Zerado dia 26/12/20

Feliz Natal à todos!!!
Há uns bons anos atrás eu descobria a existência de um estúdio chamado Brownie Brown, subsidiário da Nintendo e dono de uma característica bem diferente no mundo dos games: o estilo artístico, associado à ótimos jogos. Nessa época eu vi revistas e sites falando desse estúdio e meu primeiro jogo provavelmente foi Professor Layton's London Life, um RPG incluso no cartucho de Professor Layton and the Last Specter (DS).
Mais tarde fiquei sabendo que Mother 3 (GBA) estava associado ao mesmo estúdio, que ganhou cada vez mais respeito.
Lembro que até na época do DS eu comprava revistas de jogos volta e meia e uma dessas revistas, Nintendo World (que devo ter por aqui ainda), falava brevemente sobre um futuro lançamento chamado Fantasy Life e mostrava uma captura de tela que mostrava o jogo e o tão distinto estilo da Brownie Brown. Fiquei doido por ele!

Infelizmente o tal do Fantasy Life foi sendo adiado e adiado até que mais tarde foi cancelado para o DS para ser lançado no 3DS. Mudaram ainda o estilo 2D (que você pode ver na internet) para modelos 3D bem mais genéricos. Triste, mas a proposta muito prometia e, bem, era um jogo da Level-5!
Lembro claramente da época de lançamento. Demorou tanto que eu até tinha esquecido do jogo e meu hype tinha dado uma esfriada. Lançou no Japão e um ano ou mais depois por aqui. Lembro até que comemorei pois estava perdendo as esperanças de jogá-lo e a Level-5 faz isso de não trazer os jogos as vezes, como os Inazuma Eleven de DS na época.
Nessa época eu tinha um amigo de internet e ele ficou muito feliz em saber que o jogo viria pro Ocidente e mais tarde o comprou e falou muito bem. Já eu estava bem dividido. Não sabia se queria pagar o R$150 da época no jogo sendo que eu tinha prioridades maiores no portátil (nem sonhava em desbloquear o console na época). Acabei deixando de lado.

Já mais recentemente, há poucos anos, cheguei a comprar um flashcard de 3DS para jogar títulos baixados na internet (infelizmente esses flashcards nem chegavam aos pés daqueles de DS). Me lembro que pus só alguns jogos na memória, como Kirby Triple Deluxe, Sonic Generations, Epic Mickey: Power of Illusion e... Fantasy Life! Joguei todos, menos o FL.
Depois um amigo desbloqueou meu 3DS e lá estava eu com o jogo mais uma vez. E isso já foi uns anos atrás. Enfim, resolvi jogar agora para liberar espaço no 3DS pois queria deletar algo que ocupasse alguma memória e fiquei com vontade do que uma hipotética facilidade de terminar isso pudesse me proporcionar.
E lá vamos nós. Abri o jogo, assisti uma cinemática bacana, criei meu personagem e escolhi entre 12 profissões para iniciar. Fui de paladino.

Enfim jogando Fantasy Life depois de um bocado de tutoriais, aprender um pouco sobre a cidade, sobre o simples combate e afins.
O jogo é feinho e visualmente tedioso, meio desinteressante. Agora tenha em mente que eu não sou muito chato com isso e amo video games portáteis, mas é fato que os gráficos super serrilhados deixam muito a desejar. Poxa, jogue Mario 3D Land, Zelda Ocarina of Time 3D e Resident Evil Revelations e veja que dava pra ser muito mais bonito mesmo na época de lançamento do console! Por outro lado, o foco do jogo é ser quase que um "MMO", com um mapa grande, level up, quests e multiplayer.
Um NPC me ensinou um pouco sobre diversos prédios da cidade medieval: loja de itens, de armas e muitas outras. Achei interessante que ele mencionou um local que eu posso visitar para trocar de "Life" (profissão) a qualquer momento.

Infelizmente logo o jogo cai numa repetição e numa quantidade absurda de diálogos que infelizmente aconteceria durante toda a minha jornada.
O rei te manda para algum lugar fala com alguém, você vai lá, faz isso. Depois vai para a sua casa e fala com uma borboleta que te dará missões a serem feitas antes de poder dar continuidade à história. Essas missões são sempre de ir até algum lugar, falar com certos NPCs e pronto. Volte a borboleta e ela te encaminhará para o lugar que dará continuidade na história, que sempre é um bocado de monstro guardando e uma pedra amaldiçoada. Destrua a pedra, o que é super fácil, e pronto.
Essas quests da borboleta fazem parte da linha principal para terminar o jogo e são as mesmas indiferente da sua Life. As quests exclusivas das profissões ficam numa aba delas no seu menu e incluem coisas como "matar tal monstro" ou "finalize 5 monstros com o golpe de espada carregado". Termine essas missões para ganhar estrelas que se somam e aumentam seu rank, permitindo que você acesse mais missões, compre melhores equipamentos e eventualmente fique mais forte.

