Hoje venho aqui relatar como foram as minhas 4 experiências jogando a série Souls e bom, pra começo de conversa, quero deixar claro que não sou do tipo que aprecia o enredo dos jogos dessa série.
Eu gosto muito dele, mas por motivos mecânicos, eu até gosto do formato e de algumas coisas da lore, e até de explorar, mas juntar os pedaços e apreciar definitivamente não acontece comigo. O motivo? Vai saber.
Demon's Souls:

Um pontapé inicial, uma ideia nova chegando aos padrões nos consoles dos tão mal falados padrões de jogos fáceis da sétima geração. Por ser primeiro jogo da série, visto por muitos como o mais difícil, mas já dizia um amigo meu:
"Quando se entende o jogo, é o mais fácil... O problema é chegar nesse entendimento".
De fato, ele tem toda razão. Demon's Souls consiste num elemento de "fases" das quais depois da primeira é inteiramente opcional escolher por onde deve ir, com isso você ganha acesso à mais quatro e dentre as cinco tem mais 3 partes, exceto pela primeira que tem mais 4.
Uma coisa curiosa é que ele não trabalha muito bem o conceito de "desafio e recompensa". Não preciso spoilar mas com poucas horas de jogo, se ler tudo que vai adquirindo, é fácil ter ferramentas mais que suficientes pra arruinar no mínimo 60% do desafio do jogo. Mas isso depende totalmente da forma que joga e como monta sua build.
Isso inclusive, ajuda a detonar barreiras de desafio artificial do jogo como o fato de não ter nenhum checkpoint de onde se surge até o chefe. Caminhos normalmente bem longos mesmo com todos os atalhos possíveis.
E também é o mais forçado de todos, TODOS os itens tem peso, e tem o lance da tendência do mundo que eu particularmente acho tolo e mais um motivo de forçar a barra. Mas não tira os méritos do jogo de ter a melhor atmosfera da série e uma trilha sonora que é digna de arrepios.
Claro, por ser um primeiro jogo, uma série de coisas foi feita totalmente às cegas, sem saber como seriam recebidos ou se funcionaria pra todos, mas ironicamente ainda assim com todos os defeitos criou uma legião de fãs, que só se espalhou. Ainda que parte disso seja culpa do desinteresse da Sony de manter o contrato com a From Software na exclusividade.
Dark Souls:

O queridinho da galera e que fez a Sony se arrepender amargamente de ter cancelado tal contrato de exclusividade (coisa que ela resolveu depois no PS4 e me fez não jogar Bloodborne). Se existe uma coisa que podemos ver em Dark Souls é esforço.
Tal como Metal Gear Solid (o primeiro, do PS1), Dark Souls teve seu desenvolvimento limitado à uma grana não tão alta, e pra quem não sabe Hidetaka Miyazaki só assumiu de verdade a série Souls aqui (no Demon's ele só "terminou" o jogo), mas suas ideias dessa vez foram aceitas e todas executadas de maneira exemplar. Miyazaki queria um jogo que trabalhasse tudo muito bem, o fator exploração, recompensa e um level design "circular" onde tudo se conecta à sua safehouse (Firelink Shrine) de forma exemplar e belíssima.
Os chefes visualmente são em boa parte muito desafiadores, bem feitos e com algum aspecto interessante e curioso aqui e ali, tornando o jogo bem único em praticamente todos os aspectos. Mas ele é o mais difícil (em termos de posicionamento de inimigos no mapa) de longe, ainda que seja o mais justo. Claro, não esquecendo os famosos golpes que atravessam parede, hitboxes zuadas e etc.
E também é o menos linear de todos, te obrigando a explorar e verificar onde se deve ir e o que deve ser feito. Particularmente gosto mais desse formato que dos demais jogos da série.
Dark Souls II

