METAL GEAR SOLID - PEACE WALKER
PLATINADO
- 10/10/2021
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Cronologia da série Metal Gear Solid
1-[1964] Metal Gear Solid 3: Snake Eater (2004)
2-[1970] Metal Gear Solid: Portable Ops (2006)
3-[1974] Metal Gear Solid: Peace Walker (2010)
4-[1975] Metal Gear Solid V: Ground Zeroes
(2014)
5-[1975] Metal Gear Survive (Spin-off) (2018)
6-[1984] Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (2015)
7-[1995] Metal Gear (1987)
8-[1999] Metal Gear 2: Solid Snake (1990]
9-[2005] Metal Gear Solid (Integral; The Twin
Snakes) (1998; 1999; 2004)
10- [2007-2009] Metal Gear Solid
2: Sons of Liberty (2001)
11-[2014] Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots
(2008)
12-[2018] Metal Gear Solid: Rising Revengeance (2013)
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Metal Gear Solid: Peace Walker é um dos jogos da franquia
Metal Gear Solid e que foi lançado no ano de 2010 para PSP (Playstation
Portable), depois lançado para PS3 como parte da coletânea exclusiva The Legacy
Collection. Sua história se passa após os eventos de MGS3 Snake Eater e MGS
Portable Ops.

Não joguei Metal Gear Solid Portable Ops ainda (onde estariam
abordadas a origem dos Patriots e a ideia da Outer Heaven), mas soube que Peace
Walker, além de ter sido lançado para PSP também, deve muito a ele nas
inovações de jogabilidade, recursos de gameplay, estilo de animação. Dito isso,
em MGS PW as missões são individualizadas, como fases, e ao final de cada uma
se obtém um rank de acordo com o desempenho do jogador. O foco principal do
game está no gerenciamento da Mother Base (um grande menu interativo onde se
pode executar as ações de gerenciamento e desenvolvimento), a plataforma de
operação em oceano aberto dos Militares Sem Fronteiras – MSF (grupo de
mercenários liderados por Big Boss), onde se realiza a o desenvolvimento e customização
de armas e equipamentos e recursos humanos. O jogo consequentemente tem um
intrínseco fator replay.

O menu da Mother Base tem diversas funções, tais como OUTER
OPS (missões de combate aberto de infantaria e artilharia, podendo se utilizar até
a Metal Gear Zeke), RECRUTAMENTO (em que o próprio Big Boss tem que testar
soldados que pretendem entrar para o grupo da MSF), STAFF (as equipes que
formam a Mother Base – Unidade de Combate, Pesquisa & Desenvolvimento
R&D, Refeitório, equipe Médica, e equipe de Inteligência/Informação),
R&D (onde especificamente há o desenvolvimento, upgrade e customização de
armas – estas dividas em dez categorias tais como handguns, shotguns, assault
rifles, submachine guns, sniper rifles, machine guns, missiles, close-range
weapons, throwing weapons, placeable weapons -, equipamentos, dispositivos, e
itens de cura, além das mechs, ou, veículos blindados, tanques e helicópteros),
METAL GEAR (desenvolvimento da Metal Gear Zeke, com as peças obtidas durante as
batalhas contra as IAs, destruindo suas partes ou seu IA Pod) e DATA BASE (onde
se pode ver o status do player e da Mother Base), e outras funções que envolve interação online
como DELIVERY, TRADE e VERSUS OPS.
Um dos principais pontos, senão o principal, do jogo é a
mecânica de evolução/upgrade das armas, equipamentos e soldados. Até se chegar
ao nível máximo das equipes, por exemplo, pode-se levar meses, dependendo do
jogador. São dias “farmando” missões para pegar os melhores soldados de rank A
ou S.

No menu de seleção de missão constam 33 missões principais
(campanha/história/enredo) e 128 missões extras, que compreendem tutorial e
desafios de mira, extração, captura, eliminação, resgate, defesa de território
e suprimentos, dominação via rendição, furtividade, coleta de informação e
fotografia, namoro, além das missões de combate contra infantaria e artilharia
inimigas, a saber, veículos blindados, tanques e helicópteros de diversos
níveis de poder de fogo, as AI Weapons (Pupa, Chrysalis, Cocoon, Peace Walker,
e Metal Gear Zeke), e as criaturas “bestas-feras” (Rathalos, Tigrex e Gear Rex).
Cada missão tem em seu quadro prévio um registro de finalizações e dados
providenciados pela equipe de inteligência; ao entrar nos preparativos da
missão, o player pode otimizar os atributos do personagem – o próprio Big Boss
ou um outro soldado – como o uniforme, os itens e as armas. Tem também o mapa
de regiões das missões, mas não me foi muito útil.

