Finalizado em 07/11/2022
Depois de boas horas jogando Prey finalizei com uma boa experiência, mas também com algumas críticas.

Confesso que em termos de terror, no sentido mais comum e popular do termo, eu esperava mais do jogo. Eu tinha alguma expectativa de que fosse algo mais puxado para o gore, como Dead Space, e mais sombrio, mas as criaturas tem um design bem clean, e por mais que se desfaçam em pedaços é sempre algo muito limpo e quase etéreo. O que não é um problema, mas não me passou a carga dramática que eu esperava e acabei tendo que enfrentar seres meio orgânicos, meio eletrônicos, alguns fundidos com elementos (fogo e eletricidade), etc...essas coisas não me remeteram ao horror mais físico que eu esperava.
A mesma coisa os cenários, apesar de serem bem pensados, provocam tensão em alguns momentos, mas no geral tendem a ser amplos e de fácil visualização, a estação parece quase um shopping center que deu problemas. Nesse sentido eu também esperava uma coisa mais claustrofóbica, como um game com ambientação espacial costuma ser. De novo, não é um problema, mas eu acabei criando expectativas que se frustraram. A amplitude do espaço externo, por exemplo, ficou incrível, essa sim deu aflição de se ver diante daquela imensidão.

A ambientação e construção da Estação Espacial Talos I foi muito bem elaborada, pensando em diferentes formas de acessarmos os setores, fazendo com que possamos explorar vários recursos para entrar nos lugares - passagens de ventilação, transformação em objetos, armas que atiram e ativam painéis à distância, dominação mental de máquinas, e etc... isso deixou o game bem dinâmico.

Agora o que realmente me incomodou foi a dinâmica de ficar entrando e saindo dos setores, e cada mudança tem uma tela de carregamento que, pelo menos no PS4, é um tanto demorada. Notei que esses carregamentos servem para redistribuir os inimigos, atualizar alguns status, calibrar algumas tomadas de decisões, mas mesmo assim achei ruim, poderiam seguir outro modelo, como o do jogo Vampyr, que considero ter uma calibragem bem bacana para fazer a redistribuição de inimigos no mapa.
Desnecessário mesmo foi ficar indo de um lado pro outro pra completar missões só pra fazer a gente ficar entrando e saindo dos setores, principalmente no final. "Vem me encontrar no topo da estação...ah, não estou aqui, mas preciso que você ande a estação inteira pra pegar uma coisinha pra mim, lá do outro lado...agora volta aqui pra falar comigo, agora, volta lá pra baixo pra girar uma chave e volta aqui pra cima"....pelo amor de deus gente, pra que? Acabei de vir de lá, sério que você me fez vir aqui pra dizer que eu tinha que voltar pra lá pra apertar um botão? Por que não falou pelo rádio isso?

Apesar de a estação ser bem planejada, o mapa geral não é muito grande. Somando as missões principais com as missões secundárias, essa ida e volta fica ainda mais repetitiva e um ponto irritante. Fiz algumas missões secundárias no começo, mas depois de perceber que a maioria não trazia benefícios significativos, deixei de fazer muitas missões e focar apenas nas principais. No geral acho que apenas 4 missões secundárias tem resultados interessantes e liberam bons recursos. Tirando isso não vale a pena fica indo e voltando nos mesmos lugares, só de pensar em ter que ficar subindo e descendo e esperando as telas de carregamento eu já desistia.

Também me incomodou um pouco o modo de comunicação com os outros tripulantes da estação. Eles ficam o tempo todo ligando, um atrás do outro, por vezes você tem cinco chamadas seguidas, cada um falando uma coisa, dando instruções diferentes, você tem que parar pra ouvir, e a coisa piorava quando você estava sendo atacado por 300 alienígenas e tendo que ouvir 8 chamadas de gente da estação inteira, eu me senti praticamente um atendente de callcenter tendo que lidar com tanta informação ao mesmo tempo.
Isso se tornou ruim pois o game tem uma história bem interessante e enigmática, mas que você não consegue prestar atenção em algumas informações importantes pois ao mesmo tempo em que a informação está sendo passada, tem um ataque pesado acontecendo e você não consegue prestar atenção na informação completa, e aí, quando a luta acabava eu me pegava pensando "tá bom, o que é que eu tinha que fazer mesmo que falaram comigo e eu não prestei atenção?". Algumas desses informações não tem como ser recuperadas e eu simplesmente seguia os meus instintos. Se era pra ser de propósito, conseguiram.

Dos pontos positivos pra mim, além da história bem instigante, foi o sistema de inventário, produção de itens e habilidades adquiridas. Prático, objetivo e eficiente. O que falta na fluidez de movimentação entre setores do cenário, tem de sobra no inventário e na organização de tudo: diários, senhas, dados de pesquisas, habilidades etc...muito efetivo.

Não é só você, apesar de ele ser bem mais que um AC Japão hehe