Eu passei boa parte do jogo perdido. No que eu foco afinal? E há tanta coisa nas cidades, que por sua vez são divididas em muitas telas, que eu tinha medo de não estar jogando certo, deixando de me equipar certo, de recrutar aliados, comprar itens, sei lá.
Acabei focando na quest principal até que ficasse difícil, daí voltaria às missões de paladino e ficaria mais forte, mas puts... não sei se foi a melhor escolha. O fato é que as quests da linha principal se resumem a: ande até tal cidade, fale com alguém, volte a cidade inicial, volte de novo a cidade da missão, enfrente os monstros com a pedra e a destrua. E tudo isso é banhado por parágrafos e mais parágrafos de conversa fiada. Sério, eu comecei a ignorar os diálogos e a metralhar o botão A e mesmo passando bem rápido, você fica MINUTOS apertando o botão. Meus deus!
Não existe um jogo com mais texto que esse. Não existe! Eu acho que de 50% a 70% de toda a aventura é diálogo.
Agora a parte bizarra é que eu não estava me equipando nem comprando item, mas as missões estavam super tranquilas só com os raros level ups. Porém, inimigos do mapa, que você pode simplesmente ignorar, estavam fortes e me fizeram comprar melhores coisas a cada nova cidade e mudar meu visual, mas na campanha mesmo, eu terminava as lutas praticamente sem perder vida nenhuma!

O mapa é bem menor do que eu imaginava. As cidades tem várias seções, mas dá pra ignorar tudo e acompanhar pelo mapa pontos de interesse, como lojas. As rotas entre as cidades são corredores bem simples, mas há uma área grande que basicamente serve de intermédio entre todas as localidade, como se fosse um Hyrule Field do Ocarina of Time.
O lance é que as quests, mesmo só as principais, te fazem ir e vir pelas mesmas localidade sem parar e isso leva tempo (e cansa). Demorou um bocado para desbloquear a opção de pagar para um dirigível te levar de uma cidade para outra (e nem lembro se todas são acessíveis assim).
Muitas missões ainda te fazem revisitar personagens importantes em suas localidade e é importante prestar atenção nesses detalhes, pois os detalhes das quests não mostram onde ir, nem mesmo o nome das localidades. Geralmente é só voltar na última cidade descoberta na história, mas mais pra frente é gente pra todo lado e até achar o pessoal nas cidades pode ser tenso (ao menos há um indicador na cabeça das pessoas de interesse).
E haja texto!

Resumindo: Fantasy Life é uma ideia legal, mas sinto que não é um jogo que envelheceu bem e que ficou muito preso à sua época pois acredito que a experiência seja mais divertida no multiplayer, se preocupando em melhorar seu personagem e conhecer mais quests e desafios de verdade. O modo single player é decepcionante, sendo monótono e muito fácil quando o assunto é a campanha, o que muito me desmotivou a ir atrás de completar as quests genéricas de todas as profissões.
De bom: bastante conteúdo. Equipamentos mudam sua aparência. Cinemáticas legais. Multiplayer devia ser legal.
De ruim: campanha simplória e sem graça. Gameplay que envolve andar demais e uma quantidade massiva de texto (me deixa jogaaaar). Visuais feinhos, mais pro lado do DS que do 3DS. Equipar seu personagem para a quest principal chega a ser besteira. Não há um final boss. Missões que não indicam para onde ir e você acaba tendo que memorizar os nomes bizarros dos mil NPCs. Quests exclusivas de classe super genéricas e não vi porque fazê-las senão se fortalecer, mas pra quê? Muitos comandos não ficam associados à atalhos por botões, mas ao touchscreen, como mapa, quests e uso de poções. Muitas mecânicas estranhas que nem tem porque usa, como convocar NPCs pro seu time, sendo que eles somem assim que tiver alguma cutscene ou são muito fracos, como os cães e gatos que compramos para enfeitar a casa e ajudar nas quests.
No geral, eu simplesmente não recomendo esse jogo. Talvez em 2014 com amigos (lembro que demorou bastante para sair o patch do multiplayer online), mas de quem seria essa necessidade hoje em dia? Fora quem existem muitas opções melhores agora. Para mim esse jogo tem a fama que merece, uma bomba como Snack World parece ser. Para jogos da Level-5, acredito que o Yo-Kai Watch seja similar e muito mais divertido. FL é completamente ignorável e eu recomendaria gastar essas 10 horas (no mínimo) com outra coisa. Decepcionante.

Saudades de jogar isso, ainda vou comprar um 3DS de novo pra jogar.
Parece mais um simulador de vida que um RPG.