The Medium é um jogo de suspense que gira em torno de Marianne, uma jovem que possui a habilidade de coexistir entre os planos do real e sobrenatural. Habilidade essa que ela usa para orientar e guiar as almas do plano sobrenatural em busca do descanso eterno. Atormentada por um sonho recorrente de uma garota sendo perseguida, o qual ela não sabe o significado, o seu passado é igualmente nebuloso e confuso. Tudo é estranho e com muitas dúvidas, principalmente sobre quando e porque ela tem essa habilidade enquanto as outras pessoas não, mas tudo muda depois que ela recebe um telefonema. Uma voz desesperada pedindo ajuda e prometendo responder a todas as suas dúvidas. O que ela tem que fazer é ir ao abandonado resort Niwa.

NARRATIVA
O game é um suspense linear focado na narrativa, onde o principal objetivo é descobrir o passado da protagonista Marianne e o que aconteceu ao resort Niwa. Para isso, The Medium conta com diversas cutscenes ao longo da campanha e possui exploração em busca de coletáveis que ajudam a entender o enredo como bilhetes, cartões postais, ecos espirituais, reconstrução de lembranças fragmentadas, fotografias e desenhos. Ao contrário de muitos games, onde os coletáveis e documentos parecem sem sentido, os contidos em The Medium complementam muito bem e ajudam a entender o contexto em que os eventos aconteceram, seja contando no próprio texto ou pela forma como é escrito. A quem for jogar, recomendo que reserve um tempinho para os ler.
A forma como tudo é apresentado ao jogador é bem clara e agradável, sendo contada pouco a pouco e na medida certa, passando a impressão de que realmente estamos avançando e progredindo na investigação.
Nota para a categoria: 5/5
MECÂNICAS E GAMEPLAY
O jogo é linear e conta com um sistema de câmera fixa na maior parte do tempo, onde ela fica em um ponto da cena e vemos o personagem de longe se deslocando pelo ambiente. Recurso esse que ficou muito famoso com os primeiros Resident Evil, Silent Hill e Dino Crisis. Na minha opinião, essa opção de câmera contribuiu muito para a ideia de suspense proposta ao game. Com ela temos uma visão muito mais ampla do ambiente em abandono e ruínas, o que aumenta a sensação de insegurança e apreensão.
Logo no início precisamos nos reacostumar com essa câmera, pois a cada corte de cena precisamos direcionar o personagem em outra direção para mantê-lo na rota certa, mas essa adaptação é rápida. A movimentação do personagem pelo ambiente é fluida, mas a resposta aos comandos poderia ser um pouco mais ajustada. Em algumas vezes eu queria ir para um lugar e acabava indo para outro.
Em The Medium, como mencionei anteriormente, Marianne coexiste entre os dois mundos e isso tem impacto direto na dinâmica do jogo. Por várias vezes ao longo da campanha nos deparamos em situações onde a tela se divide e a vemos simultaneamente no real e no sobrenatural. Nesses eventos, ao direcionar o analógico para nos movermos, a personagem se move ao mesmo tempo nas duas realidades. Toda a nossa ação no real tem impacto no sobrenatural e vice-versa. Isso é crucial para resolver diversos puzzles ao longo do game para conseguir progredir. Para ajudar na resolução dessas tarefas, ao apertarmos o botão L1, Marianne ativa uma visão em "perspectiva", que a faz enxergar além do que os olhos a permitem ver. Outra habilidade presente no jogo é a de experiência extra corporal, que acontece quando pressionamos o botão círculo e podemos nos mover livremente por um curto período somente no mundo sobrenatural, enquanto o corpo físico fica parado no mundo real.
Os puzzles em The Medium são simples e de fácil aprendizado como juntar pedaços de uma folha e combiná-los para obter a página completa, levar itens de um local ao outro para obter uma chave, reposicionar objetos e outros do tipo. Outro elemento que lembra muito os jogos clássicos já mencionados acima.
Mas e armas, pistolas, espadas? O game não tem nada disso. Só podemos fugir e nos esconder quando necessário. Não temos combate e ação em The Medium, somente uma pincelada básica de stealth. Também contamos com um escudo de energia no mundo sobrenatural, o qual tem uma certa carga limitada e precisa ser recarregado em pontos específicos.
Eu gostei muito das mecânicas de gameplay entregues ao jogador. São simples e funcionais, não o tornando complexo demais. Foi tudo na medida certa. Porém, a precisão da movimentação poderia ser um pouco melhor.
Nota para a categoria: 4/5

