Zerado dia 15/04/20

Olha aí o jogo que eu venho jogando há umas duas semanas: Yo-kai Watch! Tenho outros jogos em progresso e outros na lista de urgências, mas acabei começando esse daqui pois tenho falado muito com uma amiga da adolescência e ela tem amado a série, tendo começado no 2. Daí ela resolveu voltar e jogar desde o primeiro e tivemos a ideia de jogar juntos e tal. Curti!
Sabendo dos outros títulos mais obrigatórios, pesquisei no howlongtobeat.com e descobri que sua campanha durava menos de 20 horas! Perfeito!
Por conta disso joguei com um certo cuidado pois queria contar a ela os detalhes da minha experiência, entender o que ela me dissesse e me preparar pros jogos seguintes da série. No final foram apenas 16 horas de jogo, mas eu acabei estendendo por tantos dias por conta de algumas dificuldades que tive com o jogo.

Eu estava bem empolgado com YW por conta da fama que ele teve na época, chegando a desbancar Pokémon e virar uma febre, sobretudo no Japão. Eu queria muito saber o que ele tinha de novo, conhecer os personagens e conhecer o sistema de batalha, que já vi uns conhecidos reclamarem de ser esquisito.
Começando o jogo, ele tem mesmo um ar de Pokémon, cidadezinha japonesa e tudo mais. É bem o tipo de coisa que eu curto nesses RPGs e um conceito que a gigante da Game Freak abandonou com o tempo (pra mim, a partir da quinta geração). Eu amo a ambientação mais bucólica e as trilhas sonoras simples, mas chiclete e nostálgicas, diferente da onda cibernética/espacial/multiverso que jogos similares tem seguido.
Você anda pela cidade e ela é viva! Há pessoas andando, pessoas sentadas, carros passando e mais mil coisas acontecendo.
O cuidado com detalhes de ambiente é muito legal, ao invés de ser tudo quadrado e repetindo as mesmas casas e tal, há muitos prédios diferentes e ruas verticais, horizontais e diagonais, com árvores, estacionamentos, mercados, cercas, ar condicionados, portões e até ruas mais altas que passam por penhascos e que você pode ver a cidade lá em baixo!

Infelizmente, imagens de 3DS nunca fazem jus aos jogos e sempre são meio difíceis de achar, mas o jogo é bonito pra caramba!
Ele tem uma visão mais aérea como os Pokémons mais antigos e um feeling bem Inazuma Eleven (DS), o que é bem bacana. Enfim, amo mapas japoneses assim e ele faz um trabalho muito legal em apresentar uma cidade viva.
Depois de navegar pelas ruas, falar com o povo, caçar uns insetos em minigames e achar baús, finalmente o jogo chegou onde eu queria: a apresentação do primeiro yo-kai. Eu tava muito com o conceito de monstrinhos colecionáveis na cabeça, e tá certo, mas tem uma coisa que você tem que lembrar sobre eles: eles são espíritos/monstros, e não animais! Sendo assim, você vai ver uns bem bizarros, muitos humanóides e que se assemelham a criaturas conhecidas, como Kappas e Oni. Ah, eles falam!

O conceito dos yo-kais vai além e é bem legal: enquanto alguns deles são de bem com tudo, outros gostam de ver o caos e são justamente esses malignos que causam problemas comuns na nossa rotina.
Um exemplo disso é mostrado logo no início, quando um casal está brigando e logo descobrimos que o conflito é causado por uma yo-kai que está deprimida por estar sem seu marido. Tem espíritos que deixam as pessoas doentes, sempre com fome, muito esquecidas e assim por diante. Eu realmente amei esse conceito de como cada um deles afeta o mundo e dá até pra lembrar deles na vida real sempre que determinada coisa acontece. Maneiro demais!
Além disso, essas criaturas são invisíveis às pessoas, mas não há todas. Você mesmo consegue enxergar os principais deles, mas sempre que há algo novo, tem que recorrer ao seu relógio yo-kai (yo-kai watch), que tem uma lente que revela os fantasmas onde você mirar.

O yo-kai watch serve também como um radar pra quando você estiver andando por aí. Ele tem uma agulha tipo de bússola que fica mais forte conforme você se aproxima de uma criatura. Se o pulso for vermelho, interaja com alguma objeto para começar um minigame em que você move o cursor (lente do relógio) por algum cenário buscando um yo-kai. Tendo o encontrado, basta manter o cursor em cima dele enquanto ele foge e tenta se esconder até que finalmente o revele e comece uma batalha. Vencendo aquele yo-kai, há uma chance de ele pedir pra se juntar a você.
Já se o pulso for roxo, quer dizer que o yo-kai está no cenário e você só precisa abrir sua lente e escanear a área (geralmente são criaturas de quests).
Mais pra frente você vai subindo de rank e encontrando melhores fantasmas. O relógio, além de mostrar o pulso e a distância entre você e o monstro, mostra também o rank daquele yo-kai pra você não ficar entrando em confronto com fracotes que não interessem.

