Quando vi o primeiro trailer de Rage 2, logo criei interesse pra que se tornasse um confort game para mim. O combate frenético, explosões e excesso de opções de armas e itens nos trailers chamavam atenção, faz parecer o tipo de jogo que vc se acomoda após um dia de trabalho, desliga o cérebro e fica no automático matando ondas e ondas de inimigos enquanto completa um objetivo aqui e ali. A Id Software já tem minha atenção pelo que fez com DOOM na geração passada, enquanto a Avalanche Studios possui um misto de sentimentos na experiência que tive com Mad Max e Just Cause 4, aguardei o valor baixar e arrisquei.

O melhor de Doom, somado ao pior de Mad Max.
A mistura dos dois jogos foi inevitável com a parceria entre os estúdios, o esperado combate frenético de Doom com inúmeras armas a disposição para destroçar inimigos em ambientes que exploram a verticalidade estão aí, a agressividade dos oponentes te força a ser ainda mais agressivo, onde ficar em constante movimento. A contribuição da Avalanche foi um tanto instável, uma vez que trouxe o mundo aberto impossível de não se comparar ao de Mad Max, com um combate de carros intenso e repleto de explosões. Mas precisava ser mundo aberto?

Um mundo cheio, mas cheio do que?
É empolgante a primeira vez que se visualiza o mapa em aberto, com inúmeras áreas com diversos pontos a se explorar. Mas após poucas horas de gameplay, o mundo aberto não se sustenta, já que não transmite a sensação de que algo realmente está acontecendo ali e não somente reagindo a você se deslocar de acampamento inimigo em acampamento inimigo (oi FarCry?). Todas as atividades se resumem a mesma coisa, todos os tipos de pontos no mapas são similares, tem o mesmo hall de inimigos, apresentando o mesmo tipo de desafio. O que torna a jornada por horas cansativa e que faz com que você volte a se focar nas missões principais. Até mesmo o combate de veículos elogiado no parágrafo anterior cansa, cansa pois além de desnecessário para o progresso da história, não traz a sensação de recompensa por ser sempre a mesma ação.

Jornada do herói
A história é justamente o que se espera, uma pincelada de jornada do herói onde seu/sua personagem precisa fazer uma série de missões a pedido de lideres de resistência que preferem deixar o destino do mundo na mão de um único indivíduo, do que liderar suas tropas para a batalha. Não há qualquer evolução de personagens, reviravoltas ou algo que venha a ressignificar a história. É o básico do básico, o que faz com que o dedo coce para pular a cutscene e voltar ao objetivo da missão principal, que possuem um capricho a mais na ambientação e design de level. O que mais fortalece a ideia de que se fosse ao molde linear de Doom, poderia ser melhor aproveitado.

Quando a diversão se tornou um inferno.
Embora tantas arestas, a experiência de RAGE 2 vinha sendo divertida. Fui surpreendido quando após algumas horas e com toda a lista de missões principais concluída, a batalha final não era liberada. Continuei sem pretensão, cumprindo secundárias e completando objetivos para finalizar a lista de troféus do game. Não havia mais objetivos a serem concluídos, todas as armas e habilidades desbloqueadas, todos os locais com 100% de exploração e a missão final não era liberada. Olhando na internet, vi que este bug está presente desde o lançamento do jogo, sendo necessário jogar toda a campanha novamente. Nesta segunda run, fui presenteado com o máximo de bugs e crashes possíveis, inclusive o de não liberar o troféu de coletáveis após concluir todos os necessários. Talvez se a missão final tivesse sido liberada no tempo certo, a experiência tivesse sido mais satisfatória e menos frustrante.

RAGE 2 é divertido até certo ponto, vai depender de quanto tempo você passa nele e até mesmo, de pura sorte! A Avalanche Studios e a Id Software não conseguiram equilibrar a identidade de suas duas franquias neste playground de ação.
Não consegui jogar a versão do PC, tive que largar no meio, uns problemas de performance bem zoados