MINHA EXPERIÊNCIA COM GOD OF WAR RAGNAROK: CONTÉM SPOILERS
Sou fã da franquia desde o Playstation 2 e acompanhei toda a jornada do Kratos desde a mitologia grega até a nórdica e ouvia sempre o seguinte comentário: " Kratos era um personagem vazio e ruim nos jogos antigos e virou um bom personagem a partir do jogo de 2018". Esse tipo de comentário nunca fez sentido para mim, pois nunca vi ele como um personagem vazio, mas sim alguém sem esperança e cego pela vingança. Nos primeiros jogos, vemos um Kratos desesperado pedindo ajuda de Ares para salvar sua própria vida e isso acaba trazendo uma consequência que mudaria a vida dele completamente, quando foi enganado pelo mesmo deus que o salvou, fazendo o próprio Kratos matar sua esposa e filha sem perceber, o que fez com que ele recebesse uma maldição da oraculo do vilarejo, tendo as cinzas de sua filha e esposa presas ao seu corpo, o que o deixou conhecido como "Fantasma de Esparta".
O fato de ser manipulado e traído o tempo todo por outros deuses é um outro fator que aumenta ainda mais o ódio de Kratos, ficando cada vez mais cego pela vingança, mas não significa que a humanidade desapareceu de dentro dele. Em certos momentos da franquia, vemos Kratos um pouco mais sentimental, principalmente quando ele vê sua filha e esposa, ou quando ele conhece a Pandora e começa a se importar com ela como se fosse sua própria filha. Então dizer que ele era um personagem vazio e que só sabia gritar e matar, não é verdade, assim como não descaracterizaram o personagem no game de 2018, apenas evoluiram ele, em uma construção que começou lá no primeiro jogo de 2005 até a redenção dele no Ragnarok.
No jogo de 2018, vemos uma mudança enorme na franquia: Nova mitologia, alteração de câmera ( que é sem cortes) e como eu disse antes, uma mudança na personalidade do Kratos, trazendo um personagem mais sábio, que aprendeu com os erros do passado e que iniciou uma jornada com seu filho, para levar as cinzas de sua segunda esposa ao lugar mais alto dos 9 reinos. No fim desta jornada, é descoberto que a Faye, sua segunda e falecida esposa, tinha feito uma profecia sobre a jornada de Kratos e Atreus, onde descobrem também que seu filho tinha sido apresentado aos gigantes como " Loki", meio gigante e meio deus.
Enfim, chegamos ao Ragnarok, o mais novo jogo da Santa Monica, e devo dizer que tive uma experiência fantástica com o game. São poucos os jogos que me prendem a atenção do começo ao fim, sem parar e God of War Ragnarok é um deles. O jogo tem um começo frenético, com a Freya tentando nos matar e depois com Thor e Odin batendo na porta de nossa casa, terminando com uma luta épica contra o deus do trovão. Descobrimos também que Fenrir, um dos lobos de Atreus, estava doente e acaba "morrendo", mas que ao longo da campanha ele iria ter uma participação importante na história. Nossa jornada nos leva em busca de Tyr, o deus da guerra nórdico, que apesar do Odin ter dito que tinha morrido, conseguimos achar e salvar a vida dele dentro de uma mina, e assim que começa nossa jornada.
Apesar de um começo frenético, a história principal acaba diminuindo o ritmo depois, com o jogador explorando o reino dos anões para fortalecer nosso personagem e fazendo sidequests, que estão melhores em comparação ao seu antecessor, temos a nossa base, que seria a casa do Sindri, um lugar seguro para os personagens planejarem seus planos e conforme o jogo avança, vamos liberando novos reinos para explorar. Em nenhum momento eu me senti jogando o mesmo jogo que o God of War 2018, pois apesar de manter a base do jogo anterior, temos novas mecânicas e cenários, com áreas maiores para explorar e até mesmo os reinos que visitamos no jogo passado, estão diferentes no Ragnarok, com coisas novas para se fazer.
A única parte do jogo inteiro que me senti cansado, foi a da Angrboda. Nessa parte nós jogamos com Atreus, que tem movimentos diferentes do Kratos em relação ao combate, mas é uma parte extremamente longa e cansativa, com partes que poderiam ter sido cortadas, que só colocaram pra aumentar a duração do game, mas pelo menos, foi a única parte do jogo inteiro que achei arrastado, o resto eu não tenho o que reclamar. O jogo aborda muito o tema de pai e filho, não apenas com Kratos e Atreus, mas com outros personagens também. Vemos Thor como um pai alcoólatra, que prometeu a sua esposa e filha que não iria beber mais, só que em determinada parte do jogo encontramos ele bebado, e Atreus e a filha de Thor tiveram que carregar o mesmo pra fora, onde conseguimos ver um olhar de decepção nos olhos de sua filha, enquanto Thor completamente alcoolizado, admitindo seu próprio erro ao quebrar a promessa que fez. Também vemos através de fantasmas que nos passam sidequets, histórias de pai e filho, mostrando que cada família se relaciona de uma maneira diferente, além de vermos Odin como um pai, tratando Thor da pior maneira possível, sem demonstrar nenhum tipo de amor.
Tive uma grande surpresa neste jogo, quando descobrimos que o Tyr na verdade era Odin disfarçado, e quem acaba desconfiando dele é o próprio Brok, que infelizmente acaba morrendo pelas mãos do pai de todos. Este alías, que estava usando o Atreus para montar uma máscara, que poderia dar a ele conhecimento ilimitado, mas que só o filho de Kratos conseguia ler. Odin fugiu da casa de Sindri, mas infelizmente Brok não sobreviveu, morrendo nas mãos do próprio irmão, que o perdoou, pois há muitos anos Brok tinha morrido e o Sindri deu um jeito de trazer seu irmão de volta a vida, mas sem um pedaço de sua alma, algo que escondeu durante anos e que o Brok só foi descobrir tempos depois. Ele é outro personagem que passou por uma mudança enorme, que me lembrou o Tommy de The Last of Us parte 2: Alguém com esperanças, alegre, de personalidade amigável, mas que com a morte de seu irmão, acabou virando alguém com rancor, culpando seus próprios aliados.
A partir desse momento, começa a guerra. Recrutando aliados de todos os reinos, até mesmo das Valquírias que derrotamos no jogo passado, Kratos é escolhido como general, que vai comandar todos na guerra contra Asgard. Vemos elfos de luz e escuros lutando lado a lado, personagens que entendemos um pouco melhor os motivos da guerra entre eles, mas que o irmão da Freya conseguiu unir para lutar contra um mal maior (Que alías acabou me lembrando um pouco da guerra entre Israel e Palestina), mas os anões se recusaram a ir, apenas o Sindri apareceu. Kratos tem outro confronto épico contra o Thor e que no final, ao invés de matá-lo como fez com outros deuses durante sua vida toda, consegue convencer o Thor de que aquilo não valia a pena, mas infelizmente Odin mata o próprio filho, onde temos a batalha final entre Kratos e o pai de todos. Algumas pessoas não gostaram do final, querendo algo mais épico, até mais trágico como em God of War 3, mas eu gostei. Finalmente Kratos teve um final feliz, onde descobre outra profecia da Faye, que mostra ele sendo adorado por todos dos 9 reinos, como um deus bom, um deus que salvou todos das mãos de Odin. Atreus se separa de seu pai, pois precisa ir em uma jornada sozinho, em busca de outros gigantes que não estão naqueles reinos, ou seja, novas mitologias.
Achei a história fantástica, melhor de todos os games da franquia. Acredito que alguns vão se identificar com algumas histórias, seja de pais que perderam seus filhos, pais violentos ou filhos que tenham pais com vício em alcool, que sempre falam que vão parar mas nunca cumprem sua promessa, ou até mesmo se identificar com a relação de Kratos e Atreus, um pai que tenta evitar demonstrar sentimentos e que as vezes é duro com seu filho, mas fazendo tudo para que seja melhor do que ele. É uma história que mostra a redenção de Kratos e acima de tudo, sobre família e sobre como cada um lida com aquilo, seja com amor, ódio, perdão ou tristeza. Tive uma incrível experiência com esse jogo, 56 horas de gameplay para conseguir a platina, a melhor exploração que a franquia já teve, com puzzles que fazem o jogador pensar para resolver, muito mais variedade de inimigos, assim como muitas batalhas contra sub-chefes e chefes, com destaque a Nidhogg e Heimdall da campanha principal e a nova rainha Valquíria e os Berserk, incluindo o Rei, que são opcionais, mas obrigatórios pra quem quiser a platina do game. Temos muitas lutas opcionais contra dragões, que dependendo do seu nível, pode dar muito trabalho, além de conhecer melhor a história de personagens e locais através de Mimir, que deixa o universo de God of War ainda mais rico em detalhes. Infelizmente não podemos usar o Mjolnir, o que pra mim foi um ponto negativo da Santa Monica, desperdiçaram a oportunidade de ver o Kratos usando a arma mais popular na mitologia nórdica, que todos os jogadores estavam ansiosos pra jogar, mas, apesar disso, ganhamos uma lança, que é muito útil para resolver certos puzzles e atravessar determinados lugares, mas também muito boa em batalha.
Os corvos de Odin voltaram, mas não estão lá apenas para conseguir troféu, tem também uma história por trás e recompensas. Eles estão mais fáceis de pegar, consegui quase todos jogando a campanha principal, o que incentiva o jogador a querer pegar todos, até porque temos uma batalha contra chefe depois disso. Os desafios de Muspelheim voltaram, e apesar de eu não curtir muito de fazer esses desafios, estão melhores em comparação ao jogo anterior. Existe uma cena secreta no jogo, onde achamos a prisão que o verdadeiro Tyr está, e depois disso, ele vai aparecendo em lugares diferentes dos 9 reinos, para entender melhor o que aconteceu. Como eu disse lá atrás, Fenrir também tem uma participação importante, com Atreus pegando sua alma e transferindo para Garm, o lobo gigante de Hel.
No reino dos Vanir, temos como alterar entre dia e noite, sendo que alguns lugares só podemos atravessar em determinado horário. Estátuas de pedra de trolls e de um dragão podem ser encontradas durante o jogo e precisam de uma relíquia específica para acordar eles e começar uma batalha. Tem um problema que eu tive com o jogo que foi a questão da vegetação. Muitas vezes, quando o Kratos encosta em uma folha, ela não se mexe, como se fosse de pedra, já em outras, tem um movimento não muito natural, diferente de outros jogos da Sony que fazem um trabalho melhor nesse sentido. Pra finalizar: Adorei o jogo e tive uma ótima experiência com ele, que conseguiu melhorar quase tudo em relação ao jogo anterior, não considero o meu jogo favorito do PS4, que por sinal rodou o jogo muito bem, mas foi algo bem marcante, que pretendo jogar novamente quando lançarem o New Game Plus. Espero que tenham gostado tanto quanto eu gostei, pois é esse tipo de experiência que gosto jogando vídeo-game, mas que acontece poucas vezes comigo, um sentimento de satisfação por ter terminado e a vontade de querer começar tudo novamente.
God of War: Ragnarok
Platform:
Playstation 4
69
Players
68
Check-ins
Não deu tempo pra falar de outros personagens, mas são bem carismáticos.