
E aqui estamos, para mais um post do Arco da Velha! Dessa vez, a nossa idosa trará uma visão geral sobre várias franquias de animação japonesa, dando um pequeno resumo sobre cada temporada da mesma, acompanhada no final de um veredicto final sobre como a dita cuja se saiu. Esse tipo de post foi feito pensando em não tornar muito repetitivo as indicações/bengaladas comuns da persona, falando de obras de uma mesma franquia inúmeras vezes, isso além de dar uma variada na página também.
Claro que, por se tratar de uma persona focada em animações, não serão levados em conta no post jogos, mangás, filmes separados, livros explicando lore, teorias malucas de fãs, álbum de figurinhas, papel higiênico personalizado ou o que quer que seja. O objetivo é dar uma visão geral da franquia, sem se aprofundar muito na mesma dando spoilers e fazendo reviews propriamente ditas (ou seja: a mesma pegada dos posts normais da persona). Enfim, chega de papo e vamos ao que interessa!
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Antes de tudo, um pequeno contexto: Digimon, no geral, é uma franquia focada em monstros digitais, que surgiram em meados da década de 90 e que foram o estopim para a febre dos Tamagotchis. Como os bichinhos virtuais vieram antes dos jogos de Game Boy trazendo os monstros de bolso da Nintendo, muitos se recusam a ver a franquia como uma cópia, ou um clone, de Pokémon e, no sentido geral da coisa, isso faz sentido. Porém o primeiro anime de Digimon foi feito claramente como uma tentativa de barrar o sucesso de Ash e Pikachu (por conta da Bandai e da Toei), então chamar os animes de "Clones de Pokémon" acaba não sendo tão longe da realidade assim, já que trazer um nome parecido, também ter crianças com gadgets e monstros que se transformam e que enfrentam outros, certamente que não foi uma mera coincidência na época, né?
1 - Digimon Adventure - 1999
Aqui temos a primeira temporada do anime, àquela que é certamente a mais querida pelo público (especialmente aqui no Brasil, já que a Globo a explorou à exaustão, chegando a passá-la duas vezes seguidas no mesmo dia). Nela temos um isekai clássico dos anos 90, onde 7 crianças (com uma 8ª aparecendo posteriormente), que estavam em um acampamento, sendo levadas à um mundo diferente onde conhecem seus parceiros digimons e com a ajuda dos digivices (pequenos aparelhos que lembram tamagotchis) e dos brasões (pequenos emblemas que simbolizavam as características principais de cada um) conseguiam fazê-los evoluir para que assim pudessem salvar o mundo digital, e consequentemente o próprio mundo humano. Só com essa pequena premissa já é possível ver o quão Digimon 1 estava anos-luz à frente de Pokémon, isso sem contar o fato que os monstros aqui falavam, que existia uma real ameaça pairando os protagonistas a todo momento (o que aumentava seus laços com seus parceiros digitais, tal como seus amigos que os acompanhavam), isso além da trilha sonora animal e de que tudo, no geral, termina com uma conclusão sólida. Apesar de ser a primeira temporada da série, Digimon Adventure é, até hoje, uma das melhores entradas da franquia, e só não se torna o melhor arco da mesma porque outros 2 aproveitaram bem melhor esse tema de monstros digitais... Mas isso veremos mais adiante.
2 - Digimon Adventure 2 - 2000
A partir daqui teremos algo que será muito comum na franquia: o mal aproveitamento de boas ideias. A temporada se passa anos após a primeira e as crianças de outrora estão maiores e não podem mais ficar indo em mundos digitais salvar o dia, então a tocha se passa para um novo cast (com 4 personagens novos), o que é ótimo, mas infelizmente o foco nos personagens/digimons antigos ainda é absurdo (pra se ter uma noção, o cast novo sequer tem brasões, e acabam reutilizando os dos personagens anteriores), TK e Kari do arco anterior ainda continuam no palco principal e com isso o foco nos novatos acaba indo pro ralo. A temporada também é repleta de coisas mal explicadas, plot roles, conveniências absurdas e tudo fica bem mais pueril sem aquela ameaça que existia antigamente e o resultado final termina sendo uma das piores temporadas de toda a franquia (apesar da trilha sonora ainda ser sensacional, sendo ainda melhor que a anterior). Mas não é a pior, pois mais adiante o buraco vai beem mais fundo do que isso!
3 - Digimon Tamers - 2001

Digimon 2 encerra o arco Adventure da série (ou ao menos encerrava, como será visto mais adiante), então para a terceira temporada criaram uma trama sem nenhuma ligação com os antecessores. E para tal, chamaram Chiaki J. Konaka, um dos responsáveis por Serial Experiments Lain, e o resultado ficou espetacular! Já existe um post sobre Digimon Tamers no arco, então não irei detalhar muita coisa aqui, mas no geral é o melhor arco da franquia, trazendo um tom mais sombrio e maduro para uma série focada em monstros digitais, isso além de provavelmente a melhor trilha sonora da mesma!
