele, gerando um imenso aprendizado sobre o mundo vivido (jogado).
Tomando como base as possibilidades citadas anteriormente, podemos ver que o RPG tem um cunho pedagógico bastante grande. São inúmeras as possibilidades de aprendizado presentes nas partidas jogadas. Ao mestre, por exemplo, aprender a prática do planejamento e da aplicação das regras de um sistema é de extrema importância para que o mundo criado seja verossímil e criativo. Além disso, ele deve praticar sua capacidade de criação frente aos caminhos escolhidos pelos jogadores, visto que muitas vezes foge do planejado. Já os jogadores devem pensar em resoluções lógicas e diversificadas para os problemas apresentados, além de terem que trabalhar em grupo para resolver desafios que só poderiam ser resolvidos de forma cooperativa. Saber táticas e como falar perante as diversas situações que, por muitas vezes, envolvem a diplomacia exige que o jogador organize seus argumentos de maneira a conseguir o resultado desejado.
Outras maneiras pedagógicas que poderiam ser utilizadas é o estudo de disciplinas escolares através do jogo de atuação. Por que não aprender inglês através de uma narração inteiramente em inglês? Ou através de um jogo eletrônico totalmente em inglês? Ou aprender geografia através da análise de um mapa para se determinar a melhor forma de se chegar a algum ponto, analisando aspectos como clima, relevo, distância, escala entre outros? Ou jogar um RPG ambientado na segunda guerra mundial e aprender história de uma maneira lúdica e interativa?
As possibilidades são vastas. Mas o objetivo maior do RPG sempre será a diversão. Jogamos porque nos divertimos com aquilo. Jogamos porque vivemos diferentes vidas através da atuação, o que contribui para sermos seres mais empáticos. É por esses e mais inúmeros motivos que RPG é uma atividade de diversão, aprendizado e cooperação.
Texto fantástico!
Para o pessoal que curte D&D, e tem domínio da língua inglesa (pelo menos ler legendas em inglês), procurem por Critical Role no youtube.
São voice-actors (dubladores americanos), que jogam semanalmente partidas de dungeons and dragons, e consegue explorar bastante a parte de atuação do RPG de mesa, e também o Mestre, é um monstro em criar universos mega detalhados.
Um incentivo pra galera dos games são justamente os dubladores, a maioria já trabalhou em grandes games.
Temos Matthew Mercer (DM), Ashley Johnson, Laura Bayley, todos são sensacionais!
Parabéns! Seu artigo virou destaque!
Se joga rpg por escapismo. Num rpg você pode ser alguém que voce nao conseguiu ser na vida real, dá pra esquecer por um momento a vida ruim e sem graça da realidade, para imergir numa idealização imaginaria.
Muito bom o texto.
Eu sempre penso que tem vários gêneros de jogos,tipos e etc. são pra se divertir,mas em RPG ajuda em diversão,cooperação,socialização,organização,imaginação e etc, (fora que ajuda no inglês também.)
Vejo mais pros do que contras em conhecer e jogar RPG sinceramente :)
Já estive nos dois lados do espectro, seja no RPG de mesa e no eletrônico. O de mesa, já mestrei várias vezes, mas já faz mais de uma década que larguei essa vida. Peguei aversão. Não sei explicar. Nos eletrônicos, já faz um tempo desde o último, devido ao tempo que exigem, mas qual jogo hoje em dia não tá fazendo isso, né? Sem contar que quase tudo quanto é ação e aventura tá tendo um elemento que outro de RPG nas administrações de itens, poderes e afins. E é uma excelente forma de se aprender inglês, pelo menos na década de 90 era, mas agora tá tudo vindo traduzido (uns meia boca, mas tá vindo), o que deixa a galera preguiçosa nesse aspecto.
pra quem curte,alguem subiu 3 filmes legendados sobre rpg chamado the gamers...meu preferido é o 3,because card game
Saudades dos meus 15-18 anos quando jogava RPG de mesa..
Parabéns pelo texto, muito elucidativo.
Eu me considero um jogador quase que exclusivo de RPGs. Desde meu super Nintendo, no início da década de 90, tem sido meu gênero favorito. Conheço quase todas as principais séries, tendo terminado 214 jogos até hoje. A cada RPG novo, a jogatina é revitalizada. É parte da minha vida.