Dentro do menu de seleção de missão ainda, pode se acessar o interessantíssimo
“BRIEFING FILES” (algo como arquivos de instruções/orientações/relatórios), que
é dividido em informações em texto e áudio sobre aquela missão específica (em
que um ou outro personagem tem algo a contribuir) e uma biblioteca com
informações gerais (com todas as informações de todos os personagens do game, a
saber, Miller, Paz, Amanda, Chico, Huey, Strangelove, Cécile, além dos DATA FILES
que são arquivos que tratam de informações mais especiais, como a identidade e
missão secretas da Paz, os dados da Strangelove, as informações da EVA, e a
ligação secreta entre Miller e Zero), com horas de monólogos e diálogos dos
personagens. E a lista de todas as cutscenes do jogo, que poderão ser
assistidas novamente sempre, sendo 35 no total. É de fato o Metal Gear Solid
mais vasto em conteúdo até então lançado - um extenso sistema de arquivos,
todos em formato de áudio em mídia K7, com falas de todos os personagens
envolvidos do jogo.

O formato predominante das cenas de animação é ao estilo em
quadrinhos (com algumas cenas em CG/3D intercalando), com a presença de fator
de interação quando o jogador é solicitado a pressionar botões para progredir
(errar os botões pode até afetar o rank da conclusão da missão).
Ao contrário de MGS 3, o personagem pode andar agachado/acocado,
o que é muito bom, mas não consegue andar se arrastando. A câmera pode dar uma
visão de 360°. O icônico codec é abandonado, as transmissões são em “tempo real”.
Aqui há a novidade do sistema Fulton de captura de soldados e recursos humanos.
E a CQC (Close-Quarter Combat, isto é, combate em ambientes confinados ou
combate a curta distância) é aprimorada, podendo derrubar grande número de
inimigos em sequência. Mantém a jogabilidade clássica, com botões laterais para
abrir as opções de armas de um lado e equipamentos de outro. E ao contrário de
MGS 3 também, a campanha não possui inimigos humanos no papel de “Chefe” ou
inimigo máximo, os bosses são somente as máquinas, com uma fase própria, com
introdução da batalha ao final da fase anterior – um homem contra as máquinas.

A trilha sonora do game é memorável tanto quanto o seu
roteiro. É notório que é dada uma atenção especial a esse quesito nos jogos da
série. Hideo Kojima consegue criar momentos inusitados com músicas ao longo de
toda a saga, conferindo àquele momento algum significado especial, como quando
a música “Heavens Divide” começa a tocar no finalzinho da última missão com
inimigos humanos, quando eles lançam a última ofensiva para impedir que Snake
fuja da base inimiga, contando até com o reforço de um helicóptero;
aparentemente, a música não tem nada a ver com aquela situação, mas na verdade,
tem tudo a ver, e ela proporciona uma inusitada dramaticidade à situação. Outra
curiosidade é que a música da tela de menu da Mother Base muda após o último
final, acompanhando também a mudança de cor do amarelo para vermelho,
coincidindo com a mudança de nome de MSF para Outer Heaven, e com o discurso
final de Big Boss.
O jogo também conta com as notórias “kojimices”, como as
referências a universos de outros jogos ou mídias (filmes, animes, músicas),
por exemplo as músicas licenciadas de uma anime, os monstros de Monster Hunter,
ou o salto da fé de Assassins Creed; os segredinhos na obtenção de armas e
itens especiais; listo ainda aqui a estilização dos personagens, mesmo que não
se manifestando na liberdade de fora dos quadrinhos.

