Zerado dia 10/11/20

Olha eu de volta ao mundo de Yo-kai Watch! Na verdade eu não planejava voltar tão cedo, mas a mesma amiga que me convenceu a jogar o original acabou me coagindo a ir jogar o segundo.
Não vou mentir que já estava com um pouco de saudades, mas o que me convenceu mesmo foi a ideia de estarmos jogando a mesma coisa simultaneamente, trocando ideias e afins, fora que eu tinha prometido começar o 2 há algum tempo (e ela já estava no final).
Com a memória muito fresca da primeira aventura, vim olhar no Alvanista quando eu o tinha jogado. Chutei Setembro ou no máximo Agosto. Realidade: ABRIL! Até agora tô de cara com isso! Quando você registra a época que jogou as coisas, você vê como o tempo passa rápido!

Pesquisei na internet sobre a série e descobri que Yo-kai Watch 2 tem várias versões. As duas originais eram para ser como Pokémon Ruby e Sapphire pelo o que eu entendi, contrapartes de uma mesma experiência com poucas diferenças, fazendo com que você tenha que trocar monstrinhos com pessoas da versão diferente da sua, ou que compre ambas, caso seja muito fã (me surpreendo como isso é comum para os fãs de Pokémon). Houve mais tarde uma terceira versão, que eu deduzi que seria meio que a "Emerald" de Yo-kai Watch 2, e é por aí mesmo. Resolvi ir dessa versão acreditando que ela seria mais completa e talvez até mais trabalhada em melhorias.
Já tinha testado uns 3 minutos do jogo meses atrás, e ele acaba sendo mesmo o que eu percebi: um jogo muito parecido com o primeiro. A engine é a mesma, os comandos, Yo-kais e mapas também voltam a aparecer com frequência diretamente do primeiro jogo até certo ponto da aventura.

Eu tinha achado que o primeiro Yo-kai Watch tinha terminado muito bem em relação ao enredo, mas o 2 simplesmente volta e ignora um pouco do drama do final de seu antecessor.
As primeiras horas também são muito familiares para quem já conhecia a série e mostra você fazendo atividades e passando por problemas que já conhecia. Sei que muita coisa acaba agindo como tutorial mesmo, mas a forma abordada é a mesma de antes a ponto de me fazer verificar se era mesmo um novo jogo (apesar de ter sim diferenças e o enredo obviamente continuar a história).
O que eu posso adiantar de início é que jogar ambos os Yo-kai Watch 1 e 2 por muito tempo beira a redundância. Não espere o salto de diferença que você tem entre gerações de Pokémon.
O bacana do primeiro jogo é que ele tem um ar mais simples, exploração da cidade e imersão, enquanto o 2 tem mais ação, mais mapas, coisas para se fazer (você tá sempre indo para um lugar ou outro e batalhando) e é mais completo, inclusive com mais interações multiplayer. Por outro lado o 2 acaba sendo mais superficial na história e cada capítulo é sobre qualquer coisa aleatória e independente por mais da metade do jogo. Fica realmente difícil decidir qual YW jogar, mas se o plano envolver mais pessoas e 3DS próximos, o segundo é uma ideia melhor, mesmo eu tendo curtido mais o primeiro (provavelmente por ainda ser uma ideia original).

Muita gente tem noção que YW é mais um daqueles jogos de colecionar monstros e batalhar, mas esta série chegou a fazer muito sucesso em seu auge, inclusive ficando tão ou mais popular que Pokémon por algum tempo e influenciando muito a época da geração VII (anime e os próprios pokémons),
O lance daqui é que você coleciona yo-kais (espíritos) e a liberdade criativa acaba sendo bem maior do que focar em seres que representam animais. Por um lado isso é legal pela infinidade de possibilidades, por outro as vezes é estranho saber que eles falam, alguns se parecem com pessoas ou usam armas. As vezes eu tinha que me lembrar que são fantasmas e que representam figuras populares do folclore japonês e que você não pode ter muito do pensamento ocidental ao jogar.
Parte da fama da série vem de seu carisma, quase como se continuasse a magia de onde Pokémon deixou para trás há algumas gerações. Há um certo sentimento de nostalgia que é muito legal em explorar aquelas cidadezinhas japonesas, ir para a escola, capturar insetos com a rede, ver o pôr do sol, passar por problemas cotidianos etc. Adoro também como os yo-kais participam do mundo, sendo que cada um meio que causa mudanças nas vidas das pessoas, como tristeza, sono, fome, esquecimento e muito mais, enquanto os pokémons só existem nos jogos e ficam no mato ou ao ado dos treinadores, além de batalharem.

Um dos pontos mais controversos da série voltou com poucas mudanças: as batalhas. Você pode ter até 6 yo-kais no seu time, sendo 3 ativos por vez.
As lutas são feitas automaticamente ao confrontar inimigos e o jogador apenas toma certas decisões na hora que desejar, meio que como um treinador de futebol. Você pode rotacionar os yo-kais em jogo, o que traz um ou mais adjacentes pro campo enquanto tira outros da extremidade oposta da batalha para os curar ou remover maldições enquanto os outros lutam. Você pode usar itens ou acionar ataques especiais também. Yo-kai Watch 2 ainda adiciona, mais tarde, comandos extras na tela, incluindo especiais um pouco mais fortes e outras habilidades de interação com o touchscreen, mas não vi muito motivo para usá-los e até me esquecia que existiam.
Ao conjurar um ataque especial ou remover maldições, o yo-kai fica sem atacar até que você complete minigames na tela de baixo, como fazer círculos rapidamente, bater na tela várias vezes até quebrar a parede, esfregar com a caneta para tirar a fumaça, tocar em todas as esferas que se movem ou desenhar padrões. Tudo isso veio do primeiro jogo, mas um ou outro originais ainda foram adicionados.

A automação das batalhas é mais um elemento bom e ruim do jogo. O bom é que em batalhas fáceis ou repetitivas você pode até largar o portátil e ir responder umas mensagens no celular enquanto o jogo faz todo o trabalho básico. O lado ruim é que muitas batalhas acabam sendo desinteressantes e você acaba ligando cada vez menos para elas. E não dá para mentir: o sistema de batalha é bem diferentão, ao menos visualmente e não me espanta que alguns torçam o nariz.
O resto do jogo envolve fazer muitas quests e aprender bastante sobre esse universo. São muitos yo-kais, muitos itens, habilidades, equipamentos, localidades e mecânicas opcionais, como fusão de yo-kais, de itens e de yo-kais com itens (mas tudo tem fusão específica, não dá pra sair fundindo qualquer coisa).
Com o tempo você acaba tendo que aprender os layouts das cidades, saber onde vendem aqueles itens bons, os melhores percursos para navegar, os melhores pontos de teletransporte, como pega insetos ou achar monstros, fazer sidequests, saber onde fica aquela pessoa que faz tal coisa. É bastante coisa!

Um belo exemplo disso é o seu menu, que inclui vários "aplicativos" desde verificar informações dos yo-kais capturados e os mil itens que você cata por aí, missões secundárias (como sidequests aceitas e outros tipos de missões, como caçar yo-kais baseando-se em pistas) até as interações multiplayer, que infelizmente não pude testar.
O multiplayer adicionou a possibilidade de trocar yo-kais e o modo "Busters" em que você joga com os próprios yo-kais com um gameplay bem diferente (imagino que algo como Pokémon Mystery Dungeon). Esse modo ainda virou um jogo independente no futuro, que espero jogar em breve.
Fui percebendo que eu tinha um monte de coisas e comandos que não estava dando a devida atenção, como itens que só serviam para vender e até a bicicleta, que agiliza bastante sua movimentação pela cidade. Acho que esse jogo acaba demandando um bocadinho da língua também por conta de tantas mecânicas, menus e sub-menus. Eu mesmo que sei inglês acabei boiando em coisas que achei que tivesse entendido ou não prestei atenção mesmo, fora que o próprio jogo não tem muita informação depois que você passa da parte que te ensina e até cheguei a ver umas coisinhas na internet. Felizmente é tudo opcional e você acaba aprendendo mais cedo ou mais tarde.

Yo-kai Watch 2: Psychic Specters foi pela maior parte do tempo bem mais fácil que o primeiro jogo, o que me surpreendeu. Mesmo com capítulos meio longos, eu estava jogando sem me preocupar com nada, nem mesmo com as batalhas e até chefes de verdade quase não apareciam (tipo um a cada três capítulos).
Isso mudou em algumas partes aleatórias e principalmente no final. Os últimos chefes foram bem tensos e demandaram um pouco de yo-kais fortes e estratégia. Me estressei bastante para conseguir passar, principalmente porque o jogo é muito cruel em relação a itens de reviver yo-kais, que nem toda loja vende e são bizarramente caros (comprei uns 4 do básico, que revive com 1/4 da vida, com metade do meu dinheiro bem no final do jogo).
Por outro lado eu havia seguido muito a história e meus yo-kais eram em sua maioria simples e conquistados automaticamente na campanha ou evoluídos um estágio (não manjo tanto deles para conhecer as famílias dos yo-kais, como convencê-los a se juntar a mim ou como evoluí-los). Cheguei a pensar em ir atrás de alguns mais fortes mas no final da aventura, quando eu realmente precisei, o jogo limitou muito a minha movimentação e eu não conseguia adquirir quase nada mais.

Resumindo: Yo-kai Watch 2: Psychic Specters é um jogo legal e mais completo que o primeiro, apesar de deixar a simplicidade de lado e a imersão. Infelizmente, mesmo com suas novidades, ele ainda passa uma grande sensação de estar jogando a mesma coisa. A experiência melhorou um bocado a partir do momento que a história começou a realmente existir, adicionar personagens importantes, viagens temporais, mecânicas, mapas e até o sistema de metrô, que achei bem interessante. No final do dia, fica bem difícil recomendar o melhor entre ele e o 1, mas senti que jogar ambos não é muito interessante.
De bom: mais completo que o jogo original, incluindo muito mais o que fazer além de apenas sidequests simples. Modos multiplayer com a opção de trocar yo-kais ou jogar modos de jogo diferentes. O jogo voltou com o Infinite Hell no post-game para quem muito mais conteúdo e desafio de verdade. Bom uso das funções do 3DS, inclusive 3D e streetpass.
De ruim: esperava mais inovação e uma cara mais nova pra série, como em cada geração de Pokémon e que pudesse diferenciar melhor qual jogo é qual na minha memória. O jogo é meio cruel em relação a itens, principalmente os de cura. YW2 juntou múltiplos mapas e 2 realidades diferentes e se torna uma confusão navegar para o seu objetivo ou achar onde ficava tais lugares.
No geral, valeu a pena a jogatina que durou menos de 20 horas e eu espero muito que o 3 dê um gás para a série. Mas se você quer um jogo tranquilo, imersivo e com exploração, vá no primeiro Yo-kai Watch. Se quer conteúdo e fazer mil e uma coisas e mecânicas, vá no 2. Jogue ambos se você curtir muito a série e quiser mais depois do primeiro. Fico feliz em saber que eles ao menos tentaram deixar a experiência mais densa e completa e que a série tem potencial. Jogo legal!

Eu joguei em inglês, o 2 achei melhor