"Obrigado, Marimo-chan..."
Ontem eu terminei de ler Muv-Luv Alternative. Foram 55 horas de duração, pouco menos de 10 horas a mais que o primeiro título.
Com um começo lento, centrado em estabelecer como Takeru planeja aumentar as chances de sucesso do programa Alternative IV, a história em Muv-Luv Alternative dispara a partir do sexto episódio, quando todos são pegos de surpresa por um Golpe de Estado em Tóquio. Essa é, inclusive, umas das melhores partes da visual novel, responsável por assentar o cenário político da trama e introduzir um conflito entre as visões nacionalistas dos rebeldes e o exército da ONU. Também é quando os personagens são enfim postos em situação de combate, durante uma sequência de perseguição que é simplesmente fenomenal.
Todo o lado militar da trama a partir de então se torna extremamente intrigante. Até os momentos em que os personagens estão sendo meramente instruídos sobre uma operação futura ou sobre o funcionamento de seus mechas são estimulantes. E assim que os BETA finalmente fazem sua primeira aparição e a verdadeira faceta dessa guerra que assola a Terra há décadas vem à tona, ocorre o momento mais chocante do romance.

Por isso e muito mais, posso dizer com segurança que os BETA são facilmente um dos melhores invasores alienígenas em todo o universo das ficções. Além de serem desenvolvidos de forma excepcional como uma ameaça gigantesca antes mesmo de sequer de fato aparecerem, eles são também fabulosamente idealizados de todas as maneiras. A aparência de cada uma das espécies que os compõe é aterrorizante, seus comportamentos atingem um balanço perfeito entre estrangeiro e familiar e sua organização em colônias é essencialmente cativante. A ameaça que os BETA representam é tão grande realmente, que praticamente todos os embates com eles não vão de acordo com o planejado pelo comando das forças armadas da ONU, com reviravoltas seguidas por reviravoltas.
Só é uma lástima, no entanto, que o aspecto da ficção científica relacionado ao fenômeno que cerca o protagonista passe muito longe dessa mesma qualidade. As horas e mais horas de exposição sobre o assunto jogadas pelo roteiro chegam a ser constrangedoras de tão idiotas. Todas as explicações e pseudociência que a Yuuko-sensei utilizada para explicar ao Takeru o que está acontecendo com ele são praticamente tiradas do cu dela e, por algum motivo, estão sempre corretas. Tudo é completamente conveniente e nada faz o menor sentido. Na verdade, esse aspecto é tão ruim, mas tão ruim, que torna o sétimo capítulo do romance, que tinha o potencial para ser ótimo graças a momentos marcantes, o pior de todos.
O roteiro também é pífio ao tornar o Takeru um tapado muito além do aceitável. Em vários momentos, o desenrolar da trama deixa diversas coisas totalmente claras ao leitor, enquanto o protagonista é simplesmente incapaz de perceber as mais simples delas até que algum outro personagem diga a ele diretamente. A identidade do cérebro na sala de pesquisa é apenas um de muitos exemplos disso. É frustrante e desvaloriza o intelecto de quem lê.
O restante do elenco de personagens e os momentos de ação tornam a experiência recompensadora o bastante, mas esses elementos negativos, somados ao ritmo trincado da história — resultado de
diversas cenas redundantes que tornam a leitura demasiadamente longa —, são problemas sérios que afetam a obra de forma direta. E pior ainda: o final é anticlimático e fundamentalmente incompetente.

As personagens de Kimi ga Nozomu Eien exercem um papel fundamental em Muv-Luv Alternative. Até mesmo a Michiru, de Kimi ga Ita Kisetsu, possui grande relevância no enredo.
Muv-Luv é bom? No saldo geral, é sim. O bastante para ficar próximo ao top 1 dos romances visuais? Decerto, não.
Fico triste que estas versões mais recentes removeram o livin la vida loca pra não dar merda com copyright