4 - Digimon Frontier - 2002
Digimon 4 (como ficou conhecido aqui no Brasil) continuou com a temática de stand alone do Tamers (sem ter ligação com as outras temporadas) e aqui novamente tentaram algo diferente com o tema de monstros digitais, já que desta vez as crianças protagonistas se transformam nos digimons, no maior estilo Super Sentai! Infelizmente, tal como aconteceu com Digimon 2, a execução dessa ideia foi terrível, pois além de regredirem e trazerem novamente crianças perdidas em um mundo digital (e os estereótipos dos protagonistas não sendo lá muito diferentes dos mostrados em Digimon 1), dão um foco excessivo para 2 personagens do cast (o gabiru de óculos de aviador e o cara silencioso e edgy com cabelo comprido e lenço na cabeça), isso sem falar do pacing horrível da última parte do anime (e do final bem forçado). No fim das contas, Digimon 4 se sai ligeiramente melhor do que Digimon 2, mas não fica muito longe dele no buraco criativo da franquia (a trilha sonora ainda é muito boa aliás, em especial o tema de abertura)...
5 - Digimon Savers - 2006
Como pode-se notar, houve-se um período de 4 anos da quarta para a quinta temporada da franquia, isso porque Frontier não fez lá muito sucesso. Então para a temporada seguinte, resolveram inovar novamente e decidiram dar aos monstros digitais um ar mais battle shounen, e pela primeira (e única vez) na franquia adotaram um character design mais caprichado, com o cast não se resumindo mais a crianças de 10 anos e sim a jovens de 14/18 anos, que trabalham para uma agência do governo que monitora os digimons (tendo até mesmo adultos com parceiros digimons aqui!). Digimon 5 (como eu gosto de chamá-lo) também teve um post único aqui no arco, então não irei entrar em maiores detalhes, mas no geral acabou sendo disparado o segundo melhor arco de toda a série, apenas ficando atrás de Digimon Tamers (por muito pouca coisa), mostrando que sim, a franquia tinha muito potencial caso deixassem a criatividade rolar e ousassem mais (Ah sim, a trilha sonora aqui não é tão variada, mas tem algumas músicas boas, como Believer).
6 - Digimon Xros Wars - 2010
Lembram-se, quando foi dito acima, que Digimon 2 não era o fundo do poço? Pois saibam que a sucessão de desgraças da série tem início a partir daqui. Como pode-se notar pelos 4 anos entre a quinta e a sexta temporada, a pegada mais séria e inusitada do Digimon Savers não foi muito bem aceita economicamente, e por isso, em Xros Wars a coisa voltou a ser protagonizada por crianças. Desta vez o mundo digital estava em guerra e para isso os infantes eram chamados pro lugar, para servirem de generais táticos para o conflito, e todo o resto da dinâmica da série mudou. Primeiro que digimons não evoluem mais, e para que adquiram níveis maiores de poder precisam se fundir com outros e logo no primeiro episódio o digimon vermelho do protagonista vira um robozão enorme, que aniquila tropas inteiras inimigas com um único ataque (mandando a tensão da série pra casa do caralho). Segundo que, apesar de haverem outros humanos e digimons na coisa toda, o protagonista e seu parceiro recebem TODO o destaque de uma maneira absurda (a ponto dos outros personagens servirem apenas de complemento pra eles... Literalmente). Isso sem contar vários outros problemas, como a motivação do cast (que é uma pior do que a outra), os vilões serem apenas um bando de badguys sem cérebro e o fato da temporada ter 79 fucking episódios (sendo que as outras 5 ficavam por volta dos 40/50) e a própria temporada ser dividida em temporadas, com a última parte MUDANDO o protagonista para um zé roela qualquer. Certamente é disparada uma das piores entradas da franquia, e seria a pior, se não fosse por outras duas bombas que vieram a seguir...