ASPECTOS GRÁFICOS
The Medium conta com gráficos que buscam o realismo e digo que conseguiu atingir isso. A ambientação é fantástica, com elementos cuidadosamente posicionados na cena, criando com perfeição vários dos cenários presentes no game como florestas, as áreas do hotel abandonado, ruínas e o mundo sobrenatural. Realmente ficamos desconfortáveis, num bom sentindo, explorando, porque podemos sentir todo o terror que aconteceu no Niwa.
A iluminação também é muito bem trabalhada fazendo um ótimo balanceamento entre luz e sombra, parecendo, muitas vezes, que o que está acontecendo na tela é parte de um filme. A qualidade das texturas também é bem satisfatória, preenchendo a cena com detalhes e ajudando na percepção de realismo.
Em contraponto ao realismo atingido na ambientação, a animação das personagens vão ao oposto. Em alguns momentos parece muito artificial, principalmente em movimentos bruscos. Outra coisa que me incomodou um pouco foi o movimento dos globos oculares quando a personagem fica de frente para a câmera. Os olhos desviam o olhar direto para a câmera de um jeito estranho. Sendo um pouco mais chato com detalhes também, acho que os rostos poderiam ter mais expressões, o que ajudaria a transmitir aflição e medo ao jogador. Acho que esses pontos poderiam ser um pouco mais trabalhados, mas não é nada que comprometa a experiência.
Nota para a categoria: 4/5
DESEMPENHO
Ao contrário de outros games desenvolvidos exclusivamente para a nova geração de consoles, The Medium deixa muito a desejar no quesito desempenho. Ao carregar um save e após morrer, nos é mostrada uma tela de loadings que demora alguns segundos para carregar, enquanto em outros games essas telas são mais rápidas ou inexistentes.
Outro ponto negativo é a consistência da taxa de quadros, que por vezes cai deixando bem perceptível ao jogador os pequenos travamentos na cena. Isso ocorre tanto em cutscenes quanto na própria gameplay em cenas mais intensas. Porém, ainda perceptível, não é uma queda que afete a jogabilidade nos fazendo errar algum comando ou esperar. São quedas breves, mas difíceis de ignorar.
Durante a minha campanha tive alguns problemas com crashes do jogo ao carregar um save e em transições de cutscenes. Esse é um problema grave do game, mas, por sorte, o jogo tem uma lista de pontos de backups de segurança, então se um falhar, basta carregar o anterior. O ideal seria nem precisar usar esse recurso, mas ainda bem que têm.
Terminando com um ponto positivo, a renderização é muito bem feita e não vi nenhum objeto sendo renderizado na minha frente. Todos eles já aparecem com a textura que deveriam ter.
Vale lembrar que joguei no PlayStation 5, então não sei como se comporta em outras plataformas
Nota para a categoria: 3/5
DIVERSÃO
The Medium me divertiu bastante na maior parte do tempo. Eu adoro jogos com bastante exploração, mistério e puzzles, além de um bom enredo, então foi um prato cheio. Gostei muito de ir em cada canto de cada ambiente e interagir com tudo, incluindo ler as placas decorativas. Apesar de ser um jogo fácil e os puzzles simples de se resolver, isso é um ponto positivo, pois não tira o foco da narrativa, nos fazendo manter a atenção no enredo. Isso nos faz não perder tempo para resolver os enigmas, esquecendo o que está acontecendo.
Os momentos em que precisamos nos esconder para escapar das ameaças também não geram dificuldade ao jogador. Bastam algumas poucas tentativas até entender a melhor estratégia para avançar. Acho que os encontros com os bosses poderiam ser um pouco mais difíceis ou serem mais frequentes, para aumentar a tensão no jogador e a percepção de medo de ser pego.
Ainda assim, mesmo com a pouca dificuldade, achei tudo na medida certa de um modo geral e a progressão bem satisfatória. Quanto mais jogamos, mais queremos jogar e descobrir os mistérios que cercam a vida de Marianne e do Niwa.
Nota para a categoria: 4/5

CONCLUSÃO
Fiquei muito satisfeito com The Medium e acho que ele cumpre o que propõe. É um jogo que não promete muito e até nem é muito comentado, mas entrega uma ótima experiência para quem o joga. Ele é muito bonito, agradável e divertido de se jogar, além de uma narrativa envolvente que nos prende e nos deixa querendo saber mais e mais, então não tenho receio de indicar. Acho que todos deveriam dar uma chance a esse game e jogar com calma, prestando atenção nos textos e diálogos, que tenho certeza que vão gostar.
NOTA FINAL: 4/5
kkkkkkkkk