Zerado dia 12/07/17

Senhoras e senhores, que trabalho esse jogo me deu!
Gostei muito de Banjo-Kazooie, e pouco tempo depois resolvi partir para a sua continuação, sendo que esses são daqueles tipos de jogos que eu tinha vergonha de dizer que nunca tinha jogado e o fato de ser collect-a-ton sempre me segurou um pouco, pois o gênero demanda tempo e imersão e exploração, coisa que pode ser meio tensa para um jogo da época nos dias de hoje. Bom, Banjo-Tooie está na coleção Rare Replay de XONE e é um dos últimos jogos que eu tinha pra fechar no console (não aguentaria o emular no PC).
Com a curiosidade por Yooka-Laylee, tive que aproveitar a vontade súbita de jogar esse jogo aqui.

A primeira coisa que temos que saber de BT é que ele é a continuação direta de Kazooie. O jogo parte do princípio que você jogou seu antecessor já começando a aventura com todas as habilidades e as usando basicamente pelos cenários (é possível fazer um tutorial para re/descobrir esses comandos), enchendo todo lugar de referências tanto a personagens quanto estória e mesmo cenários e, de certa forma, que você já entende como funciona a série.
Eu achei muito legal como BK fazia referência a BT, um jogo que era apenas ideias, mas BT vai muito além, com piadas de acontecimentos anteriores ao jogo e muita quebra da quarta parede. MUITO MESMO!

O jogo é baseado na que configura o gênero: fazer favores, explorar, achar power-ups, alcançar novos lugares e coletar mais coisas. Entretanto, BT leva o gênero a um outro patamar, provavelmente influenciado pelo crescimento que foi de BK para Donkey Kong 64. Em relação ao jogo do macacão, que já era bem grande e complexo, esse aqui é diabólico!
As áreas são gigantescas e quando você acha que já encontrou todos os lugares para ir, mais opções se abrem e mais mistério: será que eu tenho alguma habilidade que tem efeito aqui? Será que eu vou pegar essa habilidade ainda nesse mundo? Será que eu vou pegar um poder no futuro e depois terei de voltar aqui? Pois é, essa é uma das maiores dificuldades do jogo.
Agora some isso a vários caminhos e possibilidades em quase todo lugar e fora os que são mais ocultos e escondidos E que existem muitos tipos de colecionáveis, fora as peças de quebra-cabeças. Esse jogo é colossal!

Sério, é MUITA coisa! Pra se ter uma ideia, com o tempo de Banjo-Kazooie, eu estava na metade desse aqui, e já meio cansado. 26 horas pra fechar e umas duas semanas de jogo regulares, pois desanimei algumas vezes, coisa que nenhum jogo tinha feito desde sei lá quando.
Mas não me entenda mal! A quantidade de conteúdo desse jogo é fenomenal, um feito para o N64 e um trabalho muito caprichado da Rare, porém, se você quer uma jogatina casual ou só quer se livrar logo do seu videogame, como eu, pode ser uma dor de cabeça.
Se eu tivesse esse jogo na época do N64, eu teria o amado ainda mais do que hoje em dia, sem dúvidas (e teria me mantido sem a vontade de comprar outros por um bom tempo).

De volta as mecânicas do jogo, você tem que coletar os prêmios por completar missões, Jiggies (peças de quebra-cabeça douradas), para pode abrir novos mundos. Cada mundo tem um tema próprio, mais missões e lugares para serem explorados, mais Jiggies e habilidades!
As habilidades vão desde poder se segurar nas bordas dos lugares até separar Banjo de Kazooie e jogar com cada independente. Pois é, além das muitas habilidades do jogo anterior, some mais um montão de novas por aqui, pois cada mundo contém 2 ou 3 novas habilidades, que são compradas com notas musicais coletadas (o equivalente a moedas nesse jogo).
Outras coisas que mudaram foi a adição de Wumba, uma indiazinha que fica numa cabana e transforma a dupla em outras coisas, como em carro, bola de neve, máquina de lavar, submarino e até em um T-Rex, muito antes do Mario o fazer em Odyssey.

