Tomb Raider é definitivamente das séries mais icônicas da quinta geração, Lara veio como personagem badass, independente, que roubava a cena e em cinco jogos se mostrou uma baita personagem.
O conceito envelheceu e depois na sexta geração muito se tentou alterar mudando coisas aqui e ali, em especial no Legend, Anniversary e Underworld que mudaram bastante o conceito do jogo em si, mas ainda com boas notas e boas vendas, a ideia foi ficando desgastada e então a Crystal Dynamics acabou reformulando os conceitos da franquia com esse reboot.
O jogo praticamente mudou toda a estrutura em todos os sentidos, Lara agora não é mais durona e sim uma aprendiz, que sofre, se frustra, perde, chora e até pede ajuda, algo raro na antiga Lara. E a progressão do jogo em si é absolutamente focada nela, o que é ótimo, porque a gente se sente cada vez mais apegado à personagem.
Porém, a narrativa em si continua com tons místicos meio bobos, personagens ao redor dela praticamente não tem importância ainda que algumas situações com eles sejam bem legais e não é muito difícil terminar o jogo sem se lembrar do nome dos amigos de Lara, exceto por Roth e Sam por terem mais cenas ativas na trama como um todo.
A trama que por sinal, ganhou muitos elementos cinematográficos, quick time events feitos de forma nada cansativa e bem bolada, maior foco nas cenas de ação e tiroteio, simplificando a exploração do jogo como um todo e transformando tudo num mapa aberto bem grande onde podemos simplesmente voltar aos pontos que já passamos pelas fogueiras.
Uma das melhores coisas desse jogo são as armas, temos arco e flecha, pistola, metralhadora e shotgun, todas com upgrades e isso aumenta ainda mais os motivos pra voltar em locais já passados pra explorar e adquirir cada vez mais relíquias do jogo espalhados pela ilha de Yamatai. Fazendo assim com que o fator replay do jogo seja enorme.
Além disso, melhorias opcionais vem com o passar do tempo, como melhorar coice de armas, jogar terra nos olhos dos inimigos, acertar flechas no joelho deles e etc, tudo isso usando os pontos de habilidade que se dividem em três formatos e ampliam as suas possibilidades de jogo e na sua maneira de jogar.
A parte áudio visual faz bonito e nas músicas temos Jason Graves, o mesmo compositor de Dead Space, dando o clima certo nas situações de alegria, tristeza, tensão e etc, e o gráfico do jogo dispensa comentários, é absurdamente lindo e se seu computador puder executar o TressFX nos cabelos de Lara, fica uma coisa absurdamente impressionante, no geral os cenários e inimigos também são muito bons, com bastante detalhe e filtros que otimizam a sua experiência visual.
Tal capricho se estende a parte de ambientação, que é impecável e absurdamente variada, com direito a favelas, florestas, tumbas, cavernas e etc.
Pra tentar adentrar nos pontos modernos, Tomb Raider também consiste num modo multiplayer, do qual não tive muito interesse e sequer o experimentei, mas a simples presença dele mostra pelo menos uma tentativa de se adequar de forma correta aos parâmetros atuais dos jogos de ação. Então, sim, o novo Tomb Raider é um jogo de ação com exploração adicional de forma mais simples. Ao invés do modelo de antigamente, que era mais focado na exploração do que na ação.
Inclusive, tal mudança é sentida pela perda das partes difíceis de plataforma, inserindo no lugar escaladas, cenas de ação, tiroteios não muito desenfreados mas muito consistentes e etc.
Tomb Raider veio na hora certa, do jeito certo e tentando resgatar o público antigo com uma releitura de sua personagem ou chamar um novo público (como eu, que não gostava muito dos antigos), e fez bonito, dando uma campanha de duração exemplar, muito conteúdo coletável, multiplayer incluso e excelente jogabilidade além do formato de jogo permitir um longo fator replay.
Apesar da campanha com desfecho bobo e pobre, o jogo é absolutamente focado em pelo menos 80% do tempo em gameplay, sendo assim, existem poucas cenas de história (por mais que o foco narrativo seja muito maior que dos anteriores) e por mais que o começo como sobrevivente seja muito bom, e o laço de Lara com Roth e Sam seja crível, o resto dos personagens e a segunda metade da trama são simplesmente bobos e previsíveis. Mas, ainda assim...
...provavelmente entraria facilmente numa lista de melhores reboots de uma franquia, sua reconstrução quase completa do formato do jogo colabora muitíssimo pra isso, pensaram em cada detalhe e de forma que agrade um público novo sem ofender o antigo.
Caramba eu nao fazia ideia que teve um rail shooter baseado no rebooot. Como roda isso?