Senhoras e senhores, segue para sua apreciação mais uma parte do Lore das Cinzas, uma análise aprofundada do Lore de Dark Souls 3, e suas dlcs.
E desta vez, com a revisão do ilustre @solidrenan, parceiro scholar do lore da série já há bastante tempo.
Segue a história até aqui:
INTRODUÇÃO
Parte 1 - O Primeiro Pecado
Parte 2 - Trevas à Espreita
Parte 3 - O Fim
Final - As Cinzas no Tempo e Espaço
CAPÍTULO 1 - Os Lordes das Cinzas
Parte 1 - Aldrich, O Santo das Profundezas
Parte 2 - Yhorm, O Monarca Recluso
Parte 3 - Lothric e Lorian, Os Jovens Príncipes
Parte 4 - Os Vigilantes do Abismo
Parte 5 - Mentira tem Pernas Curtas
CAPÍTULO 2 - Humanos e Suas Promessas
Parte 1 - O ANJO CAÍDO, AS TREVAS E O SACRIFÍCIO SUPREMO.
"Ahh, merciful goddess, mother of the Forlorn, who have no place to call their own...
Please, bear witness to our resolve...
Fire for Ariandel... Fire for Ariandel...
And the ash to kindle flame..."
"Ahh, Deusa misericordiosa, mãe dos Forlorn, que não tem lugar para chamar de seu...
Por favor, seja testemunha da nossa determinação...
Fogo para Ariandel... Fogo para Ariandel...
E cinza para atiçar a chama..."
Gael O Cavaleiro Escravo.
Tradução livre.
Na primeira vez que encontramos Gael, de joelhos e cabeça baixa. Quando nos estende o pedaço da pintura, clamando para que avivemos a chama em Ariandel, para que a Pintora possa terminar seu trabalho, e a terra de Ariandel seja purificada, não imaginamos que aquele ali foi um dos primeiros homens.
Gael fazia parte dos Cavaleiros Escravos, uma unidade de guerreiros humanos juramentados aos deuses, usados como linha de frente na batalha contra os Dragões Ancestrais e demais inimigos do império. Gael existia nessa era e já vive há tantas outras. Depois do fim dos cavaleiros, que eram usados na linha de frente nos combates, uma vez que não podiam morrer, Gale, o último Cavaleiro Escravo, encontrou refúgio no Mundo Pintado de Ariandel, o mundo pacífico e frio, distante das cinzas, das chamas, de deuses.
E assim os Cavaleiros Escravos foram esquecidos pelo tempo, sem jamais receberem o crédito que seus pares, os Guerreiros de Prata, recebiam, ainda que viessem mais atrás, nas linhas de batalha. Esse era o caminho dos deuses.
Gael esteve em paz, até a invasão de Elfriede no Mundo Pintado, e a corrupção de Londor que tomou a Pintura. Alguns poucos foram contrários a corrupção da chama e do Mundo Pintado. A Pintora, Gael, o Corvian mal formado que ainda mantém sua consciência, mas a grande maioria louvava Elfriede. Talvez por ser um símbolo de esperança, para os não-mortos.
Elfriede é a irmã mais velha de Yuria e Liliane, e participou da criação da Igreja Sombria de Londor¹, no reino dos não-mortos, fora do Mundo da Pintura.
1. Sombria/Escura, seria a tradução de Sable do inglês. Em francês, o significado é areia. Teria isso alguma ligação com o deserto que vemos na abertura e no fim do mundo, onde enfrentamos o Gael? Teria sido uma profecia, como a de Aldrich?
Vemos então mais evidências da diferença entre a corrupção, a cada nova região. A corrupção promovida por Elfriede, é promovida pelo sangue, pelo sangue que alimenta a chama a frente Ariandel. A corrupção que gera seres insetóides que se alimentam de sangue.
A corrupção do abismo de Aldrich, diretamente localizado abaixo da Catedral das Profundezas, é baseada em carne e no consumo dessa. O impacto disso pode ser acompanhado em seus servos, como o Arquidiácono McDonnell, inchado e com matéria enegrecida escorrendo de seus olhos, em um porão escondido em Irithyll.
Temos a corrupção mágica descontrolada, causada pela experimentação. Onde tanta magia do abismo é utilizada que passa a corromper a natureza, e todos aqueles que convivem com ela. Como o que aconteceu em Oolacile.
Por último, existe a corrupção natural, causada pela longa exposição a Humanidade. Como aconteceu à base da Cidade Anelar.
Pelo relato de Gael, a corrupção de sangue, pode ser curada com a purificação através da chama. E apenas um ser de brasas pode reavivar a chama no Mundo Pintado.
"I've seen your kind, time and time again.
Every fleeing man must be caught. Every secret must be unearthed.
Such is the conceit of the self-proclaimed seeker of truth.
But in the end, you lack the stomach.
For the agony you'll bring upon yourself..."
"Eu vi seu tipo, uma e outra vez.
Cada homem em fuga deve ser capturado. Cada segredo deve ser desenterrado.
Tal é o conceito do auto-proclamado inquiridor (buscador) da verdade.
Mas no fim, lhe falta estômago.
Para a agonia que vai trazer sobre si mesmo..."
Sir Vilhelm
Tradução livre
Enquanto traçamos nossa jornada por Lothric e os reinos que são atraídos para ali, Gael escapa de Sir Vilhelm, que capturou a Pintora, sob o comando de Elfriede. Gael então segue com a promessa de encontrar um guerreiro de cinzas que possa "destronar" Elfriede, ela própria um ser de brasas, e então livrar o Mundo Pintado de sua corrupção.