7 - Digimon Adventure Tri - 2015
Espera, Digimon Adventure de novo? Sim, após 15 fucking anos decidiram fazer uma continuação para o segundo arco da série, mas desta vez focado nos protagonistas da primeira. Nem é preciso explicar que só fizeram isso para faturar em cima da nostalgia dos fãs, que cresceram vendo Digimon 1 e 2, mesmo que nesse meio tempo Digimon Tamers e Savers tenham surgido, elevando o nível da série a algo bem maior (e Frontier e Xros Wars, mesmo que tenham ficado ruins, ao menos tentaram algo diferente). Como foi dito no começo, a primeira temporada é a mais querida pelo público (tanto que em todos os arcos seguintes têm sempre algum tipo de referência à ela), porém sequer se deram ao trabalho de fazer algo decente e o resultado foi dantesco. Erros de continuidade com Digimon Adventure 2 (seja incongruência com os acontecimentos ou mesmo o salto tecnológico absurdo), retcons em alguns personagens (como o protagonista, Taichi, virando um cara cauteloso, sendo que sempre foi explosivo), uma personagem de óculos mais sem graça que picolé de chuchu, além de um monte de coisas zoadas que fazem desse o pior arco da série até o momento. Afinal, só tem mesmo fanservice nostálgico para se sustentar e isso, narrativamente falando, não tem qualidade alguma.
08 - Digimon Universe: Appli Monsters - 2016
Após o cashgrab de Digimon Tri, decidiram voltar atrás nas temporadas stand alone da franquia, e Appli Monsters saiu nesse embalo. Desta vez adotaram um contexto mais contemporâneo, com a trama se passando por volta de 2040, com os digimons (aqui chamados de appmons) sendo baseados em aplicativos de celular. Os protagonistas (um moleque random, um youtuber teen, uma idol e outro cara edgy) acabam sendo selecionados por algo misterioso para combaterem uma poderosa Inteligência Artificial chamada Leviathan que quer detonar o mundo, o que combina muito bem com a franquia no geral e isso poderia ter gerado algo grande na série, mas... O resultado foi quase tão ruim quanto Xros Wars! A série (tal como a última parte da 6ª temporada) tem uma pegada mais Pokémon, onde os caras têm que capturar os appmons que estão dando problema na rede mundial de computadores (e usá-los como power up para seus parceiros, que ao menos evoluem dessa vez) e, apesar da animação/character design ser bem melhor do que a média da franquia, a temporada tem um uso massivo de CGs (com qualquer digimon minimamente detalhado sendo feito em computação gráfica). Isso sem falar do pior protagonista de toda a franquia (Haru, um moleque frouxo que parece um coadjuvante, dos genéricos ainda por cima), do pacing horrendo, e de outros problemas que transformam essa, que poderia ser a redenção da franquia, em mais uma boa ideia desperdiçada...
09 - Digimon Adventure: - 2020
Espera, Digimon Adventure OUTRA VEZ? Exatamente, como se o cashgrab com o Tri não tivesse sido o suficiente, trataram de fazer um reboot da primeira temporada, trazendo os personagens e seus digimons para um contexto mais moderno e focado no mundo real ao invés do digital. Trazer algo da década de 90 pra conjectura atual normalmente é desastroso, e no caso de Digimon 1 não foi diferente, pois mesmo que os eventos sejam diferentes, os digimons e a forma como eles funcionam continua a mesma, mas tudo teve que ser rushado e acelerado, para que agradasse mais à nova geração, e toda a problemática mostrada nos episódios acaba sendo muito inferior à versão original. Esse arco ainda não acabou (tendo até o momento 66 episódios), ainda sendo cedo dizer se é ou não a pior entrada da franquia, mas certamente que jaz no limbo da mesma juntamente com Digimon Tri, seja por querer faturar em cima da nostalgia do público (apesar do reboot estar desagradando muitos fãs da primeira temporada, ele não deixa de ter esse tipo de appeal) ou por jogar na vala duas das principais características da franquia que a tornavam superior à rival, Pokémon: sua criatividade e o fato de a cada temporada nova focar em um cast diferente.
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Pois é, o post acabou ficando enorme! Mas obrigado para quem acompanhou até aqui e, no fim das contas podemos concluir que a franquia Digimon, desde os seus primórdios, mostrou que sempre foi superior à Pokémon (que até hoje só faz mais sucesso devido ao marketing massivo que fizeram da mesma). Sua temática de mundo digital onde humanos interagem com criaturas feitas de dados tem muito potencial, algo que só foi devidamente polido e aproveitado por duas (Tamers, Savers) de suas (até então) 9 temporadas, com as outras ou tendo uma péssima execução de suas ideias ou sendo só cashgrab barato mesmo.
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E Digimon recebe o selo Raikou do meio termo, com tudo sendo bem mais ou menos! Mais pra menos do que pra mais, porém a franquia ainda tem 3 temporadas que dá para assistir sem querer pular de um penhasco, ahuahauha. Bem, é isso e, até o próximo post!
Acho muito engraçado esse povo reclamando das atitudes da Nintendo mas ainda sim, comprando a ideia. A Nintendo só interpretou de uma forma: Deu certo? Bora fazer mais dinheiro fácil de novo.