Zerado dia 28/01/20

A primeira vez que eu ouvi falar de Kid Chameleon foi numa conversa no metrô com uns amigos indo para uma de nossas jogatinas. O problema é que eu sempre fui um pouco desligado em relação a Sega da época do Master System e Mega Drive, então boiei enquanto eles aclamavam não só a esse jogo, mas também Quackshot, Shadow Dancer, Streets of Rage (esse eu manjava o bastante).
Fiquei muito curioso com esses títulos e comecei a perceber que poderia estar perdendo super clássicos ao nível de outros que amo de SNES. Nessa época meu foco era mais Nintendo, principalmente Wii U e 3DS, mas jogava no PS2, PS3 e tinha meu PSP (talvez o Vita), então resolvi mudar minha visão da Sega, que eu curtia principalmente pelo Dreamcast.

Baixei o emulador de PSP, procurei saber de jogos importantes, já zerei um bocado e estou indo bem jogando aqui e ali. Já no caso do Kid Chameleon (KC), cheguei a jogar um pouco só pra ver de qual era, mas não fui muito longe. Não me apeguei, achei meio esquisito e confuso, fora que difícil.
Ano passado eu fui de plataforma em plataforma à procura de jogos que eu havia jogado e me esquecido de continuar, jogos emprestados e jogos que estão precedem outros que estou louco para jogar. Estou dando prioridade para alguns, mas fiz uma lista de urgências, sobretudo com aqueles que iniciei e prometi a mim mesmo que focaria neles e que só jogaria outras coisas que estou louco pra começar, quando a lista estivesse limpa. Vem funcionando muito bem, embora eu ande "pulando a cerca" de vez em quando pra respirar um pouco e relaxar de jogos que não são tão divertidos.
KC foi a escolha da vez. Na verdade, de umas 2 semanas atrás, mas agora foi. O que eu posso adiantar é... que onda forte de jogos ruins!

Começando a aventura, noto que os visuais são bem Genesis mesmo, mas daqueles feios. Sei lá, existem muitos jogos bonitos na plataforma, mas KC é um daqueles que não me agradam de jeito nenhum (possivelmente um jogo de lançamento da plataforma, não sei).
Bom, é um jogo de plataforma 2D, como um Mario. Você pode até pular nos inimigos e cabecear as caixas para conseguir itens, incluindo power-ups. Legal.
Talvez você ame Mario ou tenha jogado muito a série na época 8/16bit e fique interessado com esse daqui, mas eu já adianto: o sentimento é completamente diferente. Primeiro que o jogo tenta ser mais descolado e adulto, com monstros que mais parecem ter saído de um livro de RPG, poderes que te deixam parecendo com o Jason Voorhees (filme Sexta-Feira 13) e cenários pouco coloridos e com armadilhas como brocas e espinhos. É uma mistura esquisita de jogo pra molecada com elementos meio adultos.
Em segundo lugar, a jogabilidade é terrível! Terrível! O protagonista escorrega pra caramba, sendo que as fases costumam exigir muita exatidão aqui e ali para evitar até mesmo a sua morte. Eu mesmo fiquei bom, mas ainda rolavam uns erros aqui e ali e meus dedos ficavam constantemente tensos.

Cada roupa que você coletar, transforma o protagonista e o dá poderes e mecânicas próprias, e isso é o grande merchan do jogo. É legal, mas também gera trabalho, por exemplo:
-O cavaleiro te deixa pesado e quebra blocos abaixo de você, então cuidado! Em compensação, ele pode escalar paredes se você apertar um dos botões rapidamente, coisa que eu não sabia, me deixou preso numa parte e tive que recorrer a internet para descobrir;
-O Jason lança machados, permitindo que você ataque os imprevisíveis inimigos de uma certa distância;
-O Samurai ataca com sua espada diretamente a sua frente (evitando que você tenha que pular em cima dos inimigos) e ataca pra baixo no pulo, quebrando blocos abaixo. Ele ainda pula mais alto
-O "Moicano de Ferro" corre e quebra paredes com sua cabeça;
-A Caveira no Tanque de Guerra atira, mas ocupa mais espaço no cenário, impossibilitando que você caia por espaços pequenos, além de ter maior hitbox;
- O "Ciclope Verde" solta um raio que não mata os monstros, mas que revela blocos escondidos;
-O Snowboarder usa sua prancha para surfar rápido pela fase e ainda anda de cabeça para baixo no teto;
-O Mosca é pequeno, cabe em qualquer abertura e ainda agarra nas paredes estilo Mega Man X;
-O "Herói Vermelho" gira como o Tazmania e com isso pode voar pela tela, contando que você fique apertando o botão constantemente.