A tida como ovelha negra da franquia, e que de certa forma não é um total engano dizer isso.
Parte da graça dos jogos Souls é justamente a dificuldade, o desafio e a perseverança, querendo ou não... Não se pode ignorar novos jogadores mas menos ainda os jogadores veteranos, então ao começar pelo II talvez sinta algum aperto mas não é muito difícil voltar pro Demon's ou Dark I e sofrer pra valer de outras formas.
Acontece que Miyazaki se tornou presidente da From Software com o sucesso de Dark Souls, vendendo muito acima do esperado e tendo repercussão que até hoje movimenta fóruns e grupos da internet com métodos de avançar no jogo ou lore. E nisso dois estagiários assumiram o cargo e fizeram o jogo com base em tudo que o primeiro Dark tinha estabelecido.
O que acontece é uma repetição parcial de algumas ideias e chefes pouco expressivos, uma linearidade não vista e um sistema estranho onde as armas normais tinham mais eficiência que muitas armas escondidas ou feitas com almas de chefes. Aparentemente tudo foi resolvido nas DLC's do jogo, mas a versão inicial dele ainda é meio sem graça por isso. Mas pra veteranos, porque pra novatos não tem melhor. Pros veteranos a melhor e ideal versão é a da nova geração com as expansões batizada de Scholar of the First Sin, que embora muitos reclamem é outro jogo.
Só pra constar, Dark II tem seus ótimos elementos, inclusive, o fato de ter a maior campanha de toda a saga Souls, e o maior número de chefes e coisas pra se fazer sem necessidade de DLC's.
Dark Souls III

Eis que o jogo definitivo chegou, aparentemente o último segundo a From Software e que mistura tudo de bom dos jogos anteriores incluindo Bloodborne.
Ele segue boa parte de tudo que o I e II trouxeram, e de quebra amplia tudo isso misturando elementos de cenários gigantes, variedade de inimigos e batalhas contra chefes simplesmente memoráveis.
Ao meu ver, os chefes mais difíceis da franquia e o jogo que mais tive dificuldade de matá-los, ainda que o progresso de mapa tenha sido tranquilo pra mim em vista da experiência com os anteriores. Mas, o combate mudou e ficou muito mais rápido, e isso pra mim (que sempre jogo na esquiva) foi algo que demorei muito a me adaptar.
Além de que, é o jogo que como Metal Gear Solid 4 (sim, outro exemplo de Metal Gear), ele mira no amor do fã pela franquia e acerta em cheio. Trazendo uma pilha de coisas novas e elementos/personagens/cenários do primeiro Dark que tanto amamos e uma coisa ou outra do II pra não falar que não tem nada. Até o Demon's ganhou um easter egg nessa brincadeira. Um bem legal, inclusive.
Provável que o III seja o meu favorito da franquia e tem a melhor OST ao meu ver, ainda que o que me desperte mais interesse seja Bloodborne, que por não ter um PS4, fica impossível pra mim de acessá-lo.
--------------------------------------------------------------------
Minhas experiências foram ate agradáveis, sofri muito no I e III por motivos diferentes e venci o meu medo/trauma do Demon's Souls e me diverti quase que casualmente em Dark Souls II (ainda que em vista de um jogo normal, ele seja muito difícil), e se possível eu recomendo que joguem todos os jogos da série Souls.
O Demon's fica mais a critério de curiosos, já que é exclusivo e não tem nada dele (exceto o clima) que os outros não façam consideravelmente melhor. E pela acessibilidade simples e prática dos outros títulos, torna ele ainda menos indispensável. Mas a série em si é muito boa, principalmente se já cansou de jogos totalmente fáceis e simplificados demais. Porque em Souls como todos nós sabemos, a graça é sofrer com inimigos fortes, ausência de mapas, decorar padrões e buscar a cada morte, uma vitória. E pra cada morte, um gosto cada vez maior e melhor na conquista.

@chimianopao @tefao @salvianosilva
Acho que vocês vão gostar do game, se ainda não jogaram!