Novas mecânicas foram adicionados também, além das habilidades em si, como jogar com outros personagens (o Mumbo Jumbo, caveirinha, agora é jogável e sempre faz mudanças no estágio quando alcança seus pads) e partes exclusivas só para o urso bobão ou para o pássaro sarcástico. Quanto mais mecânicas, mais desafiador é o jogo, posso garantir.
Uma coisa interessante é que algumas fases tem desafios em FPS. Sim! First-Person Shooter! O jogo fica em primeira pessoa, Banjo segura Kazooie como à uma arma e você tem que matar inimigos. Imagina isso no N64, com apenas um analógico! Mais infernal que já foi aqui.
Apesar do montante de possibilidades, BT sempre volta a usa habilidades do passado e dando sentido a sua existência. Vale lembrar que muitas coisas só serão alcançadas no futuro ao adquirir certas habilidades, o que pode ser frustrante, pois não há nenhum indicativo disso e você fica como um bobão tentando alcançar um objetivo impossível. Além disso, muita memória é importante para lembrar dos grandes mapas e fases passadas e "onde é que tava mesmo aquele negócio? Agora eu posso finalmente passar por ele."

Resumindo: Banjo-Tooie é um collect-a-ton EXTREMO. Nunca vi um jogo do gênero ser tão grande e complexo como ele é. Definitivamente um título para quem gosta o bastante do gênero ou quer mais depois de Banjo-Kazooie. Sua grandeza brilha quando pensamos nos tempos áureos da Rare, mas para quem não jogou na época e nenhum conhece a produtora, pode achar que o jogo é massivo (mesmo eu achei). Imagine se eu tivesse ido atrás de tudo (nem faltou muito, pra ser sincero).
De bom: jogo muito bem detalhado, com estórias e missões que se relacionam mesmo de um mundo a outro, como a poluição do cenário aquático que vinha do mundo da fábrica. Conteúdo para te deixar ocupado por muito tempo explorando os grandes cenários, chefes e muitos coletáveis. Humor bacana (me identifico muito com o jeito ácido do Kazooie) e quebra constante da quarta-parede. O jogo, apesar de tudo, foi "consertado" em relação ao anterior, com navegação mais simples em relação a alcançar warp points e a falha, não te obriga a refazer várias coisas desde o início, como foi no Quiz, similar ao do primeiro jogo. Não existem mais partes de subir em plataformas pequenas e difíceis de andar como no primeiro. Várias habilidades novas bem legais. Chefes muito legais. Terminar o jogo é muito compensador e dá até uma saudade.
De ruim: jogo colossal e que pode ser tenso para quem não é familiarizado com o gênero ou não jogou BK. Nada casual por aqui, prepare um tempo, sua memória e a vontade de explorar. Faltou placas e indicações, pois muitas fases tem inúmeros caminhos semelhantes e confusos. Respawn rápido dos inimigos. Faltou mais dicas em relação a tudo! Em algumas partes eu ficava me perguntando e rodando pela fase para tentar chegar a um lugar e nada, só pra descobrir depois que eu tinha que ter alguma habilidade específica. Cheguei até a olhar na internet umas duas vezes por desistir de vagar inutilmente.
No geral, BT é bem legal, mas eu diria que é um collect-a-ton "advanced" e que não foi feito para principiantes. Cheguei a desanimar muito na fase "Grunty Industries" lá pela metade da aventura, mas as fases seguintes, mesmo com temas mais tensos, acabaram sendo bem mais simples. Gostei muito, mas espero que a experiência com Conker's Bad Fur Day, Banjo Bolts and Nuts e Jet Force Gemini sejam bem mais simples! Comece pelo BK!
Curiosidade: o final deixa meio que a entender que teria um terceiro jogo (apesar de achar que nós não precisamos).

GDQ a cada edição me decepciona mais com a lineup. Enchem de joguinho merda e deixam de fora vários clássicos =/