[SPOILER]
[SPOILER]
[SPOILER]
O plot do game envolve uma intricada e grandiosa trama
geopolítica, do jeito que Hideo Kojima gosta. Um breve resumo... Snake,
atualmente Big Boss, depois dos eventos na URSS envolvendo sua mentora The
Boss, vaga por vários lugares ao redor do mundo atuando como mercenário
(afinal, estamos falando do período Guerra Fria ainda, com vários conflitos
ocorrendo em um mundo bipartido), quando, já na década de 70, conhece o sr.
Kazuhira Miller durante um combate nas terras da América do Sul, e acabam
parceiros para toda vida. Eles comungam bastante de certa visão de mundo e
fundam a MSF (Militares Sem Fronteiras), se instalando nas terras da Colômbia.
Em dado momento do ano de 1974, a MSF, na figura de Big Boss e Kaz Miller,
recebe um pedido de ajuda por parte de um suposto professor universitário que
está acompanhado de sua aluna idealista Paz Ortega Andrade (Pacifica Ocean), para atuar
na Costa Rica e Nicarágua para investigar e lidar com movimentações estranhas
de grupos miliares nesses países, em especial na Costa Rica, um país sem
exército, que precisaria justamente de um grupo como o MSF para ajudá-los. Big
Boss manifesta uma desmotivação inicial em querer se envolver nos conflitos
regionais envolvendo a CIA e a KGB, além de perceber que aquilo poderia ser um
embuste, mas quando escuta a voz de The Boss em registros atuais, fica motivado
em investigar a origem de tal voz, visto que The Boss está morta... Em troca,
Big Boss e Miller ganham em troca, de “presente”, uma base de operações desativada
situada em oceano aberto, ou águas internacionais, na região do Caribe, onde
podem se instalar para além de qualquer fronteira nacional – é onde será construída
nossa Mother Base. Ele descobre que a tal presença de militares estrangeiros na
região da Costa Rica envolve o descarregamento de ogivas nucleares, o que o faz
perceber que algo muito grande está acontecendo ali, além da presença de IAs ou
máquinas não tripuladas mortais pertencentes a esses grupos. Em dado momento, ele
resgata revolucionários sandinistas que foram expulsos da Nicarágua e agora
estão mantidos em cativeiro na selva da Costa Rica, e passa a ajuda-los a lutar
contra o poder ditatorial instalado na Nicarágua; nesse momento os rebeldes
sandinistas começam a fazer um paralelo entre Big Boss e Che Guevara. Após ter
se infiltrado em uma das bases secretas, Big Boss conhece Coldman (que depois
se descobre ser o autor intelectual do plano do sacrifício de Boss na URSS em
1964, que ficou conhecida como traidora por deserção, segundo a narrativa
oficial forjada) e sua proposta de Dissuasão nuclear (Deterrence) baseada na
certeza da contrapartida automática via inteligência artificial, isso com
auxílio de uma máquina de guerra bípede desenvolvida pelo doutor Huey, que é
reconhecida por Snake como Metal Gear; ele reconhece essa máquina de guerra
como Metal Gear, pois, em sua fatídica missão na URSS, ele conheceu o real autor
dos projetos de engenharia por trás da Metal Gear, um conceito de máquina que
combinaria infantaria e artilharia, e tais projetos foram compartilhados com
colegas cientistas da América, até chegar nas mãos de Huey, que tem o mérito de
desenvolver esses projetos com talvez alguns acréscimos e personalização; e o
ponto principal aqui é... a Metal Gear é capaz de lançar uma ogiva nuclear em
qualquer lugar do planeta!!! Ironicamente, ela é denominada aqui como Peace
Walker... Ok... Conhecemos também a doutora Strangelove e seu projeto de
recriação de The Boss via Inteligência artificial, que seria capaz de imitá-la
com fidedignidade a partir dos dados biográficos coletados; seria o mais
próximo de uma ressureição da Boss, através de tecnologia robótica com memória
humana implantada; inclusive, com tantos dados coletados e implantados, seria
possível, dentro dessa Big Data, descobrir, por inferências, verdades ocultas
da vida de Boss, como por exemplo, a verdade por trás de sua morte, mas ainda
falta a entrada de mais dados, e a presença de Big Boss pode ajudar a completar
o cérebro-alma de Boss; obcecada pela história e figura de Boss, a mãe das
forças especiais americanas, Strangelove será capaz de torturar Big Boss com
sessões de eletrochoque para saber a verdade por trás da morte de Boss, mas
Snake sempre repete a narrativa oficial de que ela foi morta por ser
desertora...
Sendo mais uma dessas operações clandestinas da Guerra Fria
envolvendo CIA e KGB, em dado momento ocorre a divergência de planos e traição,
com Coldman querendo usar seus planos de Deterrence a favor dos EUA e Zadornov
(o tal professor da Costa Rica que se revela na verdade agente da KGB) a favor
da URSS, ambos envolvendo enganar a comunidade internacional com o uso
devastador de bomba atômica para ao final promover, por adesão, ou o sistema
capitalista (representado pelos EUA) ou o comunismo (representado pela URSS),
mas Coldman pessoalmente quer provar para as autoridades de seu país que sua
proposta de Dissuasão Nuclear é superior, nem que pra isso tenha que sacrificar
milhares de inocentes; mas o plano é ainda mais intricado, numa geniosa
conspiração. Mas antes que o Peace Walker, numa dramática cena, lançasse o
míssil contendo bomba nuclear, o “fantasma” de The Boss se manifesta na Inteligência
Artificial do Ipod contido no Metal Gear, e deliberadamente afunda o Peace
Walker nas águas, interrompendo o desastre nuclear iminente! Pode-se entender
que a capacidade da IA em deduzir verdades ocultas dos dados de vida da
lendária Boss revelou nesse momento a real vontade dela, o que acabou, por
sorte ou não, salvando o mundo, mais uma vez... Big Boss nunca lidou bem com a
morte de The Boss, nunca aceitou a verdade por trás daqueles fatos, e desde
aquela recusa de cumprimento de mãos em 1964, e passados dez anos, ele nunca
aceitou seu novo título como “Big Boss”, pois sua lealdade, ao final, não era à
nação, e sim a sua mentora, mas será que nunca aceitará? Depois de tudo isso, ocorre
a mudança de denominação da organização de MSF para Outer Heaven. E acontece a
integração de importantes personagens à organização, como os doutores
Strangelove e Huey (que acabam virando um casal) por seus conhecimentos
técnico-científicos que ajudarão a desenvolver a base e em especial o Metal
Gear ZEKE, e Paz Ortega, que se viu desamparada após a prisão de Zadornov.
Há dois finais em MGS Peace Walker, mas não há final
alternativo, e sim que o último final é o mais completo e verdadeiro. No
primeiro final, Big Boss se demonstra inconformado com os eventos finais do incidente
Peace Walker, pois quando a IA resolve afundar o Peace Walker nas águas para
interromper o sinal isso representou os princípios originais de The Boss, “cantando”
em vez de lutar, isto é, abandonando as armas; Big Boss se sente rejeitado,
pois ele mesmo era uma arma, treinado por sua mentora para ser um soldado e
viver para cumprir missões; dessa forma, Big Boss se assume como tal, com a
promessa de fazer as coisas de forma diferente da Boss... No segundo e completo
final, após o Metal Gear ZEKE estar completo, Paz se revela como agente tripla
a serviço da agência de inteligência secreta Cipher, chefiada por um antigo
amigo de Snake (o major Zero, que o comandou na missão na URSS), organização
essa que busca implementar uma Nova Ordem Mundial, e que visa, superando o
paradigma da Dissuasão Nuclear, o controle total de armas/exércitos do mundo
inteiro através de um totalitário sistema de segurança eletrônica, se tornando
onipresente em escala global. Kaz Miller revela que acabou entrando em contato com
a Cipher também, pois achou conveniente o investimento que ela faria na Mother
Base, já que ela tinha a intenção de integrar Big Boss para sua agência, mas
Big Boss repreende Miller, dizendo que eles agora estão no radar de agências de
inteligência do mundo inteiro e serão caçados, mas mais do que isso, eles terão
que sobreviver aos “tempos”, e não padecer a isto, como aconteceu com a Boss...
Então Big Boss finalmente assume seu título, e como tal muda o nome da
organização de Militares Sem Fronteiras para Outer Heaven, e em um discurso em
assembleia para os soldados da base, com um tom de voz diferente e ameaçador,
ele afirma que eles lutarão contra o que vier e onde forem solicitados, seja
como revolucionários, criminosos ou terroristas...
Metal Gear Solid Peace Walker e Metal Gear Solid 3 estão
muito ligados pela memória de The Boss e todos os fatos relativos a ela, como a
falsa deserção e sacrifício. E ao mesmo tempo aponta para o futuro do que
realmente espera Snake... ou Big Boss.

Vídeo sobre Mother Base:
Texto 1: https://www.arkade.com.br/depois-final-analisando-final-metal-gear-solid-v-the-phantom/
Texto 2: https://naoseinada.com.br/2017/10/24/como-jogar-metal-gear-seguindo-a-sua-cronologia/
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Saudades da época do multiplayer