É a Gael que Vilhelm se refere com tanto desdém, quando o enfrentamos, poucos metros antes de libertarmos a Pintora, a garota que criará um novo mundo, ao contrário deste, que foi apenas restaurado pelo Pai Ariandel.
É notável o compromisso de Vilhelm em proteger o segredo do que aconteceu no mundo pintado, considerando que está no caminho, como um cão de guarda entre nós e o acesso ao porão de podridão, abaixo da Catedral de Ariandel. Esse porão, que também guarda o mecanismo que mantém o altar em seu lugar, impedindo o acesso ao Pai Ariandel.
Esse porão, também guarda o corpo de Vilhelm, que escondido, projetava sua ilusão às portas da Catedral de Ariandel, sondando possíveis curiosos que tentassem atacar Elfriede. Não
A tomada do Mundo Pintado e manutenção do poder, da chama alimentada pela corrupção do sangue, não foi inteiramente pacífica.
O sino que poderia causar o despertar de um Aceso, foi arrancado do topo da catedral e arremessado à mata próxima.
O portão à entrada da Catedral foi arrombado para dentro, e seus destroços ainda repousam na neve. A entrada não foi pacífica.
Os Corvian que peregrinam até a prisão da Pintora, pacíficos, desarmados, caminhando em posição de ovação, são executados sem qualquer oportunidade de defesa, por um Cavaleiro Corvian.
Com a tomada de assalto, da Catedral, Gael saiu da pintura usando o link junto a Capela da Purificação, o altar, idêntico aquele onde encontramos dois Cavaleiros Corvian, próximo à "prisão" da Pintora. Não é uma pintura, mas ainda assim, um elo bom o suficiente.
Gael vem de um antigo dialeto celta, onde singnifica Selvagem. A palavra também era utilizada para "homem selvagem", "homem da floresta" e, posteriormente, "guerreiro".
Em muito o significado se aplica a Gael, o Cavaleiro Escravo, principalmente à última vez que o encontramos.
Gael, em toda sua jornada em nossa era, buscou atender a sua Donzela, a Pintora. Primeiro buscando alguém que a libertasse das garras de Elfriede e os demais que causaram o sítio em Ariandel. E então, buscando o único pigmento que que poderia pintar o novo mundo pintado. A Alma Negra.
Gael sabia que essa não seria uma missão da qual ele escaparia com vida. Seria um sucesso do qual ele não sobreviveria, e ele sabia disso.
Caso não conseguisse cumprir sua missão, precisava que alguém a cumprisse. Que levasse o pigmento a menina, para que pintasse um novo mundo, distante da podridão do Mundo Pintado de Ariandel.
Para tal, Gael deixou diversas mensagens, e pistas visuais com pedaços de sua capa, em diversos pontos da Cidade Anelar, e antes disso, nas ruínas do fim do mundo, à margem da Primeira Chama. Se alguém fosse forte o suficiente, chegaria até ele, e além, caso fosse necessário.
No entanto, podemos observar pela escrita de Gael, em suas mensagens, que sua pedra sabão já sofreu da corrupção do abismo, pela humanidade desenfreada, em tom avermelhado, diferente de tudo o que vimos até então. Podemos ver inclusive a imagem de diversos rostos, diversas almas em sofrimento, sendo expurgadas de suas palavras.
Então, quando encontrou os antigos Reis Pigmeus, depois de eras na Cidade Anelar (podemos ver o efeito do tempo em seu equipamento, principalmente em sua espada, partida, e desgastada pelo uso), Gael tomou de seus corpos a Alma Negra, cada fragmento dela. Enlouquecendo mais e mais a cada pedaço de alma que recolhia, ficando maior, deformado.
Quando o encontramos, ele nos reconhece, no entanto, não consegue se conter. Já está tomando pela fúria, pelo abismo, como Artorias esteve, tantas eras antes, ainda no tempo dos Deuses.
Gael sabia que enlouqueceria, caso tentasse tomar a Alma Negra para si, ele viu o que aconteceu em todas as eras anteriores, todos aqueles que foram corrompidos pela Humanidade. Viu o que acontecera com Artorias, em Oolacile, com os Quatro Reis humanos de Nova Londo, e ambos os reinos. Viu o que a Humanidade havia causado em Drangleic, com os fragmentos da alma do Pigmeu Furtivo, Manus.
Curioso como a aparente aleatoriedade do universo parece buscar a ordem. Por mais que os atacasse os Reis Pigmeus, não havia mais sangue em seus corpos ressecados e envelhecidos pelas eras. Gael precisava devorar o que restava deles, para tomar verdadeiramente a Alma Negra. E foi isso que aconteceu, é isso que vemos, quando o encontramos na arena no fim do mundo, quando o atacamos até sangrar.
Vemos pela primeira vez, desde Manus, e os fragmentos de sua alma, o sangue da Alma Negra, o pigmento que a Pintora precisa para seu novo Mundo.
Um mundo tão bom e gentil que valia o sacrifício de um guerreiro imortal. Um verdadeiro anjo que voa (atente para o estado de sua capa, quando o enfrentamos) pelas dunas do fim do mundo, em ataques violentos e incessantes. Um dos primeiros e o maior guerreiro humano a nunca alimentar a chama.
Bom, pessoal, com a postagem sobre Gael e uma bela pitada sobre a Cidade Anelar e O Mundo Pintado de Ariandel, damos início a esse novo Capítulo, mais focado nos humanos e suas histórias por Lothric, Ariandel, a Cidade Anelar e muito mais.
Marcando o pessoal que pediu pra ser marcado... Se quiser ser marcado nos próximos textos tb, basta pedir, nos comentários.
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