As batalhas são um pouco diferentes do convencional mesmo. Estranhas no início, mas logo você pega o jeito e ficam bem legais.
Você pode ter até 6 yo-kai com você e quanto começa a batalha, três iniciarão na linha de frente. Se você quiser colocar outro deles na luta, tem que girar uma roleta na tela de toque de modo que sua imagem fique entre as três superiores. Obviamente, ao girar para a esquerda, por exemplo, o espírito que estiver mais a esquerda sairá de cena e o primeiro abaixo do da direita irá entrar em jogo.
Essa roleta é muito importante, inclusive na hora de equipar seus yo-kais. Se um deles for focado em cura, ele só cura aqueles que estiverem com ele em ação e como só podem 3 em batalha por vez, ou ele vai ter um adjacente de cada lado, ou dois adjacentes na direita ou dois adjacentes na esquerda. Basicamente, se ele for o yo-kai "3", ou você terá a sequência 2-3-4 ou 1-2-3 ou 3-4-5. Isso significa que o 6 nunca vai estar com ele em campo, pois estão em lados opostos da medalha.
Pra completar, yo-kais de tipos diferentes que estejam agindo adjacentes ganham bônus, então é bom saber encaixar a galera.

Fora isso, os yo-kai atacam sozinhos, mas há muita coisa pra você fazer, sobretudo em batalhas mais árduas.
A primeira coisa é cuidar dessa roleta. Tirar quem está perto de morrer, colocar quem tem vantagem etc.
A segunda é baseada nos quatro botões na tela de toque: Soultimate, Target, Purify e Item.
-Soultimate é um ataque especial que cada yo-kai vai recarregando dentro da batalha. Alguns mais rápidos, outros mais lento. Tendo carregado, toque nele para começar um pequeno minigame na tela de baixo, enquanto a ação continua na tela superior. Seja rápido! Ao fazer o que é pedido quantas vezes forem necessárias (como tocar em alvos, desenhar padrões e fazer círculos rapidamente), aquele yo-kai usa um ataque especial, que pode incluir muito dano ou cura.
-Target serve para concentrar todos os ataques de seu grupo em um determinado alvo. Como as batalhas são geralmente 3x3, você pode optar por eliminar o mais forte primeiro. Em batalhas de chefe, muitas vezes você tem que mirar em pontos fracos antes de finalmente desbloquear a área que o monstro toma dano.
-Purify serve para curar seus monstros de status negativos, como confusão, causados pelos oponentes. Também são minigames que envolvem bater várias vezes na tela pra quebrar um vidro, estourar bolhas e esfregar pra tirar a fumaça.
-Item é o óbvio. Onde você usa cura, ressuscitar e outros que ajudam a aumentar força ou defesa temporariamente. Mas cuidado, pois há um intervalo entre poder usar um item e outro.

Resumindo: Yo-kai Watch é um RPG de monstrinhos colecionáveis voltado para um público mais infantil ou simples e que ousa em mudar um pouco a fórmula original quando o assunto é combate. É um jogo quase sempre bem fácil e tranquilo, mas há um enorme gosto em explorar as diferentes partes da cidade ouvir sua música e curtir seus visuais, que foram muito bem cuidado em seus detalhes. A experiência foi curta, mas muito mais divertida que os últimos jogos da franquia Pokémon me proporcionaram. Tô com bastante vontade de já pular pro 2!
De bom: a mistura de simplicidade e nostalgia. As pequenas cidades e rotinas japonesas me levam direto pra infância. Combate diferente e muito estratégico em tempo real que me fez fazer "multitasking" no final. Cada capítulo do jogo é voltado pra uma situação com começo, meio e fim, seguido de um "To Be Continued", o que é muito legal, pois há sempre focos de narrativa diferentes e permitem que você jogue de pouco em pouco. Curti muito os yo-kais principais, principalmente o Jibanyan e Komasan (que já vou pedir miniaturas pro quarto). O jogo te permite jogar apenas com botões, apenas no touchscreen ou meio a meio (como eu joguei) e nem precisa configurar, só jogar como preferir. Muitas missões secundárias e extras post-game que vão te fazer jogar muuuuito. É possível usar moedas encontradas no jogo ou aquelas por andar com o 3DS para desbloquear monstros aleatórios pro seu time todos os dias. Efeito 3D bacana. Cinemáticas legais e que me fizeram querer assistir o anime.
De ruim: sei que as limitações do 3DS dificultam, mas a câmera é um pouco próxima demais do personagem e isso dificulta um pouco na visualização do cenário e imersão. O jogo faz todas as marcações no mapa da touchscreen e nada na de cima e o resultado é que eu jogava mais pelo mapa que pelo jogo em si. Algumas missões te fazem ir atrás de yo-kais específicos e derrotá-los, mas é quase sempre muito difícil encontrar as localizações, pois muitas delas não estão indicadas no mapa, apenas quando você está nelas, e isso me fez procurar soluções online.
No geral, curti pacas a experiência mais casual do jogo, que teve um nível de dificuldade bacana, sobretudo nas última missões (uma vez ou outra parei pra upar, mas cada nível faz bastante diferença). Recomendo pra quem curto jogos do estio e quer algo pra se explorar e fazer mil sidequests e curte uma atmosfera que em parte é muito tranquila ao mesmo tempo que mistura um pouco a temático um tanto Halloween. No geral é óbvio que seu público alvo seja crianças, assim como muitos jogos excelentes são. Vendo a versão de Switch, parece bem superior também (do primeiro jogo mesmo). Muito bacana!

Acho Yokai Watch bem divertido, pena que só joguei o primeiro kkkkkkkkkkkk