O jogo acaba fazendo você sempre querer achar uma roupa, pois o moleque principal é um inútil e sempre tem uma parte que você precisa ter achado determinada roupa para conseguir passar. Além do mais, o garoto só tem 2 pontos de HP e o jogo é bem cruel com frames de invencibilidade, que duram bem pouco e rapidamente você pode morrer, então com uma roupa você provavelmente vai ter no mínimo 3 pontos de vida (para perdê-la) mais os 2 pontos quando voltar a forma normal. Basicamente, você vai ter no mínimo 5 pontos de HP.
Já o lado ruim das roupas é se acostumar com suas jogabilidades e físicas e acabar se confundindo um pouco ao voltar ao normal ou coletar uma diferente.
Ao menos a campanha não apresenta tudo de uma vez e alguns dos poderes só vão aparecer lá pela metade do jogo. Na real que eu ainda acho que poderia ter sido um pouco mais lento com essas apresentações e que poderiam ter mais partes que aproveitassem mais essas habilidades, como em situações que eu só vi no finalzão da campanha, assim como nas raras exceções que o jogo teve alguma variação nas fases que não fosse apenas dar uma explorada e chegar à bandeira branca.

Já o enredo é bem básico: há um fliperama na cidade com tecnologia de realidade virtual e todos estão adorando quando de repente... o chefão se liberta e ataca todo mundo e agora você tem que resolver o problema. Não fica claro exatamente onde acontece a aventura toda, mas como há constantemente aquelas grades de mundo virtual estilo anos 80, acredito que seja dentro do jogo do Arcade mesmo.
Durante a jogatina mesmo nada disso é citado e você hora está na floresta, hora na praia, no castelo, no gelo, na floresta de novo, no gelo, na praia, no gelo, no castelo, na praia... Que confusão! Para piorar as coisas, há portais em vários estágio que te teleportam para outras fases, podendo inclusive fazer você pular algumas, pelo o que eu entendi.
Um bom exemplo desses "warps" foi no final do jogo, que eu estava seguindo um guia de fases para ter noção do quanto ainda faltava para acabar e eu sempre ia parar em fases extras e de uma caia em outra e em outra e nunca achava o caminho para prosseguir de fato no jogo. As vezes as fases são longas, cansativas e injustas, fora as mil possibilidades de caminhos e "warps".
Um dia desses peguei pra zerar e passei o dia todo jogando, fiz um monte de fases e quando fui pesquisar se estava acabando, tinha feito no máximo 1/3 do jogo, que tem mais de 50 fases, todas bagunçadas, cada vez mais injustas e que não dão a menor pista do quão perto você está de acabar ou de um chefe!

Resumindo: Kid Chameleon não é o jogo que eu esperava, mas sim uma grande decepção. Na época pode ser que tenha sido um jogo ok, mas jogando hoje e me esforçando pra curtir e ver com outros olhos, é apenas mais um título genérico e mal feito. Irritante, frustrante, sem carisma, bagunçado e muitas outras coisas são características muito negativas que me fizeram largar o jogo previamente, jogar lentamente e me divertir quase nunca. A ideia é muito boa, e tenho certeza que a propaganda na época era excelente, mas a execução é simplesmente porca.
De bom: gosto da variedade de roupas e diferentes habilidades e, junto com o cenário, somam uma estética anos 80 bacana. Aparentemente há meio de zerar o jogo rápido através de segredos em certas fases.
De ruim: músicas fracas e repetitivas. Level design horrível. Ordenamento das fases sem a menor lógica. Bem frustrante e difícil em diversas partes, seja por inimigos mal posicionados e que atacam loucamente ou se jogam em você, seja pela jogabilidade nem sempre responsiva, seja pelas armadilhas sacanas que as vezes ainda permitem que você sobreviva mas que não possa fazer nada a não ser observar seu personagem morrer com o tempo. Injusto. Frames de invencibilidade fazem mais falta aqui do que nunca. Não ter noção do seu progresso. Vidas e continues pouco suficientes (mesmo com savestate entre os estágios eu penei demais nesse jogo). Chefes todos iguais. Partes que te obrigam ter determinado poder e se você o tiver perdido... bom, se mata ou pausa e pede pra reiniciar aquele nível.
No geral, acredito que meus amigos mais uma vez tenham recomendado baseado na nostalgia da infância, mas duvido que eles jogariam com gosto hoje em dia. KC é o perfeito exemplo de que jogos ruins sempre existiram e que infelizmente muita gente ainda vive num mundo fechado pra esse tipo de jogo e prefere ignorar todas as possibilidades e recomendações de jogos mais recentes. Um KC 2, bem feito e usando bem a ideia seria bem interessante, mas quem liga pra essa série? Se eu recomendo esse jogo? Recomendo que você o jogue na lixeira. Fraco, irritante e muito maçante!

Desafio encerrado!
Na verdade já fomos abandonados muitas vezes pelo Alva, e tentamos até que ele volta.
Mas toda vez que o trampo tá pesado, ou a vida ta tensa, ou os games estão sem graça aos meus olhos, eu fico um tempo meio afastado daqui (e de tudo em geral)
Só saio daqui quando não abrir mais o site kkkkkkkk