
Em um mercado dominado por homens, Amora Bettany conquistou seu espaço e tem se tornado uma referência. Ela é uma das fundadoras do estúdio de desenvolvimento de games MiniBoss, um negócio que começou por acaso em parceria com o marido Pedro Medeiros, em 2010, e que hoje é uma dos principais estúdios da cena independente de games.
Amora diz que apesar de viver em um mercado majoritariamente masculino, demorou para perceber e questionar o preconceito que ronda a vida de uma designer da área. Ela admite que no começo da MiniBoss, por exemplo, assinava as propostas de trabalho com o nome do parceiro porque achava que isso daria mais credibilidade ao negócio. Algum tempo depois notou que na hora de criar personagens, ela mesma repetia padrões sexistas. “Alguns jogos que fiz não tiveram uma representatividade feminina muito boa. Era aquele negócio, se tem uma menina ela usa rosa e é peladinha, aí hoje eu olho isso e penso: ‘nossa, que merda!’”, diz.
Foi após uma temporada no Canadá para finalizar o jogo TowerFall que Amora percebeu que poderia inverter a lógica do mercado. Matt Thorson, idealizador do jogo, criou com ela e Pedro um jogo com mulheres protagonistas, e um personagem homem que usa acessórios cor-de-rosa. “Isso abriu minha cabeça. Como não tinha pensado nisso antes? Em qualquer jogo que fazemos hoje, pensamos duas vezes antes no personagem”, diz.
Desde então, Amora se desafia a quebrar padrões e tenta deixar sua mensagem de empoderamento feminino por meio de jogos que mostram personagens femininas complexas, cheia de força, vontade e que só vão apelar para a sexualidade se isso realmente tiver relação com a personalidade da personagem.
Sua expressão é por meio dos games. Prefere se manter longe das polêmicas e debates de feminismo na web. Amiga de Zoe Quinn, ela acompanhou de perto o sofrimento da desenvolvedora de games norte-americana, após ser massacrada na internet quando o seu namorado, Eron Gjoni, escrever um texto em um blog contando como ela o havia traído com um jornalista especializado em games para supostamente conseguir resenhas favoráveis para o seu jogo.
O caso de Zoe deu origem ao episódio chamado GamerGate e ela se tornou alvo de todo tipo de ameaça e difamação na internet, mesmo sem a acusação do ex-namorado ter sido provada. ”Hoje eu foco meus esforços no jogo em si, gosto de pensar que sou uma pessoa por trás da cortina fazendo algo. Posso não estar fazendo discurso, mas se alguém for jogar o meu jogo verá minha mensagem ali”, diz.
Em entrevista ao Start, Amora falou mais sobre o preconceito no mundo dos games, o desafio de cuidar de uma empresa e deu dicas para outras meninas que também queiram se aventurar na área. A entrevista faz parte da seção semanal Feito por Mulheres, que conta a história de meninas que usam a tecnologia para mudar suas vidas, criar projetos inovadores e ganhar dinheiro. A premissa da série é mostrar mulheres que estão assumindo a liderança na web e no mundo da tecnologia para inspirar uma nova geração de empreendedoras.
A íntegra da entrevista está no site:
http://blogs.estadao.com.br/start/feito-por-mulher...
Towerfall é vida!
Tinha visto algum post dele esses dias, se não me engano. Depois de ler essa análise, deu até vontade de jogar hehe