Zerado dia 12/04/21

Zerei Gris e caí direto em outro desses jogos artísticos: ABZU! O motivo disso é que em parte eu ainda estava "no clima", e parte porque era um dos jogos mais curtos que eu tinha para jogar no Nintendo Switch.
E falando nisso, eu só descobri que ABZU estava disponível na plataforma quando o comprei nessa super promoção, pois pra mim ele GRITA Playstation!
ABZU é um jogo "irmão" de Journey, criado por parte das mentes por trás do clássico do PS3. Pessoalmente, eu não sou muito fã dele, mas entendo sua importância e também não desgosto.

ABZU é o tipo de experiência que eu já esperava: nadar e nadar, cenários bonitos e... relaxar. O jogo inteiro é isso. Cerca de uma hora e meia disso.
Ao começar a aventura, nada é explicado. Você mergulha e logo os comandos são ensinados num mini tutorial.
O gatilho direito faz você mergulhar e meio que mantém o personagem nadando.
O botão A faz você "acelerar".
O analógico direito controla a câmera ao seu redor.
O analógico esquerda orienta a direção que o personagem nada.
É possível segurar peixes também, mas só usei isso no tutorial.
Tive que mexer um pouco nas configurações pois o movimento de câmera estava invertido, o que não estava funcionando pra mim, mas mantive assim para o nado vertical.

Depois de um pouco tempo para me habituar ao controle do personagem, o jogo praticamente se guia sozinho. Enquanto você nada em linha reta, é bastante fácil saber para onde ir, bastando ir em direção a primeira abertura nas rochas ou porta que você avistar.
Pra ser bem sincero, a maior parte do tempo há pouca liberdade e os cenários são corredores. Outras vezes há grandes aberturas no mar que você pode ficar explorando, mas não vi motivos pra isso.
ABZU proporciona visuais diferentes em diferentes áreas e faz questão de jogar isso na sua cara conforme você nada. Enquanto estiver se dirigindo à próxima "porta", você vai ter visto muito bem o cenário, suas novidades e demais elementos (como a vida aquática).

Mesmo com eventuais mudanças, raramente há um sentimento de novidade, sobretudo quanto mais você joga. As vezes o cenário que tinha uma cor predominantemente azul agora vira roxa e coisas assim.
Avançando um pouco você vai encontrar objetos que pode interagir. Esses objetos ficam com um ícone em cima para que você consiga os perceber mesmo de uma boa distância e desde então já podem ser interagidos com o botão Y.
Essas interações são predominantemente lineares e você as faria em todas as vezes que jogasse ABZU, como abrir portas, ativar mini submarino ou mandá-los ativar algum botão ou mesmo acionar dispositivos que abrem portas, permitindo assim o progresso.
Há umas estátuas que você pode usar para meditar que servem como colecionáveis pois as memórias ficam salvas no menu principal (e dão um motivo para replay). Depois de terminar a aventura, notei que no menu principal eu podia ver o que faltava dessas memórias e selecionar capítulos para focar em achá-las.

Para quebrar a monotonia, em algumas partes o jogo acelera bastante como numa corrente marítima e você nada como se estivesse voando livre pelos céus, como a experiência de outro clássico do PS3, Flower.
A música se intensifica e dá um certo gás ao jogador. Se você encostar em cardumes de peixe, o personagem dá uma pirueta e aquela sensação de acelerar.
Outras partes contém desafios a mais, como minas marítimas que você deve evitar passar perto e ativá-las, o que faz com que o personagem tome uma onda elétrica e fique fora do controle por uns poucos segundos. Você não morre, mas dá um pouco de agonia de fazê-lo tomar dano ou fazer com que o jogo fique mais lento ainda.

Uma coisa estranha desse jogo é o fator imersão. Ele existe mas não existe ao mesmo tempo. Apesar do jogo ser bonito, ele não é tão bonito assim, principalmente pelo visual cartunesco que quebra um pouco a imersão pra mim. Tem uma parte que um tubarão interage com você que só faltou ele falar ou dar um sorriso. Eu simplesmente não consigo acredito que aquilo é real.
Ainda assim, o jogo não é cartum o bastante como uma dessas animações de cinema. É uma coisa mais voltada a realidade mesmo, mas com texturas meio... bobas?
Alguns elementos visuais são mais bacanas, como a iluminação e a música ajuda também (apesar de eu ter sentido falta de algo com mais personalidade e bonito como a de Gris), enquanto as limitações do hardware do Switch podem ter limitado um pouco a minha percepção dessa realidade com ocasionais problemas de frames (não sei se são exclusivos dessa plataforma).
O fato é que volta e meia eu me pegava pensando na morte da bezerra enquanto o jogo se guiava sozinho na mesmice.

A parte mais interessante de ABZU pra mim foi um ponto que acessamos instalações subaquáticas que até me lembraram um pouco de Metroid Prime. Nesse momento eu acordei! Parecia que seria a guinada perfeita do mundo naturalmente perfeito para algo mais sério e até novas formas de jogar.
Bom, de certa forma o jogo seguiu um pouco esse lance de interferência artificial nos mares, mas logo o jogo voltou a ser o que já era dede o início.
Ao menos teve um momento ou outro que andei em terra firme! E o personagem também meio que se revela não ser exatamente o que a gente imaginava.
Fora isso, nada e nada em linha reta até acabar o jogo (nem pra ter um puzzlezinho ao menos).

Resumindo: ABZU é um jogo bonito e uma experiência bem divertida, um prato cheio para quem curte clássicos como Journey, Flower e flOw. Quem sabe até o Gris? Não é um jogo pra mim, com certeza, mas fiquei com a impressão de que é apenas um título para relaxar e viajar na maionese pois mesmo uma mensagem ele pareceu quase nem ter
De bom: controles simples. Qualquer um consegue jogar. Visuais bacanas e relaxantes dos cenários.
De ruim: super linear. Desafio zero. Repetitivo e previsível. Bem menos imersivo do que eu esperava. Jogo ABZUrdamente fácil. Várias partes que o jogo se joga sozinho.
No geral, é um desses jogos artísticos, e um daqueles feitos para quem não quer ou não sabe jogar muito bem, algo diferente (e até merece respeito por isso). Ainda não o joguei, mas tenha a impressão de que Subnautica seja a melhor escolha para quem quiser um jogo de verdade abaixo das águas, e assim espero. Pessoalmente, acho que o visual deve apenas complementar o gameplay. Imagine que esse jogo fosse completamente sem texturas e efeitos de luz, seria divertido? Nunca acreditei que gráfico ou estética fizesse um jogo ser bom, e esse é o caso aqui. Passável.

Esse ai é maravilhoso mesmo, eu me lembro de algumas cenas bem emocionantes mesmo, tipo aquela parte do tubarão